Fapesp suspendeu verba para projeto de redução de danos com uso da droga.
Sociedade Brasileira de Psicologia manifestou apoio ao estudo.
Pesquisadores e entusiastas da política de redução de danos no uso de drogas se mobilizaram em favor de uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), o projeto "Baladaboa". O estudo, que distribuía flyers em universidades e casas noturnas orientando jovens sobre como diminuir os riscos na utilização de ecstasy, teve os recursos suspensos pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e agora contabiliza mais de 850 assinaturas na defesa de sua manutenção.
Flyers sobre a redução de danos no uso de ecstasy, suspensos pela Fapesp
De acordo com a pesquisadora responsável pelo projeto, Stella Pereira de Almeida, o abaixo-assinado não foi de sua iniciativa. "Uma pessoa que não conheço entrou em contato por e-mail, achando que era um absurdo a suspensão. Eu imagino que a Fapesp vai rever essa decisão, depois de tanta manifestação da comunidade científica e de pessoas não leigas", diz.
Entre os apoios recebidos está uma carta da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP) publicada no site do projeto e carimbada pelo presidente da entidade, Brigido Vizeu Camargo. O G1 tentou contado com a SBP, mas não conseguiu.
O documento afirma que a pesquisa "por um lado, lida com um tema polêmico, de fortes implicações sociais, ou seja, a aplicação da estratégia preventiva de Redução de Danos (RD) em usuários da droga ecstasy" e "por outro, conta com a seriedade e a competência das pesquisadoras e das instituições envolvidas, incluindo a Fapesp que analisou e aprovou a execução do projeto".
A Fapesp suspendeu no dia 18 de junho a liberação de verbas para o projeto de pesquisa. Por meio de uma nota, a fundação disse que a liberação dos recursos ficará suspensa "até que sejam averiguados completamente os fatos denunciados", referindo-se à reportagem sobre a distribuição dos flyers publicada no G1.
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Parte interna do folheto que tinha o apoio da Fapesp
(Foto: Reprodução)
A assessoria de imprensa da Fapesp informou que a entidade continua a avaliação do projeto. Do total de R$ 68.312,68 previstos para o estudo, R$ 13.663,85 foram bloqueados.
De acordo com o abaixo-assinado, o projeto "não encoraja nem promove o uso de ecstasy. Nosso objetivo é incentivar comportamentos menos arriscados já que o consumo de ecstasy pode trazer problemas. Nós, que assinamos esta petição, apoiamos o projeto e suas coordenadoras, Maria Teresa Araujo Silva, 67, professora titular de psicologia da USP e Stella Pereira de Almeida, 43, pós-doutoranda de psicologia na USP".
A molécula de ecstasy é uma metanfetamina, um parente químico muito próximo das anfetaminas, e funciona como estimulante. A droga é consumida principalmente por jovens de classe média e alta. O projeto "Baladaboa" desenvolveu oito versões dos panfletos.