por Henrique Praxedes
Sob constante metamorfose do mercado, a cada dia nos reinventamos e construímos novos sistemas e mecanismos para estarmos sempre à frente. Diante desta nova fase do desenvolvimento, a constante inovação mantem-se como fator determinante para o sucesso e principalmente para a consolidação de uma marca.
A mudança de pensamento sobre a inovação e criatividade
A sociedade chegou à sua nova forma de organização, passando do período da revolução industrial e entrando na era da informação e redes. Essas mudanças foram significativas na forma de atuação do mercado, mudando drasticamente o perfil dos novos consumidores e, principalmente, fazendo com que empresas mudassem sua forma de atuação.
Entre 2009 e 2010 a IBM ouviu mais de 1.500 Chief Executive Officer (CEOs) em todo o mundo sobre as realidades e desafios do momento em que vivemos. Nessa visão reveladora das agendas dos líderes empresariais e do setor público globais, três perspectivas amplamente compartilhada ganham relevância.
Os líderes mundiais dos setores público e privado acreditam que uma rápida expansão da “complexidade” é o maior desafio que estão enfrentando. Preveem que isso continue?—?e, certamente, se acelere?—?nos próximos anos.
Têm idêntica clareza de que suas empresas, hoje, não estão equipadas para lidar de maneira eficaz com essa complexidade no ambiente global.
Finalmente, identificam a “criatividade” como a mais importante competência distinta de liderança para as empresas em busca de um caminho em meio a essa complexidade.
Esses desenvolvimentos pioneiros exigem um grau de criatividade e inovação sem precedentes, aspecto que se tornou uma qualidade de liderança mais importante do que atributos como disciplina de gerenciamento, rigor ou tino operacional e é esse nível sem precedentes de interconexão e interdependência que sustenta as comprovações mais importantes contidas neste relatório.
Panorama nacional e mundial em P&D
Estamos cada vez mais na era da informação, do conhecimento e principalmente da Inovação. Por meio dela, marcas admiradas se fortalecem, e aumentam sua eficiência no mercado com maior produtividade e gerando novos postos de trabalho, agregando melhores condições para a economia.
O investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) está cada vez mais presente no cenário mundial. De acordo com ranking divulgado por Richard Florida¹ (2010), a Suécia que investe 4,27% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em P&D, sendo a líder na Europa em estatísticas comparativas em termos de investimentos em pesquisa como em percentagem do PIB.
O Brasil por sua vez, aparece em 43° lugar atrás de Uruguai, Polônia, China, Argentina, Turquia, Chile, Índia e México. De acordo com Índice Fiesp de Competitividade das Nações, o gasto em P&D no Brasil subiu de 0,9% do PIB em 1997, para aproximadamente 1,1% em 2008 e de acordo com dados do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) em 2010 o Brasil obteve o índice de 1,6% do PIB de investimento em P&D.
Brasil: desafios, oportunidades e como reverter esse cenário
Atualmente temos um modelo ultrapassado de gestão da inovação. Nossas empresas, de modo geral, têm dado pouca importância à questão quando ela deveria estar no centro das atenções.
Aprimorar e ampliar o financiamento reembolsável e não reembolsável à inovação, reestruturando os incentivos fiscais à inovação tecnológica e permitindo a utilização por empresas de lucro presumido sendo necessário aumentar investimentos em Tecnologia Industrial Básica (TIB) pode ser o caminho para a mudança, reforçando o suporte à propriedade intelectual e, não menos importante, reconhecendo efetivamente a educação como parte primordial do Sistema Nacional de Inovação.
Para Ometto² (2011) quem apenas faz “mais do mesmo” pode até ter uma longa sobrevida no mercado e auferir ótimos lucros, mas jamais será “top”. Já aquele que inova tem muito mais capacidade de superar crises, porque é realmente especial e traz a competitividade em sua essência, e conclui que para o micro e pequeno empresário brasileiro, que corresponde por 99% do total de companhias abertas no país e gera mais de 50% dos empregos formais a inovação é crucial, mas o acesso a ela é difícil, já arcam com fatores que prejudicam sua competitividade no contexto global, como: pesada carga tributária, dificuldade para obter financiamento, encargos trabalhistas excessivos, burocracia. Na hora de investir em algo novo, é normal que lhe falte fôlego.
Por outro lado, o governo brasileiro está criando uma cultura pró-inovação, utilizando-se de recursos públicos para investir em projetos de inovação pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, BNDES, FINEP, CNPq e FAPESP chegando a 7,219 bilhão de reais em 2010, ou 1,6% do PIB no mesmo ano, o que ainda está longe do ideal.
O desafio de aprimorar a cultura de investimento em P&D deve começar com a divulgação e capacitação dos empresários sobre os benefícios e os instrumentos de apoio à inovação existente, ampliar os programas de incentivo e simplificar o acesso aos recursos destinados para inovação, em especial, para que haja também um aumento do dos investimentos privados, afinal, a inovação é hoje uma questão de sobrevivência.
A inovação organizacional pelo design
O design hoje é visto como uma ferramenta organizacional, e por esta nova concepção entendo que os complexos problemas que enfrentamos não podem ser resolvidos com base no modo de pensar que os gerou, precisamos criar um ponto de partida para a solução destes problemas, utilizando maneiras diferentes e não tradicionais. O ponto de partida para a solução dos problemas é a inovação, e o design deve ser utilizado para gerir com maior eficiência o processo de pesquisa e desenvolvimento, inserindo a cultura do continuo processo de inovação.
Você não sacrifica a experiência pelo crescimento; você impulsiona o crescimento a partir da qualidade da experiência, e este é o papel do design, ir além da criação de formas e criar a identidade da marca para diferencia-lá e posiciona-lá no mercado.
Kiss³ (2010) afirma que os modelos tradicionais de gestão, bem-sucedidos no passado, são hoje muito rígidos para atender aos novos desafios e oportunidades e destaca que o design, aplicado como um processo multidisciplinar de inovação, é passível de ser gerenciado e implementado, e o Design Thinking é essencialmente um processo de inovação centrado em aspectos humanos, cujos métodos como observação, colaboração, conhecimento, visualização, prototipagem e análises incitam a inovação e delineiam as estratégias empresariais promovendo, assim, a decisão sobre o que deve ser produzido.
Através da integração do que é desejado sob a ótica dos aspectos humanos, em conjunto com o que é tecnologicamente praticável e economicamente viável, os designers foram capazes de criar produtos e marcas admirados. Design Thinking amplia este espectro de atuação, empregando a metodologia para um universo mais amplo de problemas, deslocando a atitude de ser designer para pensar como designer.
O formato no qual nossas empresas e instituições foram concebidas, não funcionam mais, corporações, sistemas financeiros, meio ambiente, saúde, educação são categorias que precisam de uma revisão, em que inovações incrementais não serão suficientes para enfrentar o nível de complexidade exigido por estas transformações. Faz-se necessário uma transformação do negócio em si, em que processos mais eficientes, mobilizem o capital humano e posicionem o negócio acima da curva evolutiva.
REFERÊNCIAS
¹Florida, Richard 2010, O Vôo da Classe Criativa, Harper Business, USA. ²Ometto, J 2011, Inovar é viver, Jornal do Commercio, Rio de Janeiro. ³Kiss, Ellen 2010, Design Thinking: design como inspiração para inovação e transformação organizacional, Design Brasil, Acessado em 20 de maio de 2011, http://designbrasil.org.br/ blog/design-thinking-design-como-inspiracao-para-inovacao-e-transformacao-organizacional