A Bug Agentes Biológicos, pequena empresa de biotecnologia formada há dois anos por alunos da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) em Piracicaba, é a líder do mercado nacional de produção de insetos que combatem pragas agrícolas.
Ela cria e vende 15 tipos de insetos para controle natural de pragas como da broca da cana-de-açúcar, responsável pela quebra na produção de açúcar e álcool, e outras que atingem as culturas de tomate, milho e crucíferas (acelga, couve-flor e repolho). A empresa também exporta para a comunidade européia ovos de traça como substrato para agentes biológicos.
Os insetos mais procurados no mercado e produzidos pela Bug são dois tipos de vespas - a Cotesia flavipes, a vespa que parasita a lagarta da broca; e a Trichogramma galloi, uma outra vespa de apenas um quarto de milímetro, utilizada para o controle dos ovos da broca.
A empresa produz 30 milhões de Cotesias adultas por mês, 400 milhões de Trichogramma por mês, além de meio quilo de substrato (ovos de traça) por dia, segundo Danilo Danilo Scacalossi Pedrazzoli, um dos sócios.
A Bug também "fabrica" um substrato para a produção de insetos controladores em larga escala. São ovos de traça esterilizados que são utilizados como hospedeiros. "A tecnologia para isso foi trazida da Esalq, mas era em pequena escala. Nós melhoramos o processo para produção industrial e patenteamos", disse Pedrazzolli.
A perspectiva, segundo ele, é aumentar a produção de substrato para dois quilos até o final do ano. Para isso, dos atuais 30 funcionários deverá saltar para 45. O proprietário não revela o faturamento da Bug.
Na empresa, as salas são climatizadas para imitar e potencializar condições ideais de desenvolvimento dos insetos e também da própria broca da cana. A alimentação deles é especialmente preparada.
Em fases delicadas do processo, o trabalho é feito por mulheres. Em outro laboratório, fechado para visitação por questão de sigilo industrial, são homens que realizam as etapas de produção. O controle da produção é tão grande que a Bug é capaz de calcular a hora exata do nascimento dos insetos.
EXPORTAÇÃO - Tanto cuidado vale a pena. Cada quilo de ovos de traça produzido pela Bug custa US$ 800 (R$ 2.272) e a empresa tem capacidade para produzir meio quilo por dia, mas pretende chegar aos dois quilos até o final do ano.
Cada grama de substrato tem 36 mil ovos, o que significa que podem gerar número semelhante de vespas Trichogramma, que combatem diversas espécies e mariposas.
"Nós não exportamos os insetos, mas o substrato para a multiplicação de insetos no local, porque em cada região existem insetos específicos para a praga", declarou Pedrazzolli.
APOIO - A Bug nasceu com o apoio do Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que investiu R$ 320 mil em equipamentos para o laboratório da empresa.
O investimento da Fapesp é a fundo perdido para a fase de implantação da empresa, o que ajuda a gerar empregos e desenvolver a tecnologia, que antes ficava restrita às universidades.
A idéia de uma "fábrica de insetos" foi fruto do sonho dos engenheiros agrônomos Danilo Scacalossi Pedrazzoli, Diogo Rodrigues Carvalho e do biólogo Heraldo Negri de Oliveira, que investiram no projeto. Pedrazzoli e Carvalho são alunos de mestrado da Esalq.
Notícia
Jornal de Piracicaba