Notícia

Liberdades

Agrotóxicos encurtam vida e mudam comportamento das abelhas (232 notícias)

Publicado em 28 de abril de 2019

A Folha Regional (Muzambinho, MG) online Forte na Notícia Revista Amazônia Portal Neo Mondo Jornal Joseense News A.B.E.L.H.A. Jornal da USP online Planeta online EcoDebate Projeto Colabora EExpoNews Rural Pecuária Universo Racionalista Antes que a Natureza Morra Maxpress Net Empresas & Negócios Agrolink Foco Rural Massa News Ururau O Melhor da Notícia Caderno B Portal Macaúba O Jornal (Cassilândia, MS) online Sucesso no Campo Suino.com Cidades na Net Folha do Mate Correio Capixaba online O Fluminense online DeFato Online Michel Teixeira Agência BR Jornal Tijucas Jornal Integração Cinform Central Cultura de Comunicação Conceição PB Online Bem Paraná online De Tudo - Alto Tietê - Avine Rádio Educadora de Sapeaçu Jornal do Brasil online Notisul Poliarquia Portal Lacerdense Portal Tucumã Folha Iconha Regional MT online Gazeta Minas a informação direta Rádio Nova FM Midia News TV Jornal LiberaPensado.com Jornal Dia Dia Aconteceu no Vale Às Claras Visão Cidade The World News (Ucrânia/Brasil) A Crítica (MS) online Mix Vale Atmosfera online O Melhor da Notícia Técnico de Agronegócio Brasil em Folhas online Jornal Brasil em Folhas Portal Mariliense BHAZ Blog do Zé Carlos Borges Correio Capixaba online Ururau Destak Jornal online ClickPB Mais Goiás Bolsão MS Blog do Miro Portal F11 Tucano FM Expresso MT Folha Vitória online Jornal Informal Mega Cidade Felipe Vieira Rádio Jornal Jornal do Iguassu online Correio do Brasil online Jornal Floripa BMNotícia Cenário MT O comuniqueiro Urgente News Portal Agora no RS Brasil Noticia Rádio Studio 87.7 FM Voce Gosta da Resenha! Ultradicas Gazeta de S. Paulo online Diário do Litoral (Santos, SP) online DestakNews Brasil Portal Prudentino Aqui Acontece DHoje Interior online Rádio 95.7 FM Nossa Rádio Huffpost Brasil Folha São Carlos e Região Gata Amarrada Gazeta Central Gonzaga Patriota Correio de Notícias (PR) Compre Rural Rede Clipex Repórter News Rondônia em Pauta Repórter Maceió Tribuna de Petrópolis online Diário da Amazônia online A Gazeta Web Acústica FM Rádio Barão FM Perfil News Portal do Generoso Jornal Comunidade Isto é Notícia FolhaPA O Nortão online Novoeste Click Sergipe Meio Norte online (Piauí) O Rondoniense FolhaMT Rádio Petrolina FM 98,3 Contexto Exato Acre ao Vivo Massa News Portal Mato Grosso Mundo Lusíada Jornal Primeira Hora online Jornal Preliminar Blog WN Difusora 890 Litoralmania AGROemDIA Blog do Ivonaldo Filho Beto Ribeiro Repórter Jornal Joseense News O Serrano online Manhuaçu News Maurício Araya Jornalismo 24 Horas Fala aí, PET Farmácia! MS em Dia Intervalo da Notícia Ecoamazônia Mundo Positivo Portal do Agronegócio Portal GRNews Por Trás da Mídia Mundial O Jornal da Região (Andradina,SP) online Semana On Informa Paraíba Rádio Comunitária Liberdade FM 104.9 Jornal Folha da Terra (Itupeva, SP) online Xapuri Socioambiental online Ecoa Projeto Colabora Biodiversidad en América Latina y El Caribe (Argentina) Jornal da Cidade (Bauru, SP) online Jornal da Cidade - Bauru Mais Região The World News (Ucrânia/Brasil) KLFF online Jornal Correio (Salvador, BA) online Central das Notícias Au Online Sananduva 97.7 FM Rádio Chopinzinho FM Goias.me MSN International Edition Max Notícias Folha MG Renato Cesar Pereira Folha GO Diário RS FNE - Federação Nacional dos Engenheiros TV Assembleia - Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi) Portal Cocal Companhia da Notícia Bocão Notícias Noticias AgroPecuarias (Argentina) Bem Blogado Gazeta Mineira Meu Sul Folha Paranaense Tocantins Agora Tocantins Agora PORTAL NOTISERRASC – Serra Catarinense e SC Momento Agrícola Clic Regional Blog do Evangelista Portal Atual Guia de Organicos Grupo de Comunicação Evidence
Por Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil

Nova pesquisa sobre efeito dos agrotóxicos em abelhas mostrou que um tipo de inseticida, mesmo quando usado em doses não letais, encurtou o tempo de vida dos insetos em até 50%. Os pesquisadores observaram ainda que uma substância fungicida considerada inofensiva para abelhas mudou o comportamento das operárias, deixando-as letárgicas, o que pode comprometer o funcionamento de toda a colônia.

O estudo, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo (Fapesp), investiga o fato, já conhecido, de que diversas espécies de abelhas estão desaparecendo no mundo todo. No Brasil, o fenômeno tem sido observado pelo menos desde 2005 e está diretamente ligado ao uso de agrotóxicos, diz o professor Osmar Malaspina, pesquisador do Centro de Estudos de Insetos Sociais do Instituto de Biociências da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp).

Segundo Malaspina, que participou da pesquisa, na maior parte dos casos, as colmeias desaparecem de 24 a 48 horas, o que é um indicativo de contaminação por inseticida. “Não existe nenhuma doença capaz de matar uma colmeia inteira em 24 horas. Só inseticidas podem provocar isso”, afirmou.

“Fizemos um levantamento no estado de São Paulo nos últimos três anos, mandamos fazer análises dos produtos e das abelhas mortas para ver se tinha resíduo desses produtos e comprovamos que, nesses casos de mortalidade em massa, a grande maioria foi provocada por inseticidas”, informou o professor.

Os ingredientes ativos investigados na nova pesquisa foram a clotianidina, inseticida usado para controle de pragas nas culturas de algodão, feijão, milho e soja, e o fungicida piraclostrobina, aplicado nas folhas da maioria das culturas de grãos, frutas, legumes e vegetais.

Os testes de toxicidade de agrotóxicos foram realizados em concentrações realistas, como as encontradas residualmente no pólen das flores. Os pesquisadores disseram que os agrotóxicos em grandes concentrações dizimariam colmeias quase imediatamente, mas ressaltaram que o objetivo do estudo é descobrir a ação residual dos agrotóxicos sobre as abelhas, mesmo em concentrações muito baixas e teoricamente não letais.

Resultados

No caso das larvas de abelhas alimentadas com dieta contaminada pelo inseticida clotianidina em baixíssima concentração, os insetos apresentaram tempo de vida drasticamente menor, de até 50%. Já entre as larvas alimentadas com a dieta contaminada pelo fungicida piraclostrobina, quando adultas, as operárias sofreram mudança em seu comportamento, tornando-se mais lentas.

“Se você colocou uma dose baixa desse fungicida e ele teoricamente é inofensivo, a abelha vai ingerir aquela dose, mas não vai morrer, como morreria se fosse o inseticida. Mas isso não significa que não esteja prejudicando a colônia, isso já é suficiente para mudar o comportamento dela”, disse o pesquisador.

As operárias jovens fazem inspeções diárias na colmeia, o que faz com que percorram certa distância e se movimentem bastante dentro da colônia. Nos testes, verificou-se que, no caso das abelhas contaminadas tanto pelo fungicida sozinho ou associado ao inseticida, a distância percorrida e a velocidade foram muito menores.

“Então a abelha, por exemplo, se perde no campo, não acha mais o caminho da colônia, e a velocidade que ela voa e a distância são muito menores. Ela não vai coletar alimento direito, vai se perder e, após um período, a colônia acaba sofrendo um colapso e morrendo. Eles [fungicidas] foram feitos para matar fungos, mas acabam matando as abelhas também”, lamentou Malaspina.

Os efeitos do fungicida pode ser, segundo os pesquisadores, um dos fatores que contribuem para a extinção em massa de abelhas.

Impactos econômicos

No Rio Grande do Sul, entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, foi registrada a perda de cerca de 5 mil colmeias, o que equivale a 400 milhões de abelhas. Há um impacto econômico previsto, porque, além de afetar a produção de mel, grande parte da agricultura depende do trabalho de polinização realizado pelas abelhas. A dificuldade na polinização de diversas culturas traz perdas não só para a produção de alimentos e commodities, mas para a biodiversidade.

O professor ressalta que algumas culturas que são afetadas de forma drástica pela falta de polinização das abelhas. “Tem culturas que são extremamente dependentes das abelhas, como o melão e a maçã. Se você não tem abelha, não tem melão, nem maçã. Outras culturas, como a laranja, são parcialmente dependentes. Se tiver abelha, aumenta a produção de laranja em até 40%, são valores extraordinários.”

“Na cultura de soja, você aumenta até 10% [a produção]. Imagina o tamanho desse país, a quantidade de soja que é produzida no Brasil. Você aumenta a produção em até 10% sem desmatar um hectare de terra, simplesmente com uso dos serviços ambientas prestados pelas abelhas”, estimou Malaspina.

Ele destaca que, no Brasil, as monoculturas de soja, milho e cana dependem do uso intensivo de inseticidas. A contaminação das colônias de abelhas ocorre quando, por exemplo, os agricultores não respeitam uma margem de segurança mínima – são recomendados 250 metros – na aplicação de defensivos agrícolas entre as lavouras e as áreas florestais que as margeiam. explica. “Tem gente que aplica produtos químicos até o limite da floresta.”

Apicultura ameaçada

Há dois anos, o apicultor Aldo Machado dos Santos, chegou a perder 500 colmeias, de um total de 3 mil, por uso indevido de inseticidas em uma plantação de soja vizinha. Segundo o produtor, o inseticida que deveria ser usado apenas nas sementes, acabou contaminando as flores no campo e, consequentemente, contaminaram as abelhas. “Na época, eu recebi um laudo que mostrava um prejuízo de R$ 810 por colmeia. Foi uma perda total de mais de R$ 400 mil.”

Filho de pequeno produtor de fumo, Aldo foi para a região do Pampa no Rio Grande do Sul para investir na apicultura. “Quando eu vi a quantidade de veneno que tinha no fumo e que estavam desaparecendo as abelhas na região, não encontrava mais um fio de mel puro naquela época, eu comecei a criar abelha.”

“Saí da região onde eu estava trabalhando, porque lá tinha muito veneno, e vim para uma região considerada pobre, mas muito rica em pasto apícola [flora visitada pelas abelhas]. Até hoje consigo sobreviver tranquilo da apicultura”, disse Aldo, que tem uma produção 150 toneladas de mel por ano.

Apesar da fuga da produção de fumo, a monocultura da soja chegou bem perto do apicultor. “Hoje a soja se tornou aqui uma monocultura, é muito forte, é a principal atividade econômica da região. Em segundo lugar, vem o arroz. A soja vem com uma carga de veneno muito grande porque ela tem muitas pragas que atacam a soja. E essas pragas a maioria são insetos. E, contra insetos, tem que usar inseticida. Abelha é inseto, então já não combina”, disse.