A cientista Marina Hirota, uma das coordenadoras do estudo e professora do departamento de física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), destaca a gravidade da situação: “Encontramos cerca de 50% de possibilidades de uma redução significativa na floresta, o que impacta na quantidade de água e carbono que ela é capaz de manter e reciclar”.
O artigo, que conta com a participação de 24 pesquisadores de todo o mundo, dos quais 14 são brasileiros, enfatiza a necessidade premente de combater o desmatamento, restaurar ecossistemas de forma eficiente e abordar estratégias de mitigação das mudanças climáticas.
Impactos negativos
Segundo Marina, as mudanças climáticas têm um impacto direto na Amazônia, com previsões de redução gradual de chuvas e aumento da intensidade de secas e eventos extremos. Ela ressalta também a importância de considerar as comunidades que dependem da floresta para sua subsistência, destacando que essas mudanças já estão afetando suas condições de vida.
O estudo, iniciado em 2020 a partir de relatórios do Painel Científico da Amazônia, alerta para limites críticos que, se ultrapassados, poderiam levar a um colapso parcial ou total da floresta. Entre esses limites estão o aumento da temperatura global acima de 1,5 ºC, volume de chuvas abaixo de 1,8 mil milímetros, duração da estação seca superior a cinco meses e desmatamento superior a 10% da cobertura original da floresta.
Bernardo Flores, outro coordenador da pesquisa da UFSC, adverte que “estamos nos aproximando de todos os limites. No ritmo atual, todos serão alcançados neste século, e a interação entre eles pode acelerar o colapso”.