Um estudo realizado pelo Nupens (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde) da USP revelou que os alimentos ultraprocessados aumentam em 42% o risco de sintomas depressivos.
A pesquisa analisou 16 mil pessoas, acompanhando seus hábitos alimentares e estado de saúde mental semestralmente.
Os participantes foram divididos em dois grupos: os que consumiam mais alimentos ultraprocessados (38,9% das calorias diárias) e os que consumiam menos (7,3% das calorias). O estudo apontou que os aditivos químicos presentes nesses alimentos podem causar desequilíbrios na absorção de nutrientes, afetando a microbiota intestinal e contribuindo para problemas psiquiátricos.
Estudos anteriores já haviam indicado a relação entre a microbiota intestinal e a depressão. Além disso, o consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil aumentou em média 5,5% nos últimos dez anos, segundo estimativas do Nupens.
O endocrinologista Renato Zilli, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e do Corpo Clínico do Hospital Sírio-Libanês, alerta que os altos níveis de açúcares refinados presentes nesses alimentos podem causar flutuações bruscas nos níveis de glicose no sangue, levando a alterações de humor, irritabilidade e fadiga. Além disso, as gorduras trans e óleos vegetais refinados presentes nos ultraprocessados podem promover inflamação no corpo, fator associado à depressão, devido ao baixo valor nutricional desses alimentos.