Notícia

No Olhar Digital

Água oxigenada é base de nova tecnologia da USP para purificar água (7 notícias)

Publicado em 23 de maio de 2025

Sistema da USP usa água oxigenada gerada no local para tratar água com mais segurança, menos impacto ambiental e custo reduzido

Uma equipe de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu uma tecnologia inovadora para o tratamento de água , oferecendo uma alternativa mais segura, ecológica e econômica em comparação aos métodos convencionais baseados em cloro. O projeto foi conduzido no Instituto de Química de São Carlos (IQSC) e propõe o uso de peróxido de hidrogênio , conhecido popularmente como água oxigenada, gerado e monitorado em tempo real no próprio sistema.

A pesquisa, publicada na revista científica , visa solucionar os riscos associados ao uso do cloro, como a formação de subprodutos tóxicos e a complexidade logística de transporte e armazenamento. Com a nova abordagem, o peróxido é produzido in situ , ou seja, no local de aplicação, o que aumenta a segurança operacional e reduz custos.

A tecnologia foi testada com sucesso em diferentes cenários, incluindo amostras contaminadas com pesticida tebuthiuron e efluentes industriais com alta carga orgânica. Em todos os casos, os resultados indicaram redução da toxicidade e remoção dos contaminantes , validando a eficiência da abordagem.

Como funciona o novo sistema de tratamento de água da USP

O funcionamento da tecnologia se baseia em um reator eletroquímico acoplado a um sistema de análise em fluxo.

O reator converte oxigênio pressurizado em peróxido de hidrogênio por meio de corrente elétrica, diretamente no ponto de entrada da água a ser tratada.

“Você consegue ‘ligar' para começar a produzir e, se quiser que pare, desliga da tomada e ‘fecha' a entrada de oxigênio”, explica o professor Marcos Lanza , responsável pelo GPEA (Grupo de Processos Eletroquímicos e Ambientais).

Após a produção, o sistema conta com um sensor impresso, conhecido como screen-printed electrode , para monitorar em tempo real a quantidade de peróxido liberado.

“É um sensor descartável e mais barato, que identifica e quantifica moléculas eletroativas”, destaca o pós-doutorando Anderson Santos , também autor do estudo.

O projeto foi financiado pela FAPESP e desenvolvido no âmbito do GPEA, liderado por Lanza.

Sustentabilidade tripla: ambiental, operacional e econômica

Diferentemente do cloro, a água oxigenada não forma subprodutos perigosos, sendo uma alternativa mais ecológica para a desinfecção da água. Além disso, por ser gerado sob demanda, o processo elimina riscos associados à manipulação de substâncias químicas concentradas.

A viabilidade econômica é outro ponto forte. O sistema evita gastos com transporte e armazenamento de reagentes e permite o uso de sensores baratos, inclusive com possibilidade de fabricação em papel. “Esse tipo de design reduz ainda mais o custo do processo”, aponta o professor Willyam Barros , da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), colaborador do projeto.

Mesmo desenvolvido em pequena escala, o sistema tem potencial para aplicações diversas, desde estações industriais até propriedades rurais e comunidades afastadas. “O objetivo é descentralizar o tratamento de água , levando a tecnologia para locais que não têm acesso a estruturas avançadas”, afirma o doutorando Robson Souto , coautor do estudo.

A proposta pode beneficiar especialmente regiões com infraestrutura limitada. “Criamos um sistema híbrido, eficiente e aplicável em diferentes contextos, contribuindo tanto para a segurança quanto para a reutilização da água”, complementa Barros.