Os últimos dois anos foram difíceis para a economia brasileira e a maioria dos setores sentiu o impacto da recessão. Apesar da conjuntura negativa, o agronegócio mostrou a sua força e vem puxando a retomada do crescimento do País. O Estado de São Paulo tem papel fundamental no setor. A produção paulista responde por 19% do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio nacional. O PIB do setor em São Paulo atingiu R$ 276,7 bilhões no ano passado. O quarto capítulo do Fórum RAC, realizado nesta sexta-feira (29), na Casa de Campo do Royal Palm Plaza, teve como tema “Necessidades e oportunidades de investimentos no agronegócio: da pesquisa ao consumo”. Especialistas e autoridades apontaram que o setor é uma das molas propulsoras da economia nacional e que Campinas tem um peso importante no desenvolvimento de tecnologias que impulsionam a agricultura brasileira.
O fórum reuniu autoridades, pesquisadores, especialistas, empresários e produtores rurais que discutiram os rumos do agronegócio paulista e também os gargalos que necessitam da atenção da sociedade. Como um dos setores vitais para o desenvolvimento do País, a agricultura gera milhões de postos de trabalho, tem um grande peso na geração de riquezas do País, está no topo da balança comercial e cria novas tecnologias que são referências para o mundo. Entretanto, o Brasil ainda precisa resolver questões como a logística para escoamento da produção e linhas de crédito rural.
O diretor-presidente do Grupo RAC, Sylvino de Godoy Neto, afirmou na abertura do evento que o agronegócio representa, atualmente, 23% do PIB nacional. “Mais de 40% do total das exportações do Brasil são de produtos agrícolas”, ressaltou. Ele contou que em 1995 decidiu investir na área de agricultura e que conhece as dificuldades vividas por quem aposta no setor. “Com a participação e o incentivo de minha esposa e de meus filhos, me tornei agricultor, embora tenha percebido logo os enormes desafios que teria pela frente e que todos vocês conhecem bem: a falta de financiamento aos pequenos e médios agricultores, a ausência de políticas de incentivos por parte do governo federal e o difícil acesso às pesquisas e tecnologias”, disse.
Godoy Neto ressaltou que o fórum trouxe um debate que tem como objetivo fortalecer o setor e buscar soluções para que o agronegócio se fortaleça. “O fórum está reunindo importantes nomes do setor. O debate é importante para o fortalecimento do agronegócio”, disse. O diretor-presidente do Grupo RAC celebrou que o esforço da empresa em fomentar a discussão para o desenvolvimento econômico e social do Interior paulista e também os 90 anos do Correio Popular tenham sido reconhecidos pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais) Agronegócios 2017, cujo prêmio foi entregue ontem. “O prêmio nos deixa muito felizes e é o reconhecimento do trabalho sério realizado pelo Correio Popular ao longo de 90 anos”, frisou.
Força
O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, afirmou que a região de Campinas concentra um grande número de institutos de pesquisa que são responsáveis pelo desenvolvimento de tecnologias que promovem o crescimento do setor no País. “Campinas é um centro de conhecimento com instituições como o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) e o Instituto Biológico”, apontou ele.
Jardim disse que os fóruns promovidos pelo Grupo RAC são relevantes para discutir temas que impactam a sociedade. “O agronegócio é hoje o setor que mais gera empregos no País e também que sustenta o PIB. São Paulo tem um grande peso na agricultura do País. A produção do Estado representa 19% do PIB agrícola do Brasil. O PIB do agronegócio paulista chegou a R$ 267,7 bilhões em 2016”, detalhou o secretário estadual.
O presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Cauê Macris (PSDB), afirmou que é importante debater medidas que possam alavancar o setor agrícola. “Campinas é o terceiro maior município do Estado de São Paulo. A região é forte tanto na produção para o mercado interno quanto nas exportações. A agricultura antes era focada na subsistência. Atualmente, o agronegócio é fundamental para a economia brasileira”, disse.
Embora assinale a relevância do setor e sua força, Macris observou que ainda existem gargalos que precisam ser resolvidos. “Um dos grandes desafios é a logística. O agricultor tem uma grande dificuldade para escoar a produção no País. Dados mostram que 61% da matriz de transporte da produção brasileira são por meio rodoviário. Apenas 12% das estradas brasileiras são asfaltadas. Temos que fomentar o uso das hidrovias e das ferrovias”, afirmou o deputado estadual.
Ele disse que uma outra preocupação é elevar a produção de alimentos. "O mundo precisa aumentar em 80% a produção de alimentos até 2050 para atender a demanda no planeta. O poder público tem papel fundamental na elaboração e execução de políticas públicas para auxiliar o agricultor nessa tarefa. O dado traz oportunidades que precisam ser aproveitadas pelo País”, disse o parlamentar.
O prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), comentou que o governo municipal empreende vários esforços para fortalecer a agricultura no Município. Ele salientou que o agronegócio mostrou sua força nesse período de recessão econômica ao manter o crescimento e ser fundamental para a retomada do País. “Nos inspiramos em um modelo criado na França e criamos o agropolo de Campinas. A ação envolve institutos de pesquisa, governo, empresas e a sociedade civil para impulsionar o agronegócio na cidade. Já conseguimos financiamento da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Queremos fortalecer a bioeconomia”, comentou.
Ele salientou que os institutos de pesquisa reforçam a importância de Campinas e região no desenvolvimento de tecnologia para o crescimento da agricultura do País. “Campinas é uma região que abriga importantes institutos de pesquisa. O fato nos transforma em um polo de conhecimento e de criação de novas tecnologias”, afirmou o prefeito de Campinas.
Da Agência Anhanguera