De 10 a 13 de março, a Unesp e o consulado britânico realizaram um workshop sobre o uso da água na agricultura e suas implicações sociais, ecológicas, políticas e econômicas. A plateia, formada por cientistas do Brasil e do Reino Unido, estabeleceu uma estratégia de cooperação em pesquisa nos dois países. A atual crise hídrica no Estado de São Paulo foi um dos destaques do evento.
O encontro foi custeado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e pelo britânico Newton Found. José Gilberto de Souza, da Unesp em Rio Claro, e Antônio Ioris, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, coordenaram a iniciativa.
A pró-reitora de Pesquisa da Unesp, Maria José Soares Mendes Giannini, reforçou que o tema é fundamental para o Estado de São Paulo e que a Universidade tem dado prioridade à internacionalização. “Cerca de 75% da produção científica atual da Unesp registrada na base de dados Scimago foi feita em cooperação com instituições do exterior”, disse.
Ioris enfatizou a necessidade de investigar as crises hídricas para além de fatores climáticos e meteorológicos. “Os estudos mais atuais sobre falta de água no mundo têm reforçado que as principais razões para a escassez estão ligadas a circunstâncias políticas, sociais e econômicas”, disse.
CRISE NO SUDESTE
Sérgio Rezera, diretor da Agência Reguladora das Bacias do PCJ, referente aos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, explicou que as bacias abastecem 5,9 milhões de habitantes da região e mais 5 milhões, aproximadamente, na Região Metropolitana de São Paulo, por meio do Sistema Cantareira.
Segundo Rezera, são estimados mais de 17 mil usuários rurais no PCJ, sendo que apenas 150 estavam legais até 2013. De acordo com ele, a estiagem levou alguns produtores a formalizar sua captação de água. “Também por conta da crise criamos o programa Pacto pela Água, que intensificou a fiscalização e deu incentivos aos produtores para que buscassem a outorga”, explicou.
O EXEMPLO DA CALIFÓRNIA
A crise hídrica da Califórnia, nos EUA, foi o assunto do professor Clifford Andrew Welch, da Unifesp, câmpus de Guarulhos. Ele descreve a organização National Land for People, que teve destaque nos anos 70 e 80 por sua luta pela reforma agrária naquele estado. O principal fator de mobilização, segundo o pesquisador, era o monopólio do uso da água pelos grandes produtores rurais.
“Hoje, o Vale Central é uma região desolada, totalmente devastada pelo uso exaustivo dos recursos hídricos no agronegócio”, diz, referindo-se à região formada pelo encontro dos vales dos Rios Sacramento e San Joaquin.
O evento incluiu ainda palestras de Dominic Moran, do Scotland’s Rural College (SRUC); de Bernardo Mançano Fernandes, da Unesp em Presidente Prudente; e de Ariovaldo Umbelino Oliveira, da USP.
As palestras estão disponíveis em: <http://migre.me/pes4m>.