A universidade é uma instituição de ensino, de formação de profissionais de nível superior, de pesquisa como produtora de novos conhecimentos, de extensão e de cultivo do saber, tendo um papel fundamental no equilíbrio e no desenvolvimento social. Os indicadores de excelência de uma Universidade baseiam-se fundamentalmente no impacto e relevância da pesquisa produzida, na qualidade de ensino, na titulação do corpo docente, na formação de recursos humanos competitivos para enfrentar os desafios com foco nos grandes problemas nacionais, inovação e transferência de conhecimento com abordagens multi, inter e transdisciplinares de forma a responder aos anseios da sociedade e promover o desenvolvimento com sustentabilidade. Para responder a estes desafios a Universidade no mundo contemporâneo precisa de forte engajamento internacional, alta mobilidade de recursos, formação de recursos humanos qualificados, novas ideias, desenvolvimento e transferência de tecnologias, inovação, infraestrutura de pesquisa, planejamento de desenvolvimento institucional sólido e articulado. A Unesp, no período de 2009 a 2013, galgou 48 posições, segundo publicação da Scimago IR e 100 posições na avaliação do ARWU-Shangai. O QS University Rankings mensurou as universidades da América Latina, usando metodologia adaptada à região. Dentre as 100 melhores universidades da América Latina, a Unesp passou de 17 em 2012 para o honroso 11º lugar em 2013.
Usando classificação das melhores universidades dentre os países emergentes (BRICS), a UNESP posiciona-se em 870 lugar, onde foram classificadas apenas 4 Universidades Brasileiras (100 melhore/s). Outra abordagem da classificação de excelência realizada pelo Times Higher Education compara as universidades jovens com menos de 50 anos. Neste contexto, apenas duas universidades brasileiras estão entre as 100 melhores do mundo e, dentre elas, a UNESP. Estes dados corroboram com o potencial de crescimento da UNESP, considerando-se que é uma universidade descentralizada, heterogênea, multi-campi e bastante jovem.
Um dos pilares de sustentação para o crescimento da Unesp é a evolução exponencial das publicações de artigos científicos em periódicos indexados em bases de dados internacionais e qualificação da pesquisa desenvolvida pelos docentes/pesquisadores. A comparação da produção científica da UNESP no período de 2005-2012, segundo a Base de dados SCOPUS e ISI, respectivamente aponta indicadores com crescimento de 38% no período (SCOPUS) e 41 % (ISI). Estes dados confirmam o aumento da contribuição da pesquisa desenvolvida da UNESP para o país. Tomando por base a produção vinculada ao CV Lattes, observa-se no período de 2008- 2012 uma produção total de 31.131 artigos. Destes, 43% (13.277) estão vinculados ao Journal Citation Reports (JCR), que é um recurso que permite avaliar e comparar a qualificação das publicações científicas utilizando dados de impacto dos periódicos onde são divulgados os artigos científicos. Além disto, a estratificação destas publicações, considerando qualificação dos periódicos segundo base de dados da CAPES, indica que o número de publicações em periódicos de alto impacto (A1 e A2) foi de 33%.
Esta produção reflete a realidade dos grupos de pesquisa da UNESP, que possui 760 grupos de pesquisa distribuídos em 8 áreas de conhecimento. No entanto, destes observa-se que apenas 15% são considerados grupos consolidados, 19 % estão em consolidação, 5% estão em formação e 61 % estão não estratificados. Estes indicadores mostram que esta distribuição entre as áreas do conhecimento ainda é bastante heterogênea. Para isto, a PROPe tem dedicado um olhar estratégico para as condições de trabalho e definido política para implementação, fortalecimento, integração e internacionalização dos grupos atuantes em áreas temáticas de fronteira.
Outro aspecto importante para a avaliação da evolução da pesquisa é a captação de recursos financeiros em órgãos de fomento externos a UNESP. Os valores investidos pela FINEP na infraestrutura da Unesp no período de 2009-2013 totalizaram R$ 43.580.181,00, um aumento de aproximadamente 420% em relação ao quadriênio anterior. Isto teve como alicerce o estabelecimento de normas e valorização dos grandes projetos que permitiram uma seleção de propostas adequadas ao desenvolvimento Institucional. O total de captação na FAPESP também foi significativo nos últimos anos. Observa-se no mesmo quadriênio um crescimento de 31 % no financiamento de projetos regulares, e 40 % nos projetos temáticos. A captação de recursos junto ao CNPq também foi significativa. A qualificação da pesquisa desenvolvida por docentes / pesquisadores da UNESP reflete no aumento de 9% dos pesquisadores (PQ) com bolsa de produtividade, quando se compara 2011 com 2013, aliada ao crescimento de 33% nos níveis de pesquisadores CNPq mais qualificados (1A) no mesmo período.
A Pró-Reitoria de pesquisa gerenciou ainda o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/PIBIT), outorgado pelo CNPq e contrapartida Institucional. Em 2013 foram contempladas 660 bolsas PIBIC/CNPq e 500 bolsas PIBIC/Reitoria UNESP; 50 bolsas PIBITI, e 150 PIBIC/ENSINO MÉDIO/Júnior patrocinadas pelo CNPq e 260 Bolsas PIBIC/balcão obtidas de demanda dos docentes/pesquisadores da UNESP. O programa é consolidado, estimula sobremaneira o trabalho científico junto aos alunos de graduação e ensino médio. Os recursos para este Programa totalizaram R$ 5.353.200,00.
Com base em diagnósticos de pesquisa na UNESP produzidos em 2012, a PROPe desenvolveu as atividades propostas em quatro grandes programas inseridos no Plano de Desenvolvimento Institucional- PDI. Para isto, norteou todas as atividades de forma a propiciar o aumento e qualificação da produção científica por ações pertinentes, bem como contribuiu para a infraestrutura adequada em todas as áreas do conhecimento, com o intuito de incentivar a pesquisa na Universidade.
Aproveitando as palavras de Paulo Freire: “A Universidade tem de girar em torno de duas preocupações fundamentais, de que se derivam outras e que têm relação com o ciclo do conhecimento. Este, por sua vez, tem apenas dois momentos que se relacionam permanentemente: um é o momento em que conhecemos o conhecimento existente, produzido; o outro, em que produzimos o novo conhecimento. Ainda que se insista na impossibilidade de separarmos mecanicamente um momento do outro, ainda que se enfatize que são momentos do mesmo ciclo, me parece importante salientar que o momento em que conhecemos o conhecimento existente é preponderantemente o da docência, o de ensinar e aprender conteúdos e o outro, o da produção do novo conhecimento, é preponderantemente o da pesquisa. Na verdade, porém, toda docência implica pesquisa e toda pesquisa implica docência. Não há docência verdadeira em cujo processo não se encontre a pesquisa como pergunta, como indagação, como curiosidade, criatividade, assim como não há pesquisa em cujo andamento necessariamente não se aprenda porque se conhece e não se ensina porque se aprende”.
O desafio de quem educa é instigar o pensamento crítico, com base em métodos, dando ao estudante autonomia de pensamento, ensinando-o a aprender de uma maneira mais correta, mostrando-lhe a necessidade da pesquisa, do saber metodológico, despertando sua curiosidade e aguçando o pensamento crítico.
Maria José Soares Mendes Giannini é pró-reitora de Pesquisa da Unesp.