Ele é potiguar, mas vive em São Paulo há 33 anos, onde trabalha na USP, na área de História do Brasil Contemporâneo, desenvolvendo atualmente pesquisas sobre caricatura e sua relação com a história brasileira. No início de carreira, Marco Silva chegou a trabalhar na Redação dá TRIBUNA DO NORTE, logo após esse período, segui para a capital paulista. Ele conversou com a reportagem sobre a importância de Câmara Cascudo e sua obra.
TRIBUNA 00 NORTE
Fale um pouco sobre o Dicionário Crítico de Câmara Cascudo.
MARCO SILVA - É uma obra coletiva que conta noventa e um colaboradores. Traz vários verbetes; cada um deles analisa um dos livros de Câmara Cascudo. É uma apresentação geral da obra dele feita por especialistas. Há também a participação de instituições culturais de quinze estados. Comecei a organizar o Dicionário em 1999 e o lançamento nacional é aqui em Natal. Cascudo tem livros que são clássicos do pensamento do século 20.
TN - Como você analisa a presença da obra de Câmara Cascudo hoje no Brasil no meio acadêmico? As novas gerações estudam Cascudo?
MS - Por um lado tem os trabalhos de reedição de alguns de seus livros, o que ajuda a divulgar sua obra. Na universidade, principalmente na pós-graduação, Cascudo tem sido estudado. Livros como "A História da Alimentação no Brasil", "Locução Tradicionais no Brasil" e "Coisas que o Povo Diz" são considerados pioneiros nessa área. Já os estudantes da graduação conhecem menos a sua obra.
TN - Recentemente durante uma entrevista com o editor potiguar Abimael Silva (Sebo Vermelho), o apresentador Jô Soares, famoso por seu conhecimento enciclopédico, deu pistas de não conhecer Cascudo.
MS - Câmara Cascudo importante, mas entre um público não especializado é menos conhecido que Gilberto Freire, por exemplo. Isso faz com que num trabalho de divulgação maior de sua obra. Penso que as reedições são muito úteis na tarefa de divulgá-lo. Espero que o meu Dicionário ajude nesse sentido. A imprensa tem feito grandes matérias sobre Cascudo; registrado os relançamentos e até mesmo comentado. Recentemente, o caderno Mais!, da Folha de S. Paulo, dedicou várias páginas a ele.
TN - Além da Fundação José Augusto e da UFRN, duas instituições paulistas lhe deram apoio para a realização do livro.
MS - A Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) e a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP me apoiaram. O apoio financeiro dessas instituições de São Paulo é uma prova do respeito que Cascudo tem fora de Natal. A Fundação de Estudos Brasileiros (FEB), da USP, que preserva o acervo de Mário de Andrade, também tem muito respeito pela obra de Cascudo, tanto que guarda em seu acervo seus livros e a correspondência com Mário de Andrade.
Notícia
Tribuna do Norte (Natal, RN)