Estudo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), publicado na última terça-feira pela revista Nature, pode mudar os rumos do que se sabia sobre um dos conceitos mais importantes da Astronomia, o Limite de Roche. Ao redor do astro Quaoar, candidato a planeta-anão, foi encontrado um anel, considerado "fora dos padrões" que trouxe novos questionamentos sobre a formação de satélites naturais.
O ponto principal da descoberta é que a existência do anel coloca em prova o que era compreendido até agora pela Astronomia como Limite de Roche, um conceito elaborado no século XIX, que define a distância que um objeto pode estar do astro principal no qual ele orbita sem ser despedaçado.
No caso do primo de Plutão, Quaoar, seu anel está a 4.100 km de seu corpo central. Porém, conforme o estabelecido no Limite, estando a essa distância, ele deveria formar uma lua. Mas não é o caso. O estudo comprovou ser um anel, com estruturas circulares que reúnem asteroides, poeira e outras partículas.
— Isso tudo está relacionado com formação, em como a gente espera que os satélites naturais, chamados de luas, sejam formados. Tendo esse caso de um astro que não entra nesses requisitos do Limite de Roche significa que não conhecíamos tão bem essa formação como imaginávamos — pontua Bruno Morgado, pesquisador do Observatório do Valongo, responsável pelo artigo.
A observação foi feita através do método chamado de ocultação estalar, na qual é medida a sombra do corpo celeste, como em um eclipse. O astrônomo pontua que, para a captação do anel, cientistas de quatro partes do mundo colaboraram com imagens.
— Eu faço parte de um grupo colaborativo com pesquisadores do Brasil e de outros países. Nós usamos essas observações de diversos locais para conseguir fazer esses estudos. Nesse trabalho específico contamos com colegas da Namíbia, da Austrália, das Ilhas Na Palm e com um telescópio espacial especializado em planetas de fora do Sistema Solar — conta.