Agência FAPESP
Uma alimentação rica em alguns tipos de folhas, vegetais e frutas pode prevenir o câncer de colo uterino. A conclusão é de um estudo feito pela nutricionista Luciana Yuki Tomita com 1.378 mulheres atendidas em dois hospitais públicos da capital paulista. As voluntárias responderam a questionários sobre tipos de alimentos, tamanho das porções e freqüência de consumo no ano anterior ao do estudo. A pesquisa foi apresenta da em tese de doutorado defendida no Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP).
Câncer de Colo Uterino
O câncer de colo uterino é causado por uma lesão conhecida como neoplasia intraepitelial cervical (NIC), que por sua vez é causada pela infecção pelo papilomavírus humano (HPV) do tipo cancerígeno. Por meio do exame de papanicolau é possível identificar a lesão e tratá-la antes que evolua para câncer. Luciana comparou a alimentação de mulheres com NIC e sem nenhuma lesão. A neoplasia tem três estágios de evolução, da lesão mais precoce e mais fácil de ser curada, a NIC1, até a NIC3, última etapa pré-câncer antes de a lesão se transformar na doença. O estudo verificou que mulheres que consumiram mais folhas verde-escuras (como agrião, espinafre e couve), vegetais como pimentão e brócolis, além de frutas de cor laranja ou amarela (entre as quais mamão, manga, laranja e acerola), tiveram menor risco de desenvolver o NIC3.
Causas prováveis
Em busca das causas da menor probabilidade de contrair a doença, a pesquisadora fez uma série de análises estatísticas das porções diárias consumidas pelas entrevistadas com dados de literatura sobre os antioxidantes presentes nos alimentos. "Nossa hipótese é que os carotenóides, antioxidantes que contribuem para a diminuição da proporção de radicais livres no organismo, seriam potenciais responsáveis por esse efeito benéfico dos alimentos. Os radicais livres induzem a má formação de células, entre as quais imunológicas, diminuindo a imunidade da mulher e causando lesões", disse.
O estudo também contou com amostras de sangue de 70% das entrevistadas, com e sem lesão, e observou nas mulheres sadias níveis maiores de licopeno, outro antioxidante encontrado em produtos como o tomate, a melancia e a goiaba.
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