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Adoção de tecnologias aumenta produção de usina em 15%

Publicado em 06 outubro 2010

Por Andréia Moreno

A Usina Jalles Machado é uma das cem empresas parceiras do IAC nas pesquisas com cana-de-açúcar. A adoção das tecnologias IAC ampliou a produção da Usina em cerca de 15%. Das variedades plantadas pela Jalles, cerca de 20% são do Instituto Agronômico. Esses e outros resultados serão apresentados hoje, por Marcos Guimarães de Andrade Landell, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, durante o 3º Dia de Campo da Jalles Machado, desta quarta-feira, 6.

Mas conseguir esse resultado não é tarefa fácil. No caso da canavicultura, para obter a competência paulista, não basta o mero transporte de plantas e alguns implementos para outro Estado. Algumas empresas de São Paulo provaram amargos resultados quando decidiram expandir para Goiás as lavouras de cana sem conhecer as diversidades que fazem a diferença. É necessária a transferência de tecnologia desenvolvida especificamente para aquela região, considerando-se as variedades a serem cultivadas e o ambiente de produção. "Não dá para repetir em Goiás o que se faz em São Paulo, a boa performance paulista não se repete se não adotarmos o modelo de produção adequada", ressalta De acordo com Landell, o IAC está à frente não só no desenvolvimento de variedades, mas também nos estudos com tolerância à seca, com projetos financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). "Estamos perseguindo os mecanismos de tolerância à seca para usá-los no melhoramento genético", diz o coordenador do Programa Cana IAC. O Instituto Agronômico tem as principais pesquisas nessa área e tem atraído o interesse de multinacionais. O projeto multidisciplinar envolve estratégia integrada de melhoramento genético incluindo, além da tolerância à seca, aspectos ligados à fisiologia, fitopatologia, entomologia, pedologia, fertilidade, adubação, climatologia e matologia.

O déficit hídrico mais pronunciado durante todo o ciclo de produção da cana é o que diferencia Goiás e o Triângulo Mineiro das condições paulistas. Para se ter idéia da relevância dessa característica, a deficiência hídrica pode comprometer a produtividade e gerar prejuízos de até 60%, dependendo da intensidade e do estado de desenvolvimento da cultura. Daí a necessidade de a ciência desenvolver pacote tecnológico específico para a localidade. "Nos últimos 15 anos temos aprendido muito sobre o cerrado, percebemos que a estratégia de produção não poderia ser a mesma utilizada em São Paulo, vimos que precisaríamos selecionar variedades aperfeiçoadas para aquela região", afirma.

Em campos paulistas, as variedades são diferentes, as condições climáticas são mais amenas e o déficit hídrico não é tão acentuado, segundo Landell. "Algumas variedades que se destacavam em São Paulo tinham performance pífia no cerrado", diz.