Entre os dias 10 e 13 de agosto, ocorreu em Atibaia e São Paulo mais um workshop do programa de pesquisa em bioenergia da Fapesp, o Bioen, desta vez sobre o tema tecnologias em biocombustíveis e suas implicações para o uso da terra e da água. Participaram da reunião pesquisadores do Brasil, da Argentina e dos Estados Unidos, em um esforço da Fundação para que as redes de pesquisa paulistas façam parcerias com grupos fora do País.
Em Atibaia, os pesquisadores apresentaram o estado da arte e as áreas de interesse dos três países nas pesquisas em biocombustíveis relacionadas ao uso de água e da terra. Na reunião final, realizada na sede da Fapesp, na capital paulista, os 70 presentes fizeram uma rápida consolidação dos resultados dos dois dias anteriores. Ernesto Quiles, diretor de agroenergia da Secretaria de Agricultura do Ministério da Produção da Argentina, afirmou que três pontos são de maior interesse para seu país: a evolução do cultivo de matérias-primas para energia em áreas novas; cooperação para criação de ferramentas que forneçam análises sobre a sustentabilidade da produção de biocombustível; análises técnicas, econômicas e ambientais na produção da nova geração de biocombustíveis.
O representante dos Estados Unidos, Robert Anex, da Universidade Estadual de Iowa, não levantou uma pauta de pesquisa cooperativa de interesse, mas destacou que o central, hoje, é desenvolver um trabalho de cooperação em ciência que ofereça um modelo-padrão aceito por todos para análise de impactos dos biocombustíveis no uso da terra e da água. Nos EUA, há grande interesse pela análise dos impactos indiretos, aqueles derivados da substituição de culturas alimentares e pastagens por cana para produção de etanol. Há, ainda, uma discussão sobre modelos que meçam o uso indireto da água. Esse uso indireto se refere a um impacto ambiental e também econômico, pois um país pode deixar de usar a água para um determinado fim ou pode "superexplorar" o recurso hídrico para fabricar um produto de exportação. Ou seja, a demanda de um outro país afetaria a disponibilidade de água no país exportador o que é similar ao movimento de ocupação das terras agrícolas, que segue a demanda do mercado internacional.
A expansão da cana-de-açúcar no centro-sul do Brasil está diretamente relacionada com o potencial crescimento do mercado de etanol no mundo por causa da preocupação com o aquecimento da temperatura do planeta. Segundo o pesquisador norte-americano explicou a Inovação, a criação de um método para medir esse impacto é, hoje, uma preocupação ainda restrita ao meio científico. Ele disse desconhecer iniciativas de regulamentação ou certificação de países que considerem o uso indireto da água na análise da sustentabilidade ambiental dos biocombustíveis, mas não descarta que, um dia, algum país possa fazê-lo.
Fonte: Unicamp - Inovação