Notícia

Gazeta Mercantil

Acesso facilitado à Internet

Publicado em 28 setembro 1995

Por por Lídia Rebouças - de São Paulo
Criar páginas na rede mundial de computadores pode parecer uma tarefa exclusiva do mundo da informática. Para não deixar a exposição de talentos na Internet restrita ao domínio dos programadores de computação, o mercado adiantou-se para oferecer soluções e colocar a publicação de informações na rede ao alcance de todos. A Silicon Graphics acaba de lançar um equipamento com os recursos necessários para artistas, profissionais de criação e programação visual, e leigos da informática se aventurarem nesse negócio. Ainda timidamente divulgada, a linha de equipamentos WebForce agrega sistemas de hardware e software programados para a autoria de páginas Web (arquivos com as mensagens que navegam na Internet) com todos os recursos multimídia de som, imagem, animação e gráficos. A grande vantagem é que o sistema dispensa o domínio da linguagem tradicional de programação e facilita a criação de informações e serviços que serão oferecidos pela Internet. O mais potente equipamento da família WebForce é aquele que funciona como uma verdadeira estação de trabalho multimídia, tendo acoplados tanto um servidor quanto as ferramentas de autoria. Uma das mais caras da linha, R$ 38 mil, a máquina traz uma microcâmera embutida para a captação de imagens externas, microfone, sistema de áudio e vídeo, além de um monitor colorido de 17 polegadas. O equipamento está sendo bastante cobiçado por aquelas empresas que querem torna-se provedoras de informação e acesso na rede mundial de computadores. Além disso, ele traz embutidos software de navegação, como o Netscape, que permitem a visualização e o manuseio de imagens em três dimensões - o WebSpace. "Com esse sistema, qualquer usuário que tem familiaridade com um computador pessoal e um editor simples de texto poderá estar fazendo suas experiências como criador de páginas na Internet", destaca Sérgio Sequeira, gerente de vendas da Silicon Graphics, ao demonstrar o uso do WebForce, com a gravação de imagens externas e animações em apenas alguns segundos. Lançado há duas semanas no Brasil, o WebForce já foi adquirido por pelo menos duas empresas, entre elas a Net SD, que espera investir US$ 1 milhão para adquirir toda a infra-estrutura necessária e tomar-se uma provedora de acesso e informações na rede. Somente na aquisição dos produtos da Silicon Graphics, o gasto foi de US$ 70 mil. Para o diretor da Net SD, Nei Grando, a vantagem do equipamento está em sua capacidade gráfica e velocidade de programação, além da disponibilidade do kit embutido de software para autoria de páginas. "Alguém com pouco conhecimento de linguagem de programação é capaz de ser autor de um projeto para a Internet", diz. A Silicon Graphics fechou o seu ano fiscal no final de junho com um total de vendas de US$ 2,2 bilhões. O seu rápido crescimento, 45% sobre o faturamento do ano passado, coloca-a entre as maiores empresas mundiais em computação visual. A TV INTERATIVA Os projetos para a televisão interativa no Brasil ainda são remotos. Apesar de o País contar com representantes da empresa pioneira mundial desse negócio - a "joint venture" firmada entre a Silicon Graphics, a Time Warner e a AT&T -os investimentos ainda estão à espera da definição das regras do jogo por parte do governo, o que pode resultar na efetiva desregulamentação do setor de telecomunicações. Enquanto a Interactive Digital Solutions, empresa originária da parceria entre esses três gigantes do mundo da comunicação, leva adiante os testes da televisão interativa a 4 mil moradores da cidade norte-americana de Orlando, na Flórida, as conversações apenas se iniciam nos outros países. Atualmente, a Silicon Graphics do Brasil está oferecendo projetos pilotos para empresas que desejam experimentar essa tecnologia em circuitos fechados de televisão, que poderiam se estender às residências dos funcionários, segundo explicou o gerente de negócios da empresa, Luiz Cassio Godoy. Ele disse que a Silicon Graphics tem sido bastante procurada por empresas de comunicação e entretenimento, além de operadoras de televisão a cabo que planejam entrar neste mercado. Ele informou que os custos com um projeto experimental como esse sairiam por volta de US$ 1 milhão. No mundo, os países que estão demonstrando interesse pela tecnologia que comercializa um leque de serviços e produtos pela televisão são o Chile e o Japão.