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G1

Abaixo-assinado em favor de flyer sobre ecstasy tem 850 signatários (1 notícias)

Publicado em 02 de julho de 2007

Por Simone Harnik

Fapesp suspendeu verba para projeto de redução de danos com uso da droga.

Sociedade Brasileira de Psicologia manifestou apoio ao estudo.

Pesquisadores e entusiastas da política de redução de danos no uso de drogas se mobilizaram em favor de uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), o projeto "Baladaboa". O estudo, que distribuía flyers em universidades e casas noturnas orientando jovens sobre como diminuir os riscos na utilização de ecstasy, teve os recursos suspensos pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e agora contabiliza mais de 850 assinaturas na defesa de sua manutenção.

Flyers sobre a redução de danos no uso de ecstasy, suspensos pela Fapesp

De acordo com a pesquisadora responsável pelo projeto, Stella Pereira de Almeida, o abaixo-assinado não foi de sua iniciativa. "Uma pessoa que não conheço entrou em contato por e-mail, achando que era um absurdo a suspensão. Eu imagino que a Fapesp vai rever essa decisão, depois de tanta manifestação da comunidade científica e de pessoas não leigas", diz.

Entre os apoios recebidos está uma carta da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP) publicada no site do projeto e carimbada pelo presidente da entidade, Brigido Vizeu Camargo. O G1 tentou contado com a SBP, mas não conseguiu.

O documento afirma que a pesquisa "por um lado, lida com um tema polêmico, de fortes implicações sociais, ou seja, a aplicação da estratégia preventiva de Redução de Danos (RD) em usuários da droga ecstasy" e "por outro, conta com a seriedade e a competência das pesquisadoras e das instituições envolvidas, incluindo a Fapesp que analisou e aprovou a execução do projeto".

A Fapesp suspendeu no dia 18 de junho a liberação de verbas para o projeto de pesquisa. Por meio de uma nota, a fundação disse que a liberação dos recursos ficará suspensa "até que sejam averiguados completamente os fatos denunciados", referindo-se à reportagem sobre a distribuição dos flyers publicada no G1.


Reprodução

Parte interna do folheto que tinha o apoio da Fapesp
(Foto: Reprodução)

A assessoria de imprensa da Fapesp informou que a entidade continua a avaliação do projeto. Do total de R$ 68.312,68 previstos para o estudo, R$ 13.663,85 foram bloqueados.

De acordo com o abaixo-assinado, o projeto "não encoraja nem promove o uso de ecstasy. Nosso objetivo é incentivar comportamentos menos arriscados já que o consumo de ecstasy pode trazer problemas. Nós, que assinamos esta petição, apoiamos o projeto e suas coordenadoras, Maria Teresa Araujo Silva, 67, professora titular de psicologia da USP e Stella Pereira de Almeida, 43, pós-doutoranda de psicologia na USP".

A molécula de ecstasy é uma metanfetamina, um parente químico muito próximo das anfetaminas, e funciona como estimulante. A droga é consumida principalmente por jovens de classe média e alta. O projeto "Baladaboa" desenvolveu oito versões dos panfletos.