Notícia

Gazeta Mercantil

Acesso às novas tecnologias ainda vai demorar

Publicado em 03 agosto 1995

Por Guilherme Arruda - de Canela
A visão futurística de que será possível falar, ouvir, ver a imagem da pessoa e enviar informações num mesmo aparelho portátil é realidade nos centros de pesquisa de grandes empresas de informática do mundo, mas toda essa tecnologia estará disponível em larga escala só daqui a 10 anos, quando os chips de alta potência poderão armazenar até 100 milhões de transistores. Para se ter idéia dessa grandeza, hoje os chips de um microprocessador estão na faixa de 6 milhões até 10 milhões de transistores. Essa tecnologia está sendo desenvolvida pela Intel e foi apresentada no SBC 95, que está acontecendo em Canela (RS), pelo professor da Universidade de Wisconsin (EUA), Krishna Shenai. Até dois anos atrás, Shenai - de origem indiana mas radicado nos Estados Unidos - trabalhou na Intel e foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento do Pentium. Enfocando o tema "Desafios e Rumos em Tecnologia Submicrônica", ele ressaltou que essa tecnologia ainda não está disponível porque não existe software dimensionado para esse parâmetro. "Na realidade existe um forte interesse econômico, que se traduz, pelo interesse da Intel em controlar o mercado desse microprocessador", diz Shenai. Ele explica que a Intel e a Microsoft firmaram uma "joint venture", pela qual a Microsoft desenvolveu um software para os microprocessadores da Intel. Depois surgiram outras empresas fazendo o mesmo, como Apple, Texas e Motorola. "Mas nos últimos dois anos a própria Intel começou a desenvolver seus sistemas operacionais para não depender mais da Microsoft'", comenta o professor. Os chips atuais, diz ele, funcionam em 100 megahertz de velocidade (correspondente ao melhor Pentium do mercado atualmente), em tecnologia de 0.6 micron em um microprocessador Intel avançado, alimentado por uma bateria de 3.6 volts. Em dez anos, a velocidade irá para 250 megahertz (ou 250 milhões de hertz), 0.3 micron, e bateria de 2 volts. "Podemos traduzir isso dizendo que em breve a capacidade de processamento serão iguais ao de um mainframe de hoje", prevê Shenai, para quem o tamanho de um chip passará de 2x2 cm para algo como 3x3 cm. Na sua palestra sobre os "Supercomputadores Paralelos do ano 2000", o gerente de relações com universidades e centros de pesquisa da Silicon Graphics, Horst Simon, lançou um desafio: quando conseguiremos supercomputadores portáteis? "Considerando alguns aspectos, esta aqui, disse apontando para uma máquina pouco maior que um PC 486, pode ser considerada um supercomputador. Se você considerar que esta máquina é capaz de resolver problemas de engenharia complexa, se você toma como medida a capacidade computacional em número de operações de pontos flutuantes, então este é um supercomputador portátil", disse Simon, lembrando que esse tipo de cálculo, há dez anos, era feito por supercomputadores gigantescos. No Brasil só há dois desses dois supercomputadores portáteis, um no Instituto de Assuntos Avançados do Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA), em São José dos Campos, e outro no Centro de Pesquisas da Marinha, no Rio, mas conforme o gerente de negócios para áreas de universidade e centros de pesquisa, Cláudio Delonero, o mercado brasileiro apresenta um imenso potencial de crescimento. O ano fiscal encerrado em junho passado registrou faturamento de US$ 5 milhões e as projeções para o mercado interno nos próximos doze meses são de faturamento ao redor de US$ 15 milhões.