Formado em psicologia na USP-Ribeirão em 2007, Fábio Scorsolini Comin, 25 anos, em sua dissertação de mestrado, entrevistou 106 pessoas individualmente (53 casais). Seu objetivo foi aferir o bem-estar subjetivo, a conjugalidade e a satisfação conjungal. Foram ouvidos casais de cinco classes sociais (a,b,c,d,e). Depois de dois anos de pesquisas, ele chegou a seguinte conclusão: a satisfação que as pessoas mantêm no relacionamento conjugal está diretamente relacionada com a satisfação no dia-a-dia.
"O casamento é uma das dimensões da vida, assim como o dinheiro, rendas, a integração a algum grupo social, enfim, todos os tipos de bem-estar que as pessoas experimentam. O casamento é uma dessas satisfações" diz Scorsolini.
O que foi também relevante na pesquisa, segundo Scorsolini, é que a renda - posses e salários - não está diretamente ligada ao bem-estar dos casais.
"Mas eu não vou generalizar, dizer que o dinheiro não é importante. Quero ficar restrito a minha pesquisa que não relacionou a boa vida conjugal ao dinheiro" explicou.
Scorsolini contou que avaliou dois instrumentos diferentes no trabalho. Um, sobre se a pessoa está satisfeita com sua vida; e a outra sobre a satisfação no casamento.
Otimismo e alegria
Para Scorsolini, quando mais afeto positivo você posui, ou seja, quanto mais otimismo, mais aberto, disponível para novas experiências na vida, quanto mais a pessoa se coloca de maneira positiva mais se aproxima da felicidade no casamento.
"Essa regra aplica-se ao homem e a mulher" acentuou.
Questionário
O psicólogo, que teve a dissertação de mestrado financiada pela Fapesp (Fundação do Amparo à Pequisa do Estado de São Paulo), tendo como orientador o professor Manoel Antônio dos Santos, da USP-SP, disse que elencou no questionário todos os aspectos da vida afetiva.
"O relacionamento com os filhos, a questão da educação dos filhos, manejo das tarefas domésticas, educação sexual, envolvimento afetivo, quantidade de trocas afetivas".
Positivismo
O referencial da pesquisa é a psicologia positiva, uma corrente como a autoria psicanalítica ou o comportalismo.
É relativamente nova, tendo iniciado na década de 90 e cujo teórico mais expressivo é o norte-americano Martin Seligman.
"Seligman propõe uma mudança de foco na psicologia. Então, você não vai estudar a doença, a insatisfação, a separação mas sim por que as pessoas se casam, querem estar juntas, por que elas são felizes e estão adaptadas ao meio. A minha pesquisa foi um pouco atrás disso. O que faz as pessoas estarem felizes e sastisfeitas.
No caso, o aspecto mais envolvido nesta amostra foi o afeto positivo. Então, quanto mais otimismo, mais disponibilidade, abertura para contatos com outros, mais as pessoas tendem a manifestar uma possibilidade de ter uma satisfação conjugal maior", disse o pesquisador.