As flores de cacau são conhecidas pelo seu tamanho pequeno e fragilidade e, por isso, é necessária uma série de cuidados para que seja feita sua polinização . Durante a manhã, cautelosamente e uma a uma, os produtores rurais realizam o procedimento de maneira manual.
Neste mês, uma ideia foi publicada na revista de jornalismo científico Pesquisa, fomentada pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). A ideia é adestrar abelhas-sem-ferrão para realizar a polinização do cacau
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Abelhas-sem-ferrão serão adestradas para polinizar cacau?
A pesquisa ainda é algo em andamento, mas o objetivo é que, ao final do treinamento, o estudo possa fazer com que as abelhas-sem-ferrão consigam polinizar as flores do cacau . Integrante do grupo de pesquisadores, que envolvem especialistas da USP (Universidade de São Paulo) e do ITV (Instituto Tecnológico Vale) Desenvolvimento Sustentável, em Belém (PA), a bióloga Camila Maia explicou o que os motivou:
A polinização manual é bastante trabalhosa e tem um custo elevado, então tivemos a ideia de estudar abelhas, que são polinizadoras viáveis para o tamanho das flores de cacau, contou a pesquisadora.
Essas abelhas brasileiras são uma, entre as 52 espécies que existem na região amazônica onde essa planta floresce, das que tem o tamanho ideal para serem polinizadoras.
Vantagens
O método de polinização, sem a intervenção humana, tende a triplicar a produção do cacau . Dessa forma, os pesquisadores esperam que essa polinização assistida aumente significativamente o cultivo.
Apesar disso, os pesquisadores envolvidos têm consciência da longa jornada de trabalho que terão pela frente . Conforme comentou o botânico do Instituto de Biociências da USP: “Não existe comprovação de que elas atuarão efetivamente como polinizadoras; o fato de as abelhas visitarem as flores não garante que elas depositarão o pólen na parte feminina da flor e que isso vai gerar fecundação e produção de frutos”, o que justifica a opção pelo adestramento do inseto.