Criada em 1962 pelo governo Carvalho Pinto com a mesma filosofia que já havia propiciado a formação da USP, três décadas antes, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), é uma dessas iniciativas sensatas, iniciadas na hora certa e resultam em progresso material e bem-estar social.
No começo dos anos 60, a consolidação do parque industrial paulista exigia a expansão da pesquisa tecnológica e a USP, com um orçamento limitado, estava sem condições de promovê-la com recursos próprios. A saída encontrada por Carvalho Pinto para não frear a industrialização de São Paulo foi dar à Fapesp 1% do orçamento da receita tributária estadual, permitindo-lhe assim financiar programas regulares de pesquisa. Além disso, o governador também destinou uma vultosa quantia para que a entidade aplicasse em imóveis e mercado de capitais e usasse os juros e alugueis para financiar bolsas de pós-graduação no exterior. Com esses recursos, nas últimas quatro décadas a Fapesp já concedeu 59,7 mil bolsas e 60,1 mil auxílios à pesquisa, o que levou as universidades paulistas a se tornarem responsáveis por 80% das pesquisas de ponta hoje em andamento no País. E São Paulo hoje é o carro-chefe de toda a Federação.
Atualmente, a entidade mantém 250 projetos em funcionamento, cobrindo quase todos os setores do conhecimento. Depois que ela deixou de se limitar a recebei e julgar pedidos de apoio, passando a pautar os pesquisadores e os estimulando a trocar informações com empresas, financia até um projeto de muita visibilidade, o do Genoma. Primeiro do gênero desenvolvido fora do eixo Estados Unidos - Europa - Japão, ele envolve 35 laboratórios de pesquisa paulistas e já resultou no seqüenciamento genético da bactéria Xyllela fastidiosa, causadora da praga do amarelinho, criando assim condições para revolucionar a citricultura brasileira e aumentar ainda mais as exportações do setor.
O sucesso alcançado pela Fapesp se deve a duas importantes medidas, uma das quais foi especialmente concebida para evitar que a instituição, como ocorre em todo o setor público, fosse minada pelo empreguismo e fisiologismo. Pela lei que a criou, seus custos administrativos não podem exceder 5% do valor investido em pesquisa. Por isso, a Fapesp sempre teve de trabalhar com um corpo de pessoal enxuto e qualificado.
A segunda medida é sua interação com a comunidade cientifica. Cada área do conhecimento tem uma comissão de docentes responsável pelo julgamento dos pedidos de bolsa e auxílio e cada pedido é sempre avaliado por professores reconhecidos como os mais capazes por seus próprios pares. O detalhe é que todos trabalham de graça. Só nos quatro primeiros meses deste ano, a entidade já avaliou mais de 15 mil processos.
Pela importância de sua atuação no desenvolvimento de São Paulo e, por extensão, de todo o País, em apenas quatro décadas a Fapesp tornou se um centro de excelência que deve servir de modelo para todos os demais setores da administração pública nacional.
Notícia
Jornal da Tarde