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Afinal, é possível mesmo estocar vento? (2 notícias)

Publicado em 18 de novembro de 2022

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A fala da presidenta Dilma Rousseff, de 2015, sobre o desenvolvimento de uma tecnologia que "estocaria vento" ainda hoje é lembrada.

No período, a ideia foi vista com certa incredulidade por muita gente, que acabou levando a fala adiante com bastante humor. Mas a verdade é que há uma série de estudos sendo conduzidos para promover desenvolvimento de energias limpas . E, claro, a possibilidade de estocar vento, ou melhor, armazenar energia , tem sido alvo dessas pesquisas.

O fato do vento ser um recurso tão abundante nunca passou despercebido no setor de energia. Isso é tão verdade que a energia eólica se consolidou como uma das matrizes que apresentou maior avanço no mundo, substituindo em parte o papel até então empregado para a produção de energia por meio do carvão ou da hidrelétrica. O Brasil, nesse sentido, tem sido pioneiro.

E isso não seria possível sem a presença de correntes que atuam levando ventos bem fortes para a costa brasileira, algo percebido com maior intensidade na região nordeste e que a coloca como uma grande produtora de energia eólica. Mas como potencializar a produção de energia ou permitir a sua utilização mesmo nos locais que não possuem esse privilégio ao longo do ano? O que seria possível fazer, então?

Pesquisadores se dedicaram a desenvolver formas de trabalhar no melhor aproveitamento desse recurso. Para isso, a gravitação será protagonista para a geração de energia. O modelo que estamos falando aqui consiste na construção de grandes blocos de concreto que ficariam empilhados numa torre de 120 metros de altura. Quer ver como isso funcionaria? Então confira o vídeo abaixo:

Em suma: para aproveitar o potencial energético, os blocos seriam movimentados por meio de cabos acoplados nela, que funcionariam como uma espécie de guindaste, movendo os blocos para cima e para baixo. A força gerada a partir disso tornaria possível a produção de energia pela força da gravidade, ajudando a gerar um vento de maior intensidade e armazenando até 400 megawatts de energia.

Inovador, esse projeto está sendo desenvolvido pela empresa Energy Vault, na Suíça e também está sendo implementado em parceria com o governo do Rio Grande do Norte no estado. Como a produção de energia a partir do vento depende da presença constante de correntes de ar, e que essa instabilidade é um dos principais empecilhos para a geração de energia, essa seria uma forma de obter um maior aproveitamento.

Apesar de já existirem sistemas que operam em modelos semelhantes utilizando a água, ao utilizar o ar, um diferencial é que não seria necessário depender de características geográficas específicas para tornar o projeto operacional. As críticas que as torres seriam mais suscetíveis a eventos climáticos de maior magnitude também podem ser um dos favores que motiva a companhia a buscar o constante aperfeiçoamento desse modelo e mesmo a investir em outros de maior potencial.

E as descobertas não pararam por aí! No Brasil, cientistas da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, em convênio com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), estão trabalhando num outro modelo que usa o ar líquido a partir do seu resfriamento em -196 °C. Para utilizá-lo, bastaria aquecê-lo para condições ideais mais adiante. Esse processo de aquecimento do material estocado e compresso resultaria na sua expansão, gerando uma turbina por meio do movimento resultante dessa transformação.

Para você ter uma ideia de como funciona isso, 10 litros de ar ficam tão comprimidos com a mudança do estado da matéria que correspondem a apenas 1 litro na sua forma líquida. Ou seja, estocar o vento dessa maneira realmente representaria a possibilidade de aproveitar seu potencial por meio da mudança do seu estado físico, viabilizando a produção de energia elétrica mesmo em períodos de menor incidência dos ventos. A expectativa é que o projeto entre em escala comercial a partir de 2028.

Ambas soluções conferem um protagonismo ainda maior à América do Sul no desenvolvimento de novas matrizes, possibilitando aumentar a oferta nos períodos de maior demanda e, reduzindo assim, o risco de colapso do sistema e a dependência de outras fontes de energia, além de reduzir substancialmente os danos ao meio ambiente.

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