Há mais espécies vegetais em um hectare da Floresta Amazônica do que em todos os países da Europa juntos. Esta comparação abriu a palestra do biólogo Christopher Dick no Simpósio Internacional sobre DNA Barcoding do Programa Biota-Fapesp.
Dick é professor do Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionista da Universidade de Michigan, Estados Unidos, e passou cinco anos no Estado do Amazonas durante o seu doutorado.
A comparação do pesquisador teve como propósito mostrar a importância de se utilizar o método de DNA Barcoding no desbravamento de novas fronteiras da taxonomía (classificação biológica) ao ampliar o número de espécies conhecidas.
DNA Barcoding é um método que utiliza um trecho do DNA de cerca de 650 nucleotídeos como marcador para caracterizar espécies. Trata-se de uma sequência extremamente curta em relação à totalidade do genoma, que nos humanos, por exemplo, tem três bilhões de pares de bases.
"Mas trata-se de um trabalho gigantesco. Em comparação a outros biomas, as florestas tropicais têm biodiversidade muito maior. São cerca de 22,5 mil espécies de árvores por hectare contra 61 na tundra canadense e cerca de 300 nas florestas temperadas da América do Norte", disse.
Esse grande volume associado à dificuldade de deslocamento nas florestas tropicais torna o trabalho de coleta de espécies ainda mais difícil. "Para coletar flores, por exemplo, o pesquisador deve atuar na época de floradas, e, mesmo assim, elas podem estar fora de seu alcance", disse Dick. "Graças à técnica, por exemplo, foi possível identificar hábitos alimentares de besouros e outros insetos herbívoros. A análise de material coletado de seus sistemas digestivos revelou as espécies vegetais das quais eles se alimentavam", contou.