Uma das áreas florestais mais importantes para a saúde do planeta, registrou aumento alarmante de queimadas.
De 2022 até o ano de 2023, os incêndios em áreas de florestas maduras da Amazônia cresceram 152%. Os dados são de uma pesquisa publicada no Global Change Biology.
As florestas maduras abrigam uma ampla diversidade de animais e plantas e desempenham um papel fundamental no armazenamento de carbono, na regulação do ciclo hidrológico, na proteção do solo contra a erosão e na provisão de recursos naturais.
Segundo a pesquisa, os focos de incêndio em áreas florestais subiram de 13.477 para 34.012 no período estudado. Mesmo com uma queda de 16% no total de focos no bioma e redução de 22% no desmatamento, os incêndios nas florestas maduras cresceram 152%. O total de focos de calor no primeiro trimestre de 2024 foi o maior dos últimos oito anos, com 7.861 registros, representando mais de 50% das notificações no país, conforme dados do Programa Queimadas , do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) .Estados como Pará e Roraima enfrentam situações críticas, com este último tendo 14 dos 15 municípios em emergência devido ao fogo que está afetando comunidades indígenas.
Desde novembro do ano passado, o Ibama /Prevfogo está trabalhando em parceria com outras instituições para prevenir e combater os incêndios, atualmente concentrados em diferentes regiões de Roraima. São mais de 300 combatentes, além de quatro aeronaves apoiando a força-tarefa.
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O aumento de incêndios em áreas de florestas maduras na Amazônia possui algumas causas. A principal são os eventos prolongados de seca, como os registrados em 2010 e 2015-2016, que deixam a floresta mais vulnerável ao fogo.
Como o desmatamento fragmenta a paisagem, criando mais bordas entre as florestas e as áreas abertas, as florestas maduras ficam mais permeáveis ao fogo. Somando as secas extremas, o uso contínuo do fogo na região e a presença de áreas florestais mais degradadas, por incêndios passados, extração ilegal de madeira e efeito de borda, espera-se uma floresta cada vez mais inflamável.
Luiz Aragão, autor do estudo, para a Agência FAPESP
Atualmente, a área está enfrentando a estiagem do biênio 2023-2024 que piora a situação. As mudanças climáticas, especialmente o fenômeno El Niño, são apontadas como fatores-chave para o aumento do risco de incêndios.
Se o cenário continuar, a consequência será uma grande perda de árvores antigas que resultará em uma redução significativa nos estoques de carbono a longo prazo. Este ano, as queimadas no Brasil atingiram níveis recordes, liberando um excesso de carbono na atmosfera. Além disso, os incêndios comprometem a capacidade da floresta de manter um microclima úmido para conter e reciclar a umidade dentro do ecossistema.