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Ação de 50 compostos sintéticos será testada contra o novo coronavírus (15 notícias)

Publicado em 17 de julho de 2020

Por José Tadeu Arantes, da Agência FAPESP

Pesquisadores do Instituto de Química de Araraquara (IQA) em colaboração com pesquisadores do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), ambos vinculados à Universidade Estadual Paulista (Unesp), estão testando uma biblioteca com dezenas de peptídeos bioativos para avaliar sua possível ação contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2).

O estudo é apoiado pela FAPESP e coordenado por Eduardo Maffud Cilli, diretor do IQA-Unesp.

“O objetivo é identificar e investigar o potencial de peptídeos e bioconjugados [união de duas moléculas bioativas] inibidores de infecção por SARS-CoV-2. Avaliaremos a toxicidade e a atividade antiviral dessas moléculas em diferentes ensaios que nos darão informações sobre seu potencial de inibição em diferentes etapas do ciclo replicativo do vírus, como a entrada nas células e a multiplicação no citoplasma”, diz à Agência FAPESP o pesquisador Paulo Ricardo da Silva Sanches, que participa da equipe engajada no estudo.

“Os ensaios com linhagens celulares de pulmão humanas e de rim de macaco já foram iniciados e o próximo passo é avaliar a ação dos compostos, que apresentarem baixa toxicidade, em células infectadas por SARS-CoV-2”, complementa o pesquisador.

Sanches afirma que um dos compostos com grande potencial é o ácido gálico-hecate (AG-hecate), que apresenta baixa toxicidade em células sadias e já se mostrou um poderoso agente antiviral contra o vírus zika (ZIKV) e o vírus da hepatite C (HCV), além de atacar também bactérias, fungos e células cancerosas. As propriedades desse composto, sintetizado no IQA-Unesp, já foram objeto de artigo publicado em Scientific Reports (leia mais em: agencia.fapesp.br/29182/).

“O AG-hecate é um bioconjugado que foi sintetizado a partir do composto natural ácido gálico e do peptídeo hecate. Um dos alvos propostos para esse composto é o envelope viral [a camada de lipídeos que envolve o material genético de alguns vírus]. Assim como o zika e o HCV, o SARS-CoV-2 apresenta esse envelope lipídico que poderá, também, ser alvo para o AG-hecate”, explica Sanches.

“A avaliação de anti-inflamatórios comerciais em conjunto com os compostos antivirais delineará um possível tratamento combinado, visando à diminuição da carga viral concomitante ao controle da inflamação, comum em casos graves da doença”, complementa Cilli.

Além de Cilli e Sanches, compõem a equipe desse projeto a professora Paula Rahal e as pesquisadoras Cintia Bittar e Marília Calmon, do Ibilce-Unesp.