Parece uma ave como tantas outras, mas o passarinho descoberto por três pesquisadores brasileiros no litoral do Paraná não é apenas uma nova espécie. O bicudinho do brejo (Stymphalornis acustirostris) pertence a um gênero até então desconhecido pelos ornitólogos. A espécie já corre perigo de extinção.
O bicudinho foi encontrado pelos ornitólogos Marcos Bornschei e Bianca Reinert, ambos pesquisadores colaboradores do Museu de História Natural de Curitiba, e Dante Teixeira, do Museu Nacional do Rio de Janeiro. O trabalho foi publicado em revista especializada.
Importância - Para se ter uma idéia da importância desta descoberta, basta dizer que há cerca de 100 anos não se descobre um novo gênero de aves. "Todos os animais são divididos em famílias, de acordo com características gerais como formato do bico ou tipos de penas. Dentro deste bloco, há diferenças sutis que dão origem aos gêneros. Cada gênero pode ter uma ou diversas espécies", explica Bianca.
No caso do bicudinho, ele pertence ao gênero Stymphatornis "Não dá para dizer, por enquanto, por que o bicudinho do brejo se diferenciou tanto das outras", diz Bianca. A ave é extremamente rara e vive entre os municípios de Pontal do Sul e Matinhos, no Paraná.
Brejo - A espécie foi descoberta em uma área chamada de brejo intercordão. São pequenos pontos de vegetação que crescem nos acúmulos d'água entre as dunas litorâneas. Toda a população se concentra em uma estreita faixa de 50 metros de largura e dois quilômetros de extensão. "Fomos os primeiros pesquisadores a entrar nesta região", conta a ornitóloga.
"Este ambiente está sendo muito degradado pela ação do homem e não há nenhuma unidade de conservação na região", queixa-se Bianca. Ela avalia que 40% do brejo intercordão já desapareceu. Em geral, os pesquisadores não costumam divulgar a área de ocorrência de espécies ameaçadas para evitar a ação dos traficantes de aves.
"Inicialmente, nossa intenção não era dar esta informação, mas concluímos que não se consegue preservar nada em segredo. É importante avisar que o bicudinho não vive em gaiola e só se alimenta de insetos vivos. Não adianta tentar prendê-lo ou comercializá-lo", avisa a ornitóloga.
Notícia
Jornal do Brasil