Um Ford de quatro cilindros com faixas toscas amarradas na lateral, dirigido por um motorista de capuz, óculos de proteção e guarda-pó, é o carro mais antigo que se tem notícia a rodar com álcool no Brasil. Em agosto de 1925 o Ford percorreu
O consumo foi de 20 litros por 100 km. No mesmo ano, o Ford fez os percursos Rio—São Paulo, Rio—Barra do Piraí e Rio—Petrópolis. O combustível era álcool etílico hidratado 70% (com 30% de água). "Era quase aguardente", diz o químico Abraão Iachan, assessor da diretoria do Instituto Nacional de Tecnologia (INT). A cachaça tem entre 38% e 54% de álcool na sua composição.
As primeiras experiências com esse carro ocorreram na Estação Experimental de Combustíveis e Minérios (EECM), organismo governamental de pesquisa que se transformou no INT, em 1933. A motivação da época não era muito diferente da de hoje.
O então presidente Epitácio Pessoa (1919-1922) já reclamava em 1922 da "colossal importação de gasolina no Brasil", aludia ao "uso do álcool em seu lugar" e previa o "amparo que a solução prestaria à indústria canavieira". O governo seguinte, de Arthur Bernardes (1922-1926), encomendou à EECM um projeto de desenvolvimento de motores a álcool, que pudesse também servir de base para legislação sobre o assunto.
O diretor e um dos criadores da EECM, o engenheiro geógrafo e civil Ernesto Lopes da Fonseca Costa, era um entusiasta do projeto. A coordenação dos trabalhos foi do engenheiro Heraldo de Souza Mattos, dublê de pesquisador e piloto de testes do velho Ford, obtido por empréstimo.
"Essas experiências tiveram por objetivo elucidar, entre outros, os seguintes pontos ainda mal conhecidos naquela época: causas prováveis das corrosões freqüentemente observadas nas diversas peças do motor alimentado com álcool; condições indispensáveis à perfeita carburação dos carburantes alcoólicos; consumo específico e fatores interferentes no rendimento térmico do motor", escreveu Fonseca Costa no prefácio do livro Álcool motor e motores a explosão, de Eduardo Sabino de Oliveira (Instituto do Açúcar e do Álcool, 1942).
Pesquisa Fapesp