A terapia de cores, utilizada de forma alternativa em pessoas, também tem seus efeitos sobre os peixes. Conforme resultados parciais obtidos pelo biólogo Gilson Luiz Volpato, da Universidade Estadual Paulista, UNESP, um ambiente artificialmente colorido pode otimizar a desova induzida de fêmeas de matrinxã (Brycon cephalus) ou reduzir os índices de canibalismo entre larvas, logo após a eclosão dos ovos, aumentando a produtividade.
O matrinxã é a terceira espécie de peixe mais procurada por pescadores e freqüentadores assíduos de pesqueiros, logo após o dourado e o pintado. Os alevinos (filhotes) de matrinxã costumam ser vendidos a 300 ou 400 reais o milheiro, enquanto os peixes de espécies mais comuns custam apenas 100 reais. "Isso porque o índice médio de sobrevivência das larvas, logo após a eclosão dos ovos, ó de apenas 0,8 a 8%, porque as lavras comem umas às outras", explica Volpato.
A simples utilização de um filtro de cor azul, nas incubadeiras de 200 litros, reduziu o canibalismo pela metade, num experimento realizado no ano passado. Em grupos iguais de 50 mil larvas, da mesma desova, Volpato conseguiu taxas de sobrevivência de 7% (sem o filtro azul) e 14% (com o filtro). "Uma explicação seria o fato do ambiente azul reduzir a agressividade e, portanto, o canibalismo", arrisca o pesquisador. "Outra possibilidade é a das larvas ficarem tão estressadas, que não tem energia para se comerem umas às cmlras". Volpato pretende repetir a pesquisa neste período de reprodução, entre novembro e dezembro, para confirmar os resultados.
Ambientes verdes também serão testados para melhorar a indução à desova. Normalmente as fêmeas recebem uma dose de hormônios, descansam algumas horas num tanque de mil litros, depois recebem uma segunda dose, descansam mais algumas horas e, em seguida, é feita a extrusão das ovas, que são fecundadas externamente pelos espermatozóides do macho. Nos momentos em que as fêmeas descansam, após receber os hormônios, Volpato vai utilizar ambientes verdes, na expectativa de aumentar a produtividade.
A pesquisa da UNESP é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP, e pela empresa Fish-Braz, de Botucatu, SP, que produz equipamentos e comercializa alevinos. O total investido em dois anos de pesquisa é de 9 mil reais.
Maiores informações com Gilson Volpato através do endereço eletrônico volpato@ibb.unesp.br ou do telefone (14) 8206251.
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Agência Estado