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A primeira vacina de DNA

Publicado em 27 setembro 2021

Por Eduardo Geraque | revista Pesquisa FAPESP

Índia desenvolve e aprova imunizante contra a covid-19 baseado em nova tecnologia

A prolongada crise sanitária causada pela pandemia continua acelerando o desenvolvimento de novos tipos de vacinas. Depois de a covid-19 ter sido alvo no final de 2020 das primeiras vacinas baseadas na ação do RNA mensageiro (mRNA) aprovadas para uso em humanos, um novo avanço significativo na área de imunizantes foi obtido em agosto deste ano: a farmacêutica indiana Zydus Cadila conseguiu aprovar de forma emergencial a primeira vacina de DNA diretamente injetado no corpo humano, também voltada para o combate do Sars-CoV-2. Essa tecnologia é estudada desde os anos 1990 e, até agora, era utilizada no campo veterinário. Existem pelo menos mais 10 candidatos a imunizantes contra a covid-19 em testes que usam moléculas circulares de DNA, os chamados plasmídeos, como plataforma para desenvolver vacinas contra a doença.

A vacina indiana de DNA, denominada ZyCoV-D, será utilizada de forma emergencial entre os indianos. Ela deve ser administrada pela pele, com um dispositivo que não usa agulha e em três doses, com um intervalo de 28 dias entre as aplicações. O imunizante se destina a pessoas com mais de 12 anos. Seus testes de fase 3 estão sendo feitos com mais de 28 mil pessoas e os dados preliminares indicam uma proteção de 67% contra o aparecimento de casos sintomáticos da altamente transmissível variante Delta do Sars-CoV-2, originária da Índia. Mesmo com eficácia inferior às vacinas de mRNA, o resultado é relevante. “Esse é um passo realmente importante na luta para derrotar a covid-19 globalmente, porque demonstra que temos outra classe de vacinas para usar”, disse à revista Nature o imunologista pediátrico Peter Richmond, da Universidade da Austrália Ocidental em Perth, não envolvido no desenvolvimento do produto.

Segundo o imunologista Gustavo Cabral de Miranda, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), as vacinas de DNA apresentam características interessantes. “Elas podem ser arquitetadas de forma a gerar uma resposta imunológica extremamente eficiente e completa, principalmente na ativação das células T [que compõem a resposta imunitária celular, tão importante no combate ao vírus quanto os anticorpos]”, afirma Miranda.

Veja o texto na íntegra: Revista Pesquisa Fapesp

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