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Agricultura urbana pode ajudar a evitar aumento da crise climática, diz estudo (138 notícias)

Publicado em 02 de janeiro de 2024

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Ocupar o espaço urbano com hortas e pomares a fim de aumentar a cobertura vegetal das cidades com potencial produção de alimento saudável tem se tornado uma forte alternativa em metrópoles mundiais como uma resposta à crise climática. Em São Paulo não podia ser diferente, segundo uma pesquisa brasileira realizada em 2020, mas divulgada nesta terça-feira (2/01) pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

O estudo analisou como São Paulo e Melbourne, na Austrália, estão trabalhando para superar os desafios relacionados à implementação de iniciativas agrícolas dentro dos perímetros urbanos das cidades e como elas são formas de evitar ilhas de calor.

A comparação desenvolvida nas duas cidades foi feita para identificar cenários diferentes de evolução da agricultura urbana. Um dos autores do estudo, o engenheiro ambiental Luís Fernando Lourenço, doutor em ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), explica que em Melbourne a agricultura urbana é articulada com estratégias de saúde pública, como o incentivo de exercícios físicos e atividades destinadas ao combate à obesidade.

De acordo com Lourenço, na cidade australiana a agricultura urbana é regulamentada por políticas públicas, que definem áreas para a implantação das hortas e fazem a testagem do solo, seja em espaços coletivos ou propriedades particulares. Nos terrenos comuns, os beneficiários das hortas pagam uma taxa por mês. É um modelo que ainda não existe em São Paulo.

"Em São Paulo, existem predominantemente dois modos: um de caráter socioeducativo, baseado em trabalho voluntário e princípios agroecológicos, como o desenvolvido no Parque das Corujas, na Vila Madalena, enquanto o outro é voltado para a geração de renda, principalmente em áreas periféricas das regiões Sul e Leste”, detalhou, em nota, o pesquisador.

A análise mostra que na cidade brasileira as iniciativas aparecem e desaparecem muito rapidamente e, como são provenientes de trabalho voluntário, "são mais fáceis de começar do que continuar", acrescentou Lourenço. As exceções deste quadro acontecem quando há lideranças comunitárias.

É o caso da nutricionista, consultora gastronômica e influenciadora Neide Rigo, que mantém o blog ‘Come-se’ e cuida de uma horta de muito sucesso na City Lapa, bairro da zona oeste da capital paulista. Uma de suas contribuições é a valorização das chamadas ‘Plantas Alimentícias Não Convencionais’ (PANCs), que apresentam grande resiliência diante de intempéries e constituem importantes opções nutricionais em tempos de mudanças climáticas, como exemplifica Lourenço.

Para ele, a criatividade paulista é o um diferencial que conta a favor. Se em Melbourne as coisas são mais organizadas, em São Paulo as soluções inovadoras predominam, como no desenvolvimento de agricultura orgânica.

Segundo ele, há em comum entre as duas realidades uma conscientização para fortalecer a agricultura local e a segurança alimentar, especialmente diante das incertezas globais causadas pela crise climática. Lourenço crê em uma crescente disposição de parte da população para a agricultura urbana.

Se as iniciativas voluntárias são mais difíceis de quantificar, os números dos empreendimentos voltados para a geração de renda são mais bem conhecidos.

“Sabemos que o município de São Paulo possuía, entre 2017/18, 323 unidades de produção agropecuária, em sua maior parte com propriedades menores que dez hectares e com culturas temporárias, totalizando uma área de cerca de 4,4 mil hectares. Entre proprietários, familiares e mensalistas, 802 pessoas estavam envolvidas diretamente na produção”, afirmou.

Segundo o pesquisador, na região Sul do Brasil, onde a produção urbana é mais expressiva, a agricultura é tipicamente familiar. “Nessa região, 64% da população ocupada na atividade são constituídos por proprietários e 78% moram nas propriedades. No total, 65% das propriedades contam com mão de obra exclusivamente familiar. E produzem legumes, verduras, raízes, ervas e frutas”, contabilizou.

Com isso, os pesquisadores alertam para a fragmentação da agricultura urbana no mundo, incluindo São Paulo, mas por ser uma resposta aos problemas climáticos desencadeados nos últimos anos, asseguram sistemas alimentares urbanos sustentáveis, com preços acessíveis, os quais devem despertar a atenção de gestões municipais.

Apoiado pela FAPESP por meio de bolsa concedida a Lourenço e de um Auxílio à Pesquisa, no âmbito do Projeto SPRINT (São Paulo Researchers in International Collaboration), o artigo “Building knowledge in urban agriculture: the challenges of local food production in São Paulo and Melbourne” está publicado no periódico Environment, Development and Sustainability.

Hortas verticais

Um subtema cada vez mais comentado é o das hortas verticais, estabelecidas nos topos ou mesmo em andares dos edifícios. Essa solução, na qual Barcelona se destaca em primeiro lugar no mundo, também tem sido adotada em Berlim e São Paulo. Por exemplo, uma horta cultivada no topo do Shopping Eldorado fornece legumes, verduras e ervas livres de defensivos agrícolas aos funcionários.

“São Paulo tem um enorme potencial para a implantação de hortas nos topos dos edifícios. Além de possibilitar a produção de alimentos muito perto dos consumidores finais e de constituir espaços de socialização e educação ambiental, essas áreas verdes elevadas são também uma alternativa para a mitigação das ilhas de calor. Falta implantar políticas públicas duradouras que contribuam para isso”, pondera Lourenço, no comunicado oficial sobre a pesquisa.

A professora Thais Mauad comenta que, diante do cenário de mudanças climáticas, produzir alimentos na cidade traz vários benefícios. "A expansão da cobertura vegetal, a permeabilidade do solo, o aumento da umidade do ar, a promoção da biodiversidade, o enriquecimento do solo por matéria orgânica e por compostagem, aliados a métodos agroecológicos, são certamente elementos mitigadores de caráter local das mudanças climáticas", explicou, também em nota.

A professora defende também que a produção de alimentos a curtas distâncias também traz vantagens na menor emissão de CO2 pelo transporte veicular. Em situações extremas de inundações, queimadas e outras, que podem interromper o fluxo de alimentos para a cidade, "as hortas urbanas constituem alternativas para garantir a segurança alimentar”, agregou.

Por Globo Rural — São Paulo