Oswaldo Frota-Pessoa, professor emérito do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo e pioneiro dos estudos em genética humana no país, morreu nesta quarta-feira (24/3), em São Paulo, aos 93 anos. Nascido na cidade do Rio de Janeiro, em 1917, Frota Pessoa graduou-se em história natural pela Escola de Ciências da Universidade do Distrito Federal (1938) e em medicina pela Faculdade de Medicina da então Universidade do Brasil (1941), hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Na USP, Frota-Pessoa foi docente (1958), livre-docente (1963), professor adjunto 1973), professor titular (1978) e professor emérito (1995). Foi bolsista da Fundação Rockefeller na Universidade Columbia (1953-1955) e da Fullbright, como professor visitante na Universidade de Wisconsin (1964-1965), nos Estados Unidos.
"Frota-Pessoa foi o pai da genética médica no Brasil. Ele formou a minha geração e a geração que me antecedeu na área de genética humana e médica.
Ele foi meu orientador. Todas as pessoas que, como eu, conviveram de perto com ele, tiveram a sorte de ter um ensinamento precioso", disse Mayana Zatz, professora titular de genética do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da USP.
Foi professor secundário de ciências e biologia do sistema público do Rio de Janeiro (1939-1958), onde conheceu sua futura primeira mulher, Elisa Esther Maia, que se tornaria uma das principais físicas do país e com quem teve dois filhos. Frota-Pessoa foi assistente da Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil (1942-1958), especialista em Ensino de Ciências da União Pan-Americana (Organização dos Estados Americanos) em Washington (1955-1956) e consultor em genética humana da Organização Mundial da Saúde (1961-1986).
Era membro titular fundador da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (1974) e da Academia Brasileira de Ciências.
Entre as premiações que recebeu destacam-se o Prêmio Kalinga, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 1982, o Prêmio José Reis de Divulgação Científica (1980) e os títulos de Comendador e a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico.
"O professor Frota-Pessoa era uma pessoa absolutamente fantástica. Além de um grande cientista, foi um grande educador.
Era uma pessoa extremamente humana, extremamente carinhosa com os pacientes. Tratava todos com uma deferência muito especial", disse Mayana, que também coordena o Centro de Estudos do Genoma Humano da USP, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da Fapesp.