Cadeia produtiva do açaí será alvo do Semear Digital no Pará
No dia 28/10, uma embarcação sai de Belém/PA em direção à Breves, município localizado na Ilha de Marajó bioma Amazônia, levando uma comitiva técnica de cerca de 30 pessoas para a expedição interinstitucional de lançamento do décimo Distrito Agrotecnológico (DAT) do Centro de Ciência para o Desenvolvimento em Agricultura Digital ( Semear Digital ) que vai promover ações de inclusão digital.
O centro é liderado pela Embrapa Agricultura Digital (Campinas/SP), desenvolvido com instituições parceiras e tem financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Iniciado em 2023, o projeto tem potencial de alcançar até 14 mil pequenas e médias propriedades rurais promovendo soluções de conectividade em processos de produção nos DATs selecionados nas cinco regiões do País.
A programação terá início já na embarcação que, ao longo de aproximadamente oito horas, transportará a comitiva à Ilha. Estão previstas apresentações de detalhamento da missão e a equipe da Embrapa Amazônia Oriental (Belém/PA) vai abordar temas regionais como o manejo de açaizais nativos e de abelhas nativas, cadeias produtivas que serão foco inicial do projeto.
Ao lado da diretora-executiva de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia, Ana Euler, e de especialistas de quatro unidades da Embrapa, a presidente da empresa e pesquisadora responsável pelo Semear Digital, Silvia Massruhá, vai integrar a equipe técnica da visita ao DAT. “Breves tem um contexto diferente dos outros municípios por sua localização no bioma amazônico e numa região com dificuldade de acesso à conectividade - um grande impulsionador de novas tecnologias no campo”, avalia a dirigente.
Massruhá destaca a oportunidade de atuação com comunidades tradicionais, em especial da cadeia do açaí, além de serviços ambientais, apontando a importância da conectividade para agregar valor com redução de custos. “Na região amazônica, a questão da conectividade enfrenta o desafio adicional das distâncias para que a tecnologia chegue, sendo fundamental, ainda, que os agricultores se sensibilizem com essas alternativas”, diz.
Distâncias - Para encurtar tais distâncias, o ponto focal da equipe técnica é o pesquisador
Michell da Costa, da Embrapa Amazônia Oriental, que lida cotidianamente junto ao público local. A equipe da unidade de pesquisa conta com pesquisador marajoara e tem contribuído com questões de logística e infraestrutura de acesso do projeto às comunidades - localizadas em local de características ambientais únicas, com alta pluviosidade e umidade e temperatura elevadas, indica.
Com a chegada do projeto, Costa vê espaço para o centro de pesquisa atuar em Breves com soluções já desenvolvidas para as características locais e que podem ser potencializadas e potencializar a presença do Semear Digital na região. “É uma oportunidade que também permite a troca de saberes e ajustes de tecnologias para que realmente possam ajudar nas transformações que eles desejam”, avalia.
A cultura está entre as oito variáveis da metodologia de atuação do Semear Digital junto aos DATs, desenvolvida pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA/SP), parceira do projeto. A ideia é que a conectividade e a agricultura digital não cheguem descoladas da realidade das comunidades, mas fortaleça seus modos de expressão e de vida.