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Universia Brasil

Aluno da UNESP/Araraquara analisa inserção internacional da indústria brasileira

Publicado em 31 agosto 2006

Os impactos das mudanças ocorridas na economia brasileira durante a década de 1990 na indústria nacional são avaliados pelo pesquisador Jefferson Ricardo Galetti, graduando do quinto ano de Ciências Econômicas da Faculdade de Ciências e Letras FCL/UNESP, campus de Araraquara.

Financiada pela agência FAPESP, a pesquisa de Jefferson, como indica o título: "A Inserção Internacional da Indústria Brasileira: Um Estudo a Partir das Mudanças Recentes nos Fluxos de Comércio Externo de Produtos Selecionados dos Setores Aeronáutico e Têxtil", centra-se nos setores têxtil e aeronáutico, com a finalidade de apontar a posição do Brasil nas cadeias produtivas mundiais destes setores.

O objetivo do trabalho consiste em apontar onde o Brasil se encontra dentro das cadeias produtivas destes dois setores, e quais as alterações nesta posição levadas pelas reformas da década de 1990.

De acordo com os resultados obtidos com o levantamento de dados realizado durante a pesquisa, Galetti afirma que no setor têxtil, especificamente, aumentaram as exportações dos produtos de menor processamento (insumos, algodão, fios) e diminuiu a parcela dos bens finais (camisetas, calças, etc) além de ter diminuído o valor médio por quilo exportado (US$/Kg). "Desta forma podemos dizer que o país vem vendendo mais por um preço médio menor", confirma o pesquisador.

Outro fator interessante é a continuidade da dependência externa por produtos têxteis sintéticos e artificiais, cuja demanda interna ainda é suprida através das importações, pois o parque produtivo nacional se concentra em produtos de algodão e seus derivados. A conclusão que se pode tirar deste cenário é que a inserção externa do país neste setor vem piorando ao longo da década de 90 e início dos anos 2000, observa o pesquisador.

Por sua vez, o cenário do setor de aeronáutica é oposto. Levado por incentivos públicos durante décadas, o setor capitaneado pela Embraer, empresa nacional que figura na lista das quatro maiores empresas do mundo no setor, vem aumentando significativamente o valor médio dos produtos exportados.

Durante os anos 1990, a Embraer chegou a optar pela compra de alguns subsistemas em outros paises ficando apenas com a função de agregar valores através da integração destes subsistemas. Esta prática muito utilizada pelas grandes companhias internacionais vem contribuindo para a melhora da inserção do Brasil na cadeia produtiva do setor. Os resultados positivos vêm aparecendo rapidamente, como a conquista pela Embraer da liderança mundial na fabricação de jatos, e a forte contribuição do setor para a consolidação do superávit comercial do país.

Para Galetti, que foi pesquisador do Grupo de Estudos em Economia Industrial, GEEIN, da UNESP/Araraquara por três anos, mais do que a análise fria dos números, o importante destes resultados fica por conta da conclusão de que políticas industriais sérias e bem planejadas ainda podem gerar resultados positivos. O que mostra que a visão de alguns economistas em desprezarem qualquer modalidade de política industrial pode estar equivocada.