Gigantes multinacionais, como Basf, GlaxoSmithKline (GSK) e Peugeot Citroën Brasil (Grupo PSA), articulam parcerias com universidades brasileiras com o objetivo de criar centros de pesquisas e desenvolvimento de produtos para suas áreas de atuação. São acordos de cooperação técnica, por meio dos quais as empresas esperam acelerar a velocidade de introdução de tecnologias no Brasil e no exterior, já que atuam no mercado internacional.
A Basf que mantém acordos com Embrapa, Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e Fundação ABC, fechou em janeiro um contrato com a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) para desenvolver produtos que contribuam para aumentar a produtividade nos cultivos de soja, cana-de-açúcar, milho, frutas e verduras. "Existem muitas ideias nos bancos universitários, mas falta o braço para levar a inovação ao mercado. É esta ponte que a gente se propõe a fazer", diz Ademir de Geroni, diretor de Inovação, Pesquisa e Desenvolvimento da Unidade de Proteção de Cultivos da companhia para a América Latina.
Com horizonte de execução nos próximos cinco anos, os trabalhos se concentrarão no controle de pragas e doenças, além do melhoramento das plantas. Outra abordagem é a otimização do uso de fertilizantes. A ideia é que as soluções desenvolvidas a partir desse acordo de cooperação sejam utilizadas no Brasil e em outros mercados.
No ano passado, a Basf destinou 480 milhões de euros para suas pesquisas globais na área agrícola. Para este ano, estão previstos 500 milhões de euros e boa parte está reservada ao Brasil, onde a companhia possui uma estação experimental - em Santo Antônio da Posse (SP) -, além de centros experimentais avançados em oito cidades brasileiras e um Laboratório Global de Estudos Ambientais e Segurança Alimentar em seu complexo industrial de Guaratinguetá (SP).
A GSK Brasil planeja criar um Centro de Excelência para Pesquisa ern Química Sustentável, que deverá receber investimentos de RS 28 milhões nos próximos dez anos, terá abordagem multidisciplinar e apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A meta é descobrir novos processos para a produção de química de modo sustentável, que possam ser aplicados ao desenvolvimento de novos medicamentos. Outro objetivo é obter maior eficiência no uso de sintéticos e no desenvolvimento de solventes e reagentes renováveis.
"A iniciativa deverá trazer alternativas para os processos e componentes utilizados hoje na indústria farmacêutica", acrescenta Cesar Rengifo, presidente da GSK Brasil. A parceria da GSK com a Fapesp começou há dois anos e já resultou em duas propostas para pesquisa básica sobre doenças metabólicas, tropicais e negligenciadas, infecciosas e respiratórias, infiamação e imunologia, além de biofármacos e vacinas. Três projetos selecionados em 2012 estão em andamento.
Já o Grupo PSA trabalha em uma pesquisa sobre motores a combustão movidos a biocombustíveis, em parceria com a Fapesp, Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp, Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), Instituto Mauá de Tecnologia e ITA (Instituto de Tecnologia da Aeronáutica). O acordo faz parte de uma estratégia de inovação adotada globalmente pela montadora francesa.
Para este projeto foi criado o Centro em Pesquisa em Engenharia Professor Ernest Stumpf, que reunirá os pesquisadores das instituições que tiveram projetos selecionados em novembro passado. Assessorado por um comitê consultivo internacional formado por pesquisadores da França, Itália, Inglaterra e Alemanha, o centro deverá investigar novas configurações de motores movidos a diferentes combustíveis e os impactos, além da viabilidade econômica e ambiental de biocombustíveis.
Segundo Emmanuel Hédouin, gerente-geral de Produto, Pesquisa e Engenharia Avançada do Grupo PSA, o projeto terá duração de dez anos, com investimentos de R$ 32 milhões. A Fapesp e a PSA desembolsarão R$ 8 milhões cada uma, e o restante virá de aporte feito pelas universidades participantes. "Os resultados desse trabalho serão incorporados ao processo produtivo da PSA e lançados no mercado."
CORPORATE-UNIVERSITY PARTNERSHIPS
By Inaldo Cristoni
BETTING ON RESEARCH CENTERS
Multinationals join forces with universities
Multinational like BASF, GlaxoSmithKline (GSK) e Peugeot Citroën Brasil (Grupo PSA) are forming partnerships with Brazilian universities with the objective of creating research and development (R&D) centers for new products in their respective areas. The partnerships are technical cooperation agreements, through which the companies hope to speed up the launch of innovative technologies in Brazil and abroad.
BASF, which has agreements with EMBRAPA, the Sugarcane Technology Center (CTC) and ABC Foundation, closed a contract with Campinas State University (UNICAMP) in January to develop solutions to increase the productivity of the soybean, sugarcane, corn, fruit and vegetable crops. "There are many ideas at university centers, but they lack the muscle to take the innovation to market. This is what we propose to do," commented Ademir de Geroni, director of Innovation, Research and Development at the company's Crop Protection Unit for Latin America.
With the help of the São Paulo Research Foundation (FAPESP), GSK Brasil plans to create an Excellence Center for Research in Sustainable Chemicals, costing R$ 28 million in investments over the next 10 years. "The initiative should create alternatives for processes and components utilized today in the pharmaceuticals industry," adds Cesar Rengifo, president of GSK Brasil.
The PSA Group is researching biofuel powered combustion engines in partnership whith FAPESP, UNICAMP's Mechanical Engineering School, USP's Polytechnic School, Mauá Institute of Technology and Aeronautics Technology Institute (ITA).