Essas pequenas partículas podem representar riscos à saúde humana quando consumidas através desses alimentos
Pesquisas realizadas por uma universidade e um instituto revelaram que tainhas e camarões pescados no litoral de São Paulo estão contaminados por microplásticos. Essas pequenas partículas, com menos de cinco milímetros de diâmetro, podem representar riscos à saúde humana quando consumidas, através desses alimentos.
O biólogo marinho Eric Comin destaca que, por ser bioacumulativo (fica preso no organismo) também para os seres humanos, ao consumir esses alimentos contaminados, o plástico acaba entrando no organismo, nas células, e se acumulando nos rins e no fígado, causando alterações no sistema nervoso central e impactando a produção hormonal.
“Por ingerir esse plástico, esse corpo estranho, que não faz parte da nossa alimentação normal, ele acaba sendo um perigo totalmente químico. Porque os produtos fabricados de plástico contêm elementos químicos, muitos deles tóxicos e alguns até cancerígenos”, finaliza.
Estudo
A Universidade Estadual Paulista (Unesp), no campus de Bauru, divulgou uma pesquisa sobre o acúmulo de microplásticos nos camarões-de-sete-barbas ( Xiphopenaeus kroyeri ) no litoral de São Paulo. Os pesquisadores constataram que entre 80% e 90% dos crustáceos analisados até o momento possuem resíduos plásticos em seu trato gastrointestinal.
A pesquisa tem como objetivo analisar os riscos ecológicos da poluição e os possíveis efeitos na saúde humana, levando em conta a ingestão desses animais pela população. Além disso, está sendo investigado se a contaminação por microplásticos compromete a qualidade nutricional dos camarões, o que pode afetar o consumo humano. A próxima etapa irá avaliar se os microplásticos presentes nos camarões se acumulam em outros tecidos, como a musculatura, que é a parte mais consumida.
Por outro lado, um estudo realizado pelo Instituto Federal do Paraná (IFPR) indicou que sete em cada dez tainhas pescadas na área de preservação ambiental de Cananéia contêm fragmentos plásticos em seu sistema digestivo. Os resultados dessa pesquisa foram publicados na revista ICMBio.
Conforme o artigo, 95% dos resíduos plásticos detectados nos peixes são microfibras de nylon provenientes da pesca local. O organismo humano pode absorver substâncias químicas presentes nos plásticos, que são potencialmente tóxicas, ao consumir peixes contaminados. Algumas dessas substâncias estão associadas ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e a danos no sistema nervoso.
Microplásticos
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) explicou que os microplásticos são pequenas partículas com menos de 5 milímetros de diâmetro. Eles representam 92,4% dos resíduos plásticos no mar e estão presentes em todo o ambiente oceânico, desde a coluna d'água até as praias e até nas profundezas oceânicas.
Esses microplásticos podem gerar graves impactos na vida marinha e, eventualmente, nos seres humanos que consomem produtos do mar. Em resposta a esse problema, os pesquisadores do Laboratório de Biologia de Camarões Marinhos e de Água Doce da Unesp buscam identificar os níveis de contaminação por microplásticos nos camarões-de-sete-barbas capturados no litoral paulista.