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A Tribuna (Santos, SP)

Alcoolismo cresce entre jovens (1 notícias)

Publicado em 27 de maio de 2017

Pesquisa realizada pela Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp), com 2.422 jovens entre 21 e 25 anos, revelou quadro preocupante de excesso no consumo de bebidas alcoólicas. O estudo foi desenvolvido na cidade de São Paulo com frequentadores de casas noturnas nessa faixa etária, e mostrou que 30% deles atingem um nível que se enquadra no chamado binge drinking, que designa um consumo de risco que acontece quando são ingeridas cinco doses de bebida alcoólica no período de duas horas no caso de homens, ou quatro doses para mulheres.

Dados do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, também da Unifesp, revelam que tem crescido o número daqueles que bebem na condição binge no Brasil, considerando todas as faixas etárias: eram 45% em 2006, e já atingiu 59% em 2012, com maior prevalência entre os homens (66% em 2012), embora a quantidade de mulheres não seja pequena (49% em 2012).

Trata-se de um claro problema de saúde pública. Beber além da conta oferece riscos efetivos à vida das pessoas, uma vez que, liberadas e insensíveis, se expõem a acidentes de trânsito, abusos sexuais, sexo desprotegido, infarto e podem chegar até o suicídio. O alcoolismo pode provocar doenças crônicas graves, que podem levar à morte em curto período de tempo, além de comprometer a capacidade de trabalho e a normalidade das atividades cotidianas.

O hábito de beber nas baladas está amplamente disseminado entre os jovens. E é grave que o consumo de álcool esteja em ascensão, com a ingestão de bebidas pesadas, como são destilados e energéticos. São necessárias políticas públicas que esclareçam, previnam e evitem o agravamento da situação. Nesse sentido, vale destacar os avanços que aconteceram em relação ao tabagismo: com campanhas eficazes que informam seus malefícios, proibição de propaganda e grande restrição ao hábito de fumar em recintos coletivos, diminuiu de forma sensível a quantidade de fumantes entre a população brasileira.

O combate ao alcoolismo deveria seguir nessa direção. A proibição na venda não resolve (o exemplo da Lei Seca nos Estados Unidos na década de 1920 ilustra bem esse fato), e o mais importante é desenvolver cultura e mentalidade responsável na ingestão de bebidas alcoólicas. Elas não podem ser um objetivo de vida, como acontece hoje, quando muitos saem para beber até cair nas baladas, como afirmação própria nos seus grupos de amigos.

Não é simples, porém, avançar nessa questão. Mas é preciso agir, principalmente quando se observa que adolescentes já bebem regularmente: nessa idade, como destacam os especialistas, os danos ao sistema nervoso central, em formação, são muito mais severos e graves, a exigir providências e ações que sejam eficazes.