“Ele diz aos linfócitos T [um tipo de glóbulo branco] para parar de reagir à infecção depois de um tempo, para que a reação não seja excessiva.No entanto, em casos de câncer, sepse e COVID-19 grave, o PD-1 faz com que as células T parem de funcionar antes que a doença seja resolvida e, portanto, precisa ser bloqueada”, disse Pedro Moraes-Vieira, um dos líderes do estudo.Moraes-Vieira é professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-UNICAMP) em São Paulo, Brasil, apoiado pela FAPESP.
Outro coautor é Gustavo Gasta Davanzo, doutorando do IB-UNICAMP com bolsa da FAPESP.
“São tratamentos muito caros, mas acreditamos que pode ser uma opção viável porque não há tantos pacientes graves como havia no início da pandemia, desde que estudos posteriores confirmem que é seguro para pacientes com COVID-19. 19”, Moraes – disse Vieira.
coronavírus do rato
A hipótese testada no estudo surgiu quando pesquisadores uruguaios (coautores do artigo) perceberam que camundongos que não expressavam a proteína TMEM176D reagiam de forma mais aguda à infecção pelo MHV-A59.Essa proteína regula os inflamassomas, complexos proteicos formados pelo sistema imunológico inato para desencadear a inflamação como arma contra tumores, vírus e bactérias.
A ativação do inflamassoma é mais intensa sem TMEM176D.Mais citocinas inflamatórias são liberadas, incluindo a interleucina-1 beta (IL-1β), conhecida por desempenhar um papel no curso grave da COVID-19 (mais em: agencia.fapesp.br/34732/).
“A liberação excessiva de IL-1β leva à disfunção dos linfócitos T, que chamamos de esgotamento das células T”, disse Moraes-Vieira.“Essas células são tão fortemente ativadas que não conseguem mais responder adequadamente.Isso é comum em doenças virais crônicas, como o COVID-19 grave, como descobrimos em um estudo no início da pandemia.”
O artigo de pesquisa em questão, publicado em 2020 na Cell Metabolism, é um dos artigos mais citados publicados nesta revista nos últimos três anos e levou a equipe uruguaia a propor uma parceria (mais em: agencia.fapesp.br/ 33296/ ).
Em camundongos, o tratamento com um inibidor de PD-1 restaurou a funcionalidade das células T.Além disso, os pesquisadores tiveram acesso ao sangue de doadores saudáveis e pacientes com COVID-19 internados em duas instalações em Montevidéu, capital do Uruguai.
Experimentos envolvendo células saudáveis infectadas com SARS-CoV-2 foram realizados no Laboratório de Pesquisa de Novos Vírus (LEVE) da UNICAMP, liderados pelo professor José Luis Proena Mdena, coautor do artigo, com apoio da FAPESP.
Em ensaios com amostras de sangue humano, apenas células obtidas de pacientes em terapia intensiva se beneficiaram da administração de atezalizumabe, o inibidor de PD-1 usado no estudo.Isso ocorreu devido à ativação excessiva da inflamação levando à exaustão e disfunção da imunidade adaptativa nesses pacientes.
Os pesquisadores alertam que os resultados devem ser tratados com cautela.Estudos envolvendo pacientes com câncer que foram tratados dessa forma antes de contrair o COVID-19 não mostraram nenhum benefício ou resultados negativos.
Em um estudo, o uso de terapia antes de uma infecção viral não melhorou o COVID-19.Em outro estudo com 423 pacientes, houve mais internações e doenças mais graves entre os que receberam o inibidor.Por outro lado, ensaios clínicos de inibidores de PD-1 em pacientes com sepse mostraram que a terapia é segura.Portanto, mais pesquisas serão necessárias para obter uma compreensão mais profunda dos efeitos do tratamento no contexto do COVID-19.