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Agência Estado

Aços elétricos aprimorados podem reduzir consumo de energia (1 notícias)

Publicado em 27 de outubro de 1999

Produzir aços elétricos melhores pode ajudar o Brasil a economizar muita energia. Não, como parece à primeira vista, no processo de produção do aço, mas na sua utilização. E é exatamente neste aprimoramento, que o Instituto de Pesquisas Tecnológicas, IPT, de São Paulo, trabalha desde 1992, tendo obtido bons resultados em termos de orientação de cristais, neste final de 1999. Aços elétricos são chapas com grande percentual de ferro e até 3% de silício, utilizados para criar campos magnéticos em motores. Todos os tipos de motores elétricos utilizam estes aços: eletrodomésticos, motores industriais, transformadores, geradores. "Todo motor gira devido a um campo magnético, que pode ser criado só com fios", explica Fernando Landgraf, do IPT. "Mas o uso do aço elétrico amplifica o campo magnético, ou seja. demanda menos energia para girar o mesmo motor". Quanto mais eficiente é o aço na amplificação do campo magnético, menos energia consome o motor. Para melhorar a eficiência dos aços elétricos. a equipe de 4 pesquisadores, 1 doutorando e 3 estagiários do IPT vem trabalhando sobre sua microestrutura, através do controle da orientação dos cristais componentes das chapas. "Ainda estamos em busca da textura ideal, mas já conseguimos diminuir significativamente os gastos de energia, controlando o processo de laminação do aço para obter a melhor orientação dos cristais", acrescenta Landgraf. O processo do IPT diminui a histerese. nome técnico da dissipação de energia, que ocorre na magnetização dos aços elétricos quando da passagem de correntes elétricas alternadas. O Brasil hoje produz cerca de 335 mil toneladas anuais de aços elétricos e um terço destes, aproximadamente, é de aços pouco eficientes. Do total de energia elétrica consumida no país, quase a metade é de uso industrial e 50% da energia industrial é consumida no acionamento de motores elétricos. A melhoria na eficiência dos aços elétricos, portanto, pode ter um impacto positivo importante sobre o consumo total de energia no país. A equipe do IPT obteve financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP, da ordem de 220 mil reais, desde 1996, e deve receber recursos adicionais de 40 mil reais para 2000. Além disso, conta com uma parceria com a Companhia Siderúrgica Nacional, CSN. Existem planos de se montar um centro de pesquisas de toda a cadeia produtiva de motores elétricos, envolvendo o próprio IPT, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Poli, empresas do setor e a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado de São Paulo. Maiores informações através do telefone (11) 3767-4211 ou do endereço eletrônico lanfgraff@ipt.br.