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USP São Carlos

Abertura de escolas sem protocolos aumenta em 270% o risco de contágio (5 notícias)

Publicado em 10 de maio de 2021

Por Comunicação CeMEAI

Imunização, testagem e fechamentos intermitentes elevam proteção, aponta estudo

O atual modelo de volta às aulas com presença de alunos apenas intercalada é suficiente para controlar infecções pelo novo coronavírus? A pergunta foi feita pela prefeitura de Maragogi-AL a matemáticos e pesquisadores que fazem parte do projeto ModCovid19, apoiado pelo Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) e selecionado pelo Instituto Serrapilheira em uma chamada de projetos emergenciais para ana´lise da crise sanita´ria da COVID-19.

A resposta alarmante, de que esse modelo poderia elevar em até 270% o risco de contágio nas escolas, em 80 dias de funcionamento, está na nota técnica Quantificando o impacto da reabertura escolar durante a pandemia de covid-19, coordenada por Claudio Struchiner (FGV e UERJ) , Tiago Pereira (USP/ São Carlos e CeMEAI) e equipe.

A mesma nota apresenta a simulação de um modelo que indica que a imunização, somada a outros protocolos, incluindo testagem, monitoramento e fechamentos intermitentes apresentam um ambiente bastante seguro para proteger a comunidade escolar onde o aumento de casos poderia cair para a casa dos 18% e na cidade como um todo, 3%.

Para chegar a tais resultados, a modelagem para a retomada de aulas presenciais em escolas pu´blicas utilizou dados demogra´ficos, socioecono^micos e epidemiolo´gicos do já citado munici´pio escolhido como estudo de caso: Maragogi-AL, com aproximadamente 33 mil habitantes, e trabalhou com quatro cenários possíveis.

No primeiro, cenário A - a análise se baseou no conta´gio comunita´rio com escolas fechadas, no cena´rio B - a reabertura com turmas e hora´rios reduzidos: turno escolar de 2 horas, turmas separadas em dois grupos, com aulas presenciais em dias intercalados. Já no cena´rio C - haveria reabertura reduzida com funciona´rios imunes: turno escolar de 2 horas, turmas separadas em dois grupos, com aulas presenciais em dias intercalados e funciona´rios imunizados. E por fim, no cenário D- o estudo partiu de uma reabertura reduzida com monitoramentos e fechamentos tempora´rios: turno escolar de 2 horas, turmas separadas em dois grupos, com aulas presenciais em dias intercalados, estudantes sa~o testados e isolados (14 dias) quando sintoma´ticos ou quando familiar for confirmado positivo, se estudante for confirmado positivo, seu grupo e´ suspenso por 14 dias, se mais de um grupo apresentar estudantes positivos, a escola e´ fechada por 7 dias.

"O cenário D foi bastante efetivo para proteger a comunidade escolar (aumento de casos em 18%) e a cidade como um todo (aumento de 3%). Estes resultados sa~o consideravelmente robustos, permanecendo qualitativamente os mesmos quando testamos o caso em que apenas metade das fami´lias notificam casos positivos entre seus membros ", conclui a nota técnica.

" A nota destaca ainda que o fechamento intermitente requer que as escolas fechem em me´dia 40% dos dias. Considerando também o fechamento parcial de turmas, cada estudante teve em me´dia 2,5 horas de aula por semana, porém esse apresentou-se o cenário mais seguro ", explicou o pesquisador Tiago Pereira.

Segundo ele, o modelo poderia ser aplicado a qualquer município, demonstrando a importância de se avaliar quantitativamente o efeito de diferentes protocolos de reabertura para a deliberac¸a~o de retomada de aulas presenciais e semipresenciais em escolas pu´blicas brasileiras. "Torna-se responsabilidade dos gestores pesar estas avaliac¸o~es para desenvolver protocolos de ac¸ões efetivas para a reabertura segura de nossas escolas", disse.

O estudo serve de alerta para que uma reabertura sem nenhuma medida de monitoramento de casos na comunidade escolar, mesmo com turmas reduzidas, pode aumentar, como já dissemos, o total de infectados na populac¸a~o escolar em ate´ 270%, em 80 dias de funcionamento escolar.

Conclui ainda que a vacinac¸a~o de profissionais e´ uma medida essencial para potencializar o efeito da reduc¸a~o de turmas. Ainda assim, na ause^ncia de outras medidas de monitoramento e quarentena, o conta´gio pode aumentar em 178% o risco de infecções dentro da populac¸a~o escolar.

Para mais informações, acesse aqui o documento completo: Quantificando o impacto da reabertura escolar durante a pandemia de covid-19.

Sobre o CeMEAI

O Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), com sede no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) financiados pela FAPESP.

O CeMEAI é estruturado para promover o uso de ciências matemáticas como um recurso industrial em três áreas básicas: Ciência de Dados, Mecânica de Fluidos Computacional e Otimização e Pesquisa Operacional.

Além do ICMC-USP, CCET-UFSCar / IMECC-UNICAMP / IBILCE-UNESP / FCT-UNESP / IAE e IME-USP compõem o CeMEAI como instituições associadas.

Raquel Vieira – Comunicação CeMEAI