O presidente da República, Luiz Inaìcio Lula da Silva, assinou, na segunda-feira (10), em cerimônia no Palaìcio do Planalto, os termos de posse do novo ministro da Sauìde, Alexandre Padilha, e da nova ministra da Secretaria de Relac'oÞes Institucionais da Presidencia da Repuìblica, Gleisi Hoffmann.
ALEXANDRE PADILHA
Alexandre Padilha deixou o cargo de ministro das Relações Institucionais, que exercia desde 2023, para assumir o Ministério da Saúde, em substituição a Nísia Trindade. Médico infectologista, Padilha já chefiou a pasta da Saúde entre 2011 e 2014, durante a presidência de Dilma Rousseff, quando lançou o programa Mais Médicos. “Esse ministério será cada vez mais o ministério da saúde e não da doença. Ter saúde de qualidade é estar ao lado de todas as políticas que estimulam a nossa população, que incorporem em sua rotina hábitos que promovem a saúde e a vida, para construir um Brasil cada vez mais saudável e feliz. É esta a moldura: ampliar o atendimento e reduzir o tempo de espera para o atendimento especializado, defender a ciência e a vida, promover um Brasil mais saudável e valorizar quem trabalha e defende a saúde, a que minha equipe e eu vamos devotar todos os nossos esforços”, declarou o novo ministro.
Outro ponto defendido pelo ministro é o compromisso de que sua gestão “fará uma barreira sanitária necessária contra qualquer tipo de negacionismo. “Na condição de Ministro da Saúde, como médico, professor universitário, pesquisador e defensor do SUS, terei, sim, um inimigo, diante do qual nunca recuarei: o negacionismo e as ideologias que desprezam a vida”, enfatizou.
O governo Federal já vem trilhando um caminho claro para aumentar a cobertura vacinal no país. A partir de diversas ações, como vacinação nas escolas, estratégias de comunicação regionalizadas e microplanejamentos, por exemplo, “o Brasil teve a recuperação da cobertura vacinal após anos de negacionismo. Ele também saiu da vergonhosa lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas em todo o mundo e recuperou o certificado de país livre do sarampo”, defendeu a ex-ministra Nísia Trindade, durante a cerimônia.
Padilha lembrou quando a vacina contra o HPV foi incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS), em 2013. “Tivemos de enfrentar o que talvez tenha sido o primeiro movimento em redes sociais de Fake News contra uma vacina. Diziam de tudo: que a primeira vacina gerava sexualização precoce, provocava infertilidade e causava convulsões e desmaios”, explicou.
De acordo com o novo ministro, a saúde tem potencial de ser um catalisador de desenvolvimento e inovação no país, com a promoção de avanços tecnológicos e científicos voltados às necessidades da população brasileira e do SUS. “Não há truque mágico. Só se enfrenta um problema de saúde pública à luz da ciência. Isso significa ter profissionais mobilizados e bem orientados tecnicamente, estabelecer a mensagem correta para a mobilização das famílias e das comunidades, unir esforços ao invés de alimentar conflitos políticos entre a União, os estados e os municípios”, ressaltou Padilha.
A importância do Sistema Único de Saúde também foi ponto central do discurso do ministro. Segundo o ministro, o SUS é um pilar fundamental da sociedade brasileira e o compromisso é defendê-lo de ataques e retrocessos. “Negacionistas, vocês têm as mãos sujas com o sangue de todos aqueles que partiram na pandemia. Este governo não permitirá que a perversidade de vocês gere indiferença e desprezo à vida das nossas crianças e famílias brasileiras”, afirmou, referindo-se ao impacto das políticas negacionistas na crise sanitária da Covid-19.
O novo ministro assegurou que sua gestão não medirá esforços para fortalecer as campanhas de vacinação, enfrentar doenças tropicais como a dengue e a malária e buscar novas tecnologias para aprimorar o atendimento no SUS.
O papel do SUS na produção científica e no desenvolvimento tecnológico do Brasil, citando como exemplo a recente produção da vacina 100% nacional contra a dengue pelo Instituto Butantan, também foi destaque. O imunizante é fruto de uma transferência de tecnologia que garante mais autonomia ao país na produção de imunizantes.
O Programa Saúde com Ciência é uma iniciativa interministerial inédita, criada para ajudar na defesa da vacinação, na valorização da ciência e no combate à desinformação. A proposta faz parte da estratégia para recuperar as altas coberturas vacinais do Brasil diante de um cenário de retrocesso. A propagação de conteúdos enganosos é um dos fatores que impacta na adesão da população às campanhas de imunização.
A estratégia é coordenada pelo Ministério da Saúde e pela Secretária de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, com a parceria dos ministérios da Justiça e Segurança Pública, da Ciência e Tecnologia e Inovação, e com a Controladoria-Geral da União (CGU) e Advocacia-Geral da União (AGU), garantindo atuação em diferentes frentes.
A partir do acompanhamento e análise de fontes de dados relevantes de disseminação de conteúdos falsos no ambiente digital, a meta é desenvolver ações para reduzir e mitigar o efeito negativo dessas informações que prejudicam a confiança da população na segurança das vacinas e que impactaram significativamente nas ações promovidas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) nos últimos anos.
GLEISI HOFFMANN
Antes atuante como deputada federal e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann substitui Alexandre Padilha na liderança da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. Ela destacou que o seu papel à frente da pasta será o da articulação política, para apoiar as ações de todo o governo. “Estarei aqui para ajudar, ministro Fernando Haddad [Fazenda], na consolidação das pautas econômicas desse governo, as que você conduz e que estão colocando novamente o Brasil na rota do emprego, do crescimento e da renda. Estarei aqui, ministro Rui Costa, nosso chefe da Casa Civil, para dar apoio e execução aos programas de governo que você coordena e que foram, com a sua competência, rapidamente restabelecidos em dois anos. Juntos, e somente juntos, seremos capazes de reacender a esperança e atender às justas expectativas da população”, disse.
À frente da articulação política do governo federal, a nova chefe da Secretaria de Relac'oÞes Institucionais destacou os compromissos que passa a assumir no cargo, especialmente com o avanço da agenda legislativa. “Nosso trabalho conjunto deve se refletir na consolidação de uma base de apoio estável, já a partir da votação de orçamento de 2025, para avançarmos na agenda legislativa - essencial e urgente este ano para o povo brasileiro”.
Advogada, Gleisi tem MBA em Gestão de Organizações Públicas pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, com especialização em Administração Financeira pela Faculdade de Administração e Economia do Paraná (FAE), em Gestão de Finanças Públicas pela ESAF do Ministério da Fazenda, e em Finanças Públicas e Programação Financeira, pelo Instituto do Fundo Monetário Internacional em Brasília.
Nascida em Curitiba, em 1965, Gleisi iniciou sua militância política no movimento estudantil e foi dirigente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, filiando-se incialmente ao PCdoB e, desde 1989, ao PT. Trabalhou na assessoria do partido na Câmara de Vereadores de Curitiba, na Assembleia Legislativa do Paraná e na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Foi secretária Extraordinária de Reestruturação e Ajuste do Estado de Mato Grosso do Sul e Secretária Municipal de Gestão Pública da Prefeitura de Londrina. Foi a primeira mulher a assumir a Diretoria Financeira de Itaipu Binacional, de 2003 até 2006, quando saiu para disputar o Senado, ficando na segunda colocação com 45% dos votos válidos. Em 2010 foi eleita a primeira mulher senadora pelo Paraná.
No Senado, foi presidente da Comissão de Assuntos Econômicos e líder da bancada do PT. Licenciou-se em 2011 para chefiar a Casa Civil da Presidência da República, a convite da presidenta Dilma Rousseff. Na presidência do PT, Gleisi Hoffmann coordenou a campanha eleitoral do presidente Lula em 2022.
Durante sua fala, Gleisi Hoffmann, que já foi ministra da Casa Civil durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff na Presidência da República, ressaltou o papel da política na manutenção da democracia. “O senhor presidente Lula nos ensinou que é a política que dá sentido e que preside as ações. É o instrumento transformador da realidade que queremos melhorar. A política exige coragem na disputa e grandeza na mediação, sempre necessária no contexto da democracia, para avançarmos e melhorarmos a vida do povo”, afirmou.
RECONSTRUÇÃO
A agora ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade, se despediu da titularidade da pasta, lembrando os desafios que enfrentou para superar o desmonte das políticas da área, herdado da antiga gestão. “A tarefa de reconstrução envolveu avanços na retomada e ampliação de programas de grande impacto social, como o Mais Médicos, que dobrou o número de profissionais. O Farmácia Popular, agora, com 100% da lista de 41 medicamentos e fraldas geriátricas de graça. A Estratégia da Saúde da Família fortalecida. O Samu está com a frota renovada e em breve em todo o país. Saúde mental, saúde indígena e Brasil Sorridente devidamente valorizados”, relatou. “Creio que seja esse o legado que deixo: reconstruir o SUS e a capacidade de gestão do Ministério da Saúde”, enfatizou.
Nísia também lembrou que o país enfrentou, em 2024, a maior epidemia de dengue da história. Para ampliar o combate à essa doença, no fim de fevereiro, ela assinou, ao lado do presidente Lula, a portaria que estabelece parceria entre o governo Federal e o Instituto Butantan para a primeira vacina 100% nacional destinada à proteção contra a dengue.
Sobre a dengue, Padilha explicou que a diretriz do ministério nas ações contra a doença será baseada em profissionais mobilizados e bem orientados, numa mensagem correta para a mobilização das famílias e das comunidades e na união de esforços com os estados e municípios. “O mosquito não é do prefeito, do governador, nem do presidente da República. Ele está dentro das casas das pessoas e em seus locais de trabalho. Somente seremos bem-sucedidos em reduzir os focos do mosquito, a transmissão da doença e os casos graves de óbitos, se trabalharmos juntos”, frisou.
Nos dois primeiros meses de 2025, o Brasil registrou uma redução de 69,25% nos casos prováveis de dengue em comparação com o mesmo período de 2024. A queda nos números demonstra a efetividade das medidas adotadas pelo Ministério da Saúde, em parceria com estados e municípios, mas reforça a necessidade de esforços contínuos para manter a tendência de redução