A situação da ciência no Brasil, segundo um relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), está defasada em relação ao crescimento da economia.
De acordo com o estudo, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento cresceram apenas 10% entre 2002 e 2008, indo de 0,98% para 1,09% do Produto Interno Bruto (PIB). No mesmo período, a expansão do PIB foi de 27%, passando de R$ 2,4 trilhões para R$ 3 trilhões.
Esta é a primeira vez que a Unesco dedica um capítulo do seu trabalho sobre a ciência mundial para tratar exclusivamente do Brasil.
O relato do panorama brasileiro foi elaborado por Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e Hernan Chaimovich, diretor executivo da Fundação Butantã.
Uma revelação importante da publicação é a de que o governo Lula não atingiu o percentual de 2% para pesquisa científica, como havia sido prometido em 2003.
Essa é uma das causas de o Brasil não ombrear com as principais economias do mundo em inovação e registro de patentes, ficando abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em financiamentos públicos para o setor científico.
Apesar de liderar tais investimentos em relação aos países da América Latina, com maior alocação de verbas nos últimos anos, a situação histórica deixa o país numa colocação pouco cômoda em face dos países desenvolvidos e até mesmo na comparação com os emergentes.
A Índia, por exemplo, em 2009 registrou 679 patentes. O Brasil, no mesmo ano, efetuou apenas 103 registros.
A radiografia da Unesco mostra que precisamos avançar. Melhorar a educação, incentivar o setor de pesquisa e inserir o país no mapa mundial da produção científica são metas urgentes.
Por Correio do Povo - RS - Editorial