Os primeiros computadores brasileiros a serem conectados à internet foram os das universidades, no final da década de 80. Diferente de outros países, no entanto, no Brasil as Organizações Não-Governamentais também foram importantes na implantação da rede.
O pioneirismo da internet no país coube à Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), que em 1989 conectou seus computadores ao Laboratório de Física de Altas Energias (Fermilab) da Universidade de Chicago. Os bolsistas apoiados pela Fapesp que conheciam a internet em universidades no exterior pediam para ter acesso à Rede.
Na época, a Fapesp se conectou à rede Bitnet, que surgiu em 1981 para interligar mainframes de universidades dos Estados Unidos mas que no final da década de 1980 se estendia por vários países e se conectava à internet. A Bitnet permitia apenas a troca de mensagens por correio eletrônico ou em grupos de discussão.
Em 1989, o governo federal criou a Rede Nacional de Pesquisas (RNP), para interligar as redes que estavam sendo criadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Em 1991, a RNP começou a funcionar, com o objetivo de dar acesso à internet a todos os centros de pesquisa do país.
Paralelamente ao esforço das universidades e do meio acadêmico, as ONGs também tentavam se conectar à rede. Durante sua experiência no exílio, os sociolólogos Herbert de Souza e Carlos Alberto Afonso, fundadores do Ibase, perceberam em universidades do Canadá que o computador poderia ser usado como instrumento de comunicação.
Em 1989, foi fundado o Alternex, uma BBS que, além de permitir a troca de mensagens entre os brasileiros, era conectada ao servidor da ONG norte-americana APC que, por sua vez, possuía uma conexão com a internet. Nessa época, o Alternex fazia à noite uma ligação telefônica internacional para os Estados Unidos e, através do protocolo UUCP, baixava mensagens de correio eletrônico e dos grupos de discussão da Usenet.
Com a realização da conferência Eco 92, o Alternex conseguiu apoio da ONU para comprar um computador Unix e estabelecer uma conexão TCP/IP com a internet. O Alternex forneceu a infra-estrutura de redes durante o evento e após o seu fim se transformou no primeiro provedor de acesso privado, embora não-comercial. Apenas quem era ligado a uma ONG tinha acesso direto ao Alternex, mas várias BBS ofereciam contas de correio eletrônico através dele.
- Com o Alternex, conseguimos divulgar no exterior temas como o assassinato de Chico Mendes e entrar em contato com o problema no Timor Leste. E não é à toa que a internet no Brasil foi precipitada por uma ONG, pois o governo não se preocupava com isso - conta Paulo Henrique Lima, que trabalhava no Alternex na época.
Em maio de 1995 o Ministério das Telecomunicações liberou a exploração comercial internet no Brasil, permitindo a criação dos provedores privados. Os primeiros provedores eram empresas pequenas, mas grandes companhias como UOL, Zaz e IG foram criadas. O resultado: estima-se que atualmente existam mais de 14 milhões de internautas no Brasil.
Notícia
Jornal do Brasil