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Diário da Manhã (GO)

Água pura e de modo simples (1 notícias)

Publicado em 03 de outubro de 2004

Por Da editoria de Universidade
0 problema da qualidade da água em áreas rurais onde não há sistema de tratamento e distribuição de água tem preocupado estudiosos. Um deles é o professor José Eudides Stipp Paterniani, da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri), da Universidade de Campinas (Unicamp), que adotou novos procedimentos para tentar solucionar a questão. Um exemplo: acondicionar água em uma garrafa plástica pintada de preto, expondo-a ao sol por cerca de quatro horas, pode inativar bactérias, já as sementes de Moringa oleifera, árvore indiana encontrada no Nordeste brasileiro, também se constituem numa importante alternativa para melhorar a qualidade da água de mananciais, muitas vezes inadequada para o consumo. "As alternativas proporcionam água de boa qualidade, que pode ser utilizada pela população de forma segura", garante. Em matéria publicada pela Unicamp, o professor explica que muitos dos mananciais localizados em zonas rurais mantinham níveis aceitáveis de qualidade. "Atualmente essas fontes estão contaminadas com esgotos das cidades. Faltam também análises e monitoramento. O pior é que as populações rurais não sabem disso", conta. Outro agravante é que nesses locais não há sistema de distribuição e não se tem acesso a informações sobre a qualidade da água. O pesquisador sempre aperfeiçoou alternativas para obter sistemas de simples construção, de fácil operação e de baixo custo. Em suas pesquisas, tem adotado a técnica de filtração lenta por oferecer vantagens para as pequenas comunidades, nas quais o tratamento pode ser feito no domicílio. Além disso, as garrafas plásticas de refrigerantes são facilmente encontradas por se tratar de material descartável. O professor defende também a implementação de programas de incentivo e campanhas de conscientização, nessas regiões. Segundo a reportagem, a divulgação de pesquisas voltadas para países de terceiro mundo de um centro de pesquisas na Suíça chamou a atenção de Paterniani. Uma das alternativas, reconhecida e incentivada inclusive pela Organização Mundial da Saúde (OMS), consiste no uso de radiação solar para desinfecção de água. A técnica é denominada Solar Disinfection ou Sodis. Praticamente desconhecido no Brasil, este tipo de tratamento já foi testado com sucesso em outros países. Conseguiu-se a inativação total de coliformes e de outros microorganismos, além da redução da mortalidade infantil e de ocorrências de doenças diarréicas em crianças. Pelo método, explica o professor, a combinação do calor e da radiação ultravioleta do sol que incide na água colocada em garrafas plásticas pintadas de preto em uma das extremidades inativa até 99% de bactérias. O pesquisador destaca, porém, que o sistema deve ser usado em locais onde a incidência de sol seja grande o suficiente para que a água alcance mais de 50 °C de temperatura dentro das garrafas por, pelo menos, uma hora.