RESUMO
A escrita estimulou mudanças significativas na época da sua invenção que ainda conservar-se nos dias atuais. É indiscutível que hoje, a sociedade evoluiu graças a tecnologia que impera em nosso meio transformando de forma definitiva o modo pelo qual as pessoas se comunicam. A tecnologia trouxe a internet para mudar completamente a visão antiga que se tinha sobre meios comunicacionais. Dentre as mudanças que ela trouxe, a escrita foi uma delas, tanto que hoje se fala sobre escrita/linguagem virtual. Pretende-se apresentar teoricamente, os estudos de renomados autores sobre a evolução da internet, da escrita, as principais mudanças que a escrita vem sofrendo graças à internet e como a escola pode alterar esse quadro.
Palavras-chave: Internet. Escrita. Tecnologia.
RESUMEN
La escrita estimuló cambio significativo em la época que aún se conserva em los días actuales. Es indiscutible que hoy, la sociedad evoluciona gracias la tecnologia que impera em nuestro medio conviertiendo de manera definitiva em la manera por en las que las personas si comunican. La tecnología he traído para cambiar por completo la visión antigua que se tenía acerca de los medios de comunicaciónes. De entre los cambios que ella he traído, la escrita fue una de esas, tanto que hoy si habla sobre escrita/lenguage virtual. Se pretende presentar en teoria, los estúdios de renombrados autores sobre la evolución de la internet, de la escrita, los principales cambios que la escrita viene sufriendo gracias la internet y cómo la escuela puede cambiar ese cuadro.
Palabras – llave: Internet. Escrita. Tecnología.
. INTRODUÇÃO
A internet mudou o mundo nos últimos anos, todos os meios de comunicação avançaram e ainda avançam expressivamente, proporcionando uma interação maior entre os internautas. A vida das pessoas nunca mais foi a mesma ao se darem de “frente” com tal tecnologia.
As mudanças foram muitas: a forma de transmissão do conhecimento, o modo de fazer amizades, fazer compras, na educação dos filhos, a forma de ler, escrever etc.
A lista certamente não se encerra por aqui, mas dentre as mudanças que a internet proporcionou, o enfoque deste trabalho será na mudança que a tecnologia trouxe à vida das pessoas no âmbito da escrita. Para muitos é impossível não se deixar influenciar de maneira negativa nesse quesito pela internet.
É de conhecimento de todos que os brasileiros têm uma média baixa de escolaridade, com o advento da internet e consequentemente ao acesso às diversas redes sociais (Facebook, blogues, Skype, e-mail etc.), essa realidade ficou bem mais exposta. O mau uso da língua portuguesa juntamente com a leitura cada vez mais em desuso, têm mudado e muito a forma pela qual as pessoas se comunicam, seja de forma oral ou escrita, no que pode atrapalhar no mercado de trabalho, na vida acadêmica etc.
Será tratado nesse trabalho, o modo pelo qual as pessoas têm utilizado a internet, as mudanças que esta tem causado e até que ponto ela pode ser considerada prejudicial.
A presente pesquisa possui caráter bibliográfico, pois se baseia em livros, artigos e periódicos. O trabalho está estruturado em três capítulos:
O primeiro capítulo intitulado “O aspecto histórico da evolução da internet” descreve como foi o desenvolvimento dessa tecnologia desde a sua criação até os dias atuais.
O segundo capítulo “A influência da internet na escrita” mostra como nasceu a escrita e como que com o advento da internet, ela mudou e está mudando não somente o mundo virtual, mas também nas rotinas gerais do indivíduo.
No terceiro capítulo “A escola e o ensino da escrita”, apresenta a importância da escola como influenciadora dos alunos para escreverem mais e melhor quando não estiverem utilizando computadores.
. CAPÍTULO I - O ASPECTO HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DA INTERNET
2.1 Conceito de Internet
Segundo o dicionário Aurélio (2001, p. 397), “internet é uma rede de computadores de âmbito mundial, descentralizada e de acesso público, cujos principais serviços oferecidos são o correio eletrônico e a web.” Ou seja, a internet é uma rede mundial de computadores integrados que, por meio dela, informações são transmitidas para qualquer usuário que esteja conectado a ela.
O Ministério da Ciência e Tecnologia, através da Rede Nacional de Pesquisa (RNP) elaborou um Guia do usuário de Internet, que a define da seguinte maneira:
A Internet é um conglomerado de milhares de redes eletrônicas interconectadas, criando um meio global de comunicação. Essas redes variam de tamanho e natureza, bem como diferem as instituições mantenedoras e a tecnologia utilizada. O que as une é a linguagem que usam para comunicar-se (protocolo) e o conjunto de ferramentas utilizadas para obter informações (correio eletrônico, FTP, telnet, WAIS, Gopher, WWW). As informações podem ser encontradas em diferentes formatos e sistemas operacionais, rodando em todo tipo de máquina. (RNP, 1996, p.02).
O conceito de Testa sobre a internet é mais completo:
Um sistema global de rede de computadores que possibilita a comunicação e a transferência de arquivos de uma máquina a outra qualquer, conectada na rede, possibilitando, assim, um intercâmbio de informações sem precedentes na história, de maneira rápida, eficiente e sem a limitação de fronteiras, culminando com a criação de novos mecanismos de relacionamento. (TESTA, 2002, p.08)
O autor define a internet a partir de suas características efetivas, ou seja, reforça a ideia de uma conexão global e bem sistemática. Para ele, a internet permite a troca de informações de um computador a outro de uma forma segura e hábil.
2.2 Desenvolvimento histórico da internet
Conforme Castells:
A história da criação e do desenvolvimento da Internet é a história de uma aventura humana extraordinária. Ela põe em relevo a capacidade que tem as pessoas de transcender metas institucionais, superar barreiras burocráticas e subverter valores estabelecidos no processo de inaugurar um mundo novo. Reforça também a ideia de que no processo de que a cooperação e a liberdade de informação podem ser mais propícias à inovação do que a competição e os direitos de propriedade. (CASTELLS, 2003, p.13)
Enquanto o turbulento período da II Guerra Mundial era marcado pelo desenvolvimento dos computadores eletrônicos, como instrumentos de processamento de cálculos matemáticos destinados aos problemas de balística e de decifração de códigos, os anos da Guerra Fria marcaram o aumento desse escopo, introduzindo os computadores como ferramentas de comunicação e controle de informações (EDWARDS 1996, p.52).
Segundo Gil (2010), a internet surgiu durante o período da Guerra Fria na década de 1960, a partir de um projeto do exército americano. Os principais propósitos eram dois: criar um sistema informacional e de comunicação em rede, que sobrevivesse a um possível ataque nuclear e dinamizar a troca de informações entre os centros de produção científica
O exército americano pensou que um único centro de computação que centralizasse toda informação era vulnerável a um ataque nuclear do que muitos pontos em rede, por certo que a informação estaria espalhada por incontáveis centros de computação pelo país. O embrião da Internet que hoje é conhecido por nós foi então criado e chamado de Arpanet.
De acordo com Castells (2003), o Departamento de Defesa dos Estados Unidos movimentou recursos de pesquisa e envolveu alguns centros universitários de computação para assim criar a Advanced Research Projects Agency (ARPA) em 1958. A Aparnet foi criada por este departamento através de um programa intitulado Information Processing Techniques Office, esses fatos ocorreram no ano de 1962.
Tinha como alvo principal, conforme estabelecera Joseph Licklider, um renomado cientista da computação do Massachusetts Institute University (MIT), o de estimular a pesquisa em computação interativa.
No ano de 1969, os primeiros centros de pesquisa a se conectarem pela Arpanet foram as Universidades da Califórnia, em Los Angeles, a Universidade da Califórnia de Santa Bárbara e a Universidade de Utah. Estima-se que no transcorrer da década de 1970 do século XX já existiam cerca de 20 centros universitários conectados à ARPANET.
A implementação de tal sistema se deu através de uma empresa privada chamada Bolt, Beraneck and Newman formada por professores do MIT, o que já demonstrava as oportunidades de negócios oferecidas aos detentores deste conhecimento altamente especializado (CASTELLS, 2003).
A conexão agenciada pela Arpanet trazia outro acrescimento de relevada importância: o de tornar mais rápido e eficiente o tempo de utilização dos computadores da época de 1960, que eram enormes e muito pesados e de um elevado valor, estimado entre cinco e dez milhões de dólares em cifras atualizadas.
Os de uso de cunho pessoal, os PCs que é como conhecido atualmente, é um estágio adiantado destes computadores que eram chamados de “computadores de tempo compartilhado”. Neste sistema havia um computador central (mainframe) que processava e armazenava todas as informações que eram compartilhadas com inúmeros terminais “burros” (DERTOUZOS, 1997).
Esses terminais “burros” eram utilizados pelos alunos do MIT, por exemplo o Michael Dertouzos que futuramente se tornaria diretor do Departamento de Computação do MIT. Segundo ele, este sistema de compartilhamento permitia a interação entres os usuários, o que levou à formação de uma comunidade que provavelmente foi o começo da Internet que conhecemos atualmente.
Esta comunidade trocava informações, dialogava sobre ciência e também sobre assuntos banais, trocava softwares desenvolvidos por eles mesmos, desenvolvendo assim, uma nova tecnologia de compartilhamento de informações por computadores (DERTOUZOS, 1997).
Dertouzos (1997) relata que quando já era chefe do Departamento de Computação do MIT e este já utilizava a Arpanet, decidiram liberar a conexão para algumas poucas pessoas que não faziam parte da comunidade acadêmica para usarem o correio eletrônico e trocassem arquivos com outros participantes. Eles eram chamados de “turistas”, que segundo o autor deveriam conhecer alguém do MIT que se dispusesse a se responsabilizar por eles.
Em certa ocasião, um congressista descobriu que alguns destes integrantes usavam o correio eletrônico para trocar informações sobre vinhos e que estes criaram uma lista com suas melhores safras. Este fato indignou um político que prontamente passou a pressionar o Departamento de Defesa Norte-Americano, patrocinador do programa de desenvolvimento do Arpanet, para que privassem o que ele considerava como um desperdício de dinheiro público.
Entretanto, Dertouzo relata que resistiu às pressões para criar mecanismos de controle na utilização da Arpanet sob o argumento de que a criatividade de seus colaboradores não poderia ser proibida. Afirma que,
Vários turistas, ainda adolescentes, são hoje respeitados especialistas em tecnologia e informação, tanto na indústria quanto na academia. Outra lição a ser lembrada por quem considera que a juventude atual surfa irresponsavelmente pela web. (DERTOUZOS, 1997, p.64)
De acordo com o julgamento feito pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, o formidável desenvolvimento mundial da rede pode ser resumido da seguinte maneira:
Com o tempo, várias outras redes foram surgindo e se unindo à iniciativa da agência de pesquisas do Departamento de Defesa norte-americano. Em 1983, a ARPANET já era grande demais para atender aos requisitos de eficiência e segurança dos militares. A saída foi abandonar o projeto e fundar uma rede privativa, a MILNET. Ainda nos anos 80, a National Science Foundation criou a CSNET (para a comunidade científica) e junto com a IBM, a BILNET (para estudiosos de matérias não-científicas). A conjunção destas e de outras redes levou o nome de ARPAINTERNET, mais tarde conhecida apenas como Internet. Com a queda nos preços dos equipamentos, a Internet acabou se estendendo aos lares, formando a grande teia de uso comum que conhecemos hoje. Em 1996, esta malha interligava 100 mil redes. (RNP, 2002)
2.3 Internet no Brasil
Abaixo, o resumo da história do surgimento da internet no Brasil e como a conhecemos hoje, segundo o site PROMOSA (2009):
1989
No momento em que a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP) pensou na ideia de contatar com as instituições de outros países para partilhar dados por meio de uma rede de computadores, dava início ao acesso da internet no Brasil e chegou aqui a Bitnet (Because is Time to Network).
A rede conectava a FAPESP ao Fermilab, laboratório de Física de Altas energias de Chicago (EUA), através de retirada de arquivos e correio eletrônico. O serviço foi inaugurado de forma oficial em 1989.
1991
Já com o nome de internet, o sistema foi liberado para acesso a instituições acadêmicas e de pesquisa e também a órgãos governamentais. Nessa época haviam fóruns de debates, acesso de bases de dados tanto nacionais e internacionais e a supercomputadores de outros países, além da transferência de arquivos e softwares, mas tais recursos era para um pequeno grupo de pessoas.
1992
O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) assinou um convênio com a Associação para o Progresso das Comunicações (ACP) autorizando o uso da Internet para ONGs. Ainda no mesmo ano, o Ministério da Ciência e Tecnologia inaugurou a Rede Nacional de Pesquisa (RNP) e estabeleceu o acesso à rede por meio de um “backbone” (tronco principal da rede). Diz Demi Getschko (2015), membro do Comitê Gestor da Internet, em uma entrevista à Folha de São Paulo,
“O problema da internet em relação às outras é que é uma rede interativa. A característica velocidade dessa tecnologia gerava demanda superior à então comportada pelos fios telefônicos de cobre. Então houve uma corrida para expandir as linhas, e isso era antes da web [um dos protocolos de troca de dados da internet, que é usado pelos sites e navegadores.” (GETSCHKO, 2015)
1993
Ocorreu a primeira conexão de 64 kbps à longa distância, estabelecida entre São Paulo e Porto Alegre.
1994
Estudantes da USP criaram inúmeras páginas na Internet.
1995
No dia 1° de maio, os Ministérios das Comunicações e da Ciência e Tecnologia criaram, através de uma portaria, a figura do provedor de acesso privado à internet e liberaram a operação comercial no Brasil, mas apenas para acadêmicos e pesquisadores. No ano posterior os provedores iniciaram a vender assinaturas de acesso à rede.
O limite das conexões discadas era de 56 kbps, suficiente para baixar uma imagem de 100 kbytes em 14 segundos e um filme de 700 megabytes em um dia e quatro horas e isso pagando por minuto.
As linhas de transmissão eram limitadíssimas e ainda nem se pensava em conexões via fibra óptica.
Um dos primeiros conteúdos de sites brasileiros que apareceram foram de notícias. Posteriormente surgiram os de compras, entretenimento e pesquisa. A forma de comunicação e interação nunca mais foi a mesma, os e-mails e salas de bate-papo ajudaram a popularizar a internet.
2.4 Brasileiros on-line
Embora a má condição financeira da maioria dos brasileiros continua sendo um obstáculo para o crescimento referente ao acesso à Internet no país, ainda assim o acréscimo de acessos tem sido constante.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2015, o número de internautas brasileiros ultrapassou 100 milhões nesse mesmo ano.
O total de pessoas com mais de dez anos que se conectaram cresceu 7,1% naquele ano, em relação a 2014. O acréscimo de 6,7 milhões de usuários a população brasileira na internet fez esse contingente saltar para 102,1 milhões
. Assim, em 2015, subiu para 57,5% a porcentagem da população brasileira que navega na rede. No ano anterior, havia sido a primeira vez que mais da metade das pessoas se conectaram à internet. Alcançou o patamar de 54,4%. Foi também em 2014 que o total de domicílios superou a barreira dos 50% chegando a 54,9%.
A internet no Brasil avançou apesar de recuar a adoção nas casas de um dos principais equipamentos usados para navegar na rede. O ano de 2015 registrou a primeira queda no número de domicílios que possuíam computador. O total de casas com acesso a micros caiu de 32,5 milhões para 31,4 milhões (ou de 48,5 para 46,2) entre os anos de 2014 e 2015.
Também recuou a quantidade de residências que tinham PCs conectados à internet no mesmo período. Passaram de 28,2 milhões para 27,5 milhões.
Para o IBGE, “Isso se deve ao crescimento do acesso por meio de outros equipamentos em outros locais que não o domicílio”.
O número de acesso à internet teve um aumento considerável nos primeiros anos dessa década, mas que acabou por reduzir nos últimos dois anos, devido ao esgotamento do acesso entre os brasileiros de classe média, que está alcançado o seu limite.
Para que cresça continuamente, é imperativo a prática de políticas públicas de inclusão digital que disponibilizem estruturas de acesso que vão mais além das redes disponibilizadas pelas empresas privadas em que o acesso é pago e muito caro para a maior parte da população brasileira.
2.5 Fases da internet
Sabe-se que a Internet não adveio com um desenvolvimento linear, mas evoluiu por meio de amplas modificações sucessivas, que podem ser classificadas em grandes fases (MARTINS, 2012) a saber:
? Primeira fase (1965 – 1971)
Durante esses anos, a comunicação entre os computadores foi desenvolvida, a era em que passa a existir o envio de mensagens entre os computadores, ou seja, o tão conhecido e-mail.
Se tornando uma fase revolucionária para aquela época e com certeza para as épocas futuras. A comunicação como o mundo conhecia nunca mais seria a mesma.
? Segunda fase (1980)
Não se pode esquecer que a internet é cíclica, ou seja, quando um determinado ciclo chega ao final, outro começa com algumas mudanças, a mesmice gera frustração. Somente as instituições de pesquisas, as universidades e algumas empresas tinham acesso à internet, era para poucos. No início da década de 1980, a internet começa a se parecer como a conhecemos hoje, mas ainda não de forma comercial.
Somente uns poucos selecionados tinham acesso à internet. Infelizmente ainda existe uma parcela da população que não tem acesso à rede, mas em comparação na década referida, essa situação vem mudando gradualmente.
? Terceira fase (1991)
Nesse ano, a internet é conhecida universalmente. Muitos cientistas irrequietos por publicarem seus artigos e ideias com colegas criam sites sem se preocuparem, inicialmente, com o layout, apenas com o conteúdo em si. Eram constituídos só por textos sem a opção de formatação. Nesta fase, a internet é visivelmente limitada por monitores monocromáticos e modems lentos.
Mesmo com a limitação da internet, todos estavam ávidos para se conectarem com tal tecnologia, o modo ou os poucos recursos não importava desde que pudessem publicar os seus interesses na rede. Era um marco muito grande naqueles anos.
? Quarta fase (1995)
O HTML ganha várias extensões no browser Netscape Navigator. Desde então os sites evoluem com os ícones, backgrounds, botões, tabelas, gráficos bem detalhados e animações que substituem as antigas figuras sem graça. Tudo seguido das funcionalidades e também da hierarquia através de menus com muitos níveis. A principal diferença entre a terceira e a quarta fase é a substituição de palavras por gráficos. Inicia o conceito de “home-page”: uma página com desenhos 3D, janelas e botões, que serve de menu para linkar todo o conteúdo de determinado site.
? Quinta fase (1999)
Esta fase pode ser chamada de Recursos Tecnológicos. Como a ideia é oferecer ao usuário uma experiência diferente, o design passa ser essencial. Os Web designers inventam uma nova gama de sites de forma que se acomodem a qualquer tipo de navegador.
O conteúdo esquecido na fase anterior passa a ser o tema principal sem esquecer o design, há uma ampla preocupação para que o layout se apresente de uma forma atrativa o que acaba envolvendo combinações de cores, a tipografia, o tempo que as páginas demoram para carregar e é claro, a preocupação e o compromisso de oferecer uma excelente impressão ao usuário.
Aos empresários que querem inovar e impressionar aos clientes, os Web designers se desdobram para tornar suas páginas mais e mais atraentes e criativas para os usuários. E é um trabalho muito árduo. Com a função praticamente exclusiva de hospedar somente informações do site, o HTML cumpre muito bem esse papel.
As folhas de estilos (CSS) são as responsáveis por sustentar o site esteticamente apropriado, enquanto que o Javascript e o PHP se incumbem do comportamento do site e da influência mútua com a base de todos. Tal feito não deixa de exigir uma grande percepção do que agrada o público alvo.
? Sexta fase (anos 2000)
Entram em cena as designadas mídias sociais, que permitem a criação e o compartilhamento coletivo de informações e conteúdo. Grandes redes sociais, como o Facebook, Twitter, MySpace entre outras, reúnem milhões de membros e uma quantidade crescente de funções, que permitem o intercâmbio entre as pessoas de diversas formas e de modo criativo.
Hoje em dia, com a disseminação de dispositivos móveis como os smartphones, tablets e os notebooks, é para indicar que estamos passando para o nível seguinte (ou que já estamos vivendo). Este efeito é mais proeminente se olharmos da perspectiva de que alguns destes aparelhos móveis são bem mais poderosos que muitos computadores.
3. CAPÍTULO II - A INFLUÊNCIA DA INTERNET NA ESCRITA
3.1. Origem da escrita
É muito difícil imaginar a vida em sociedade sem a escrita. Ela nos possibilitou a evoluir desde a sua origem, nos ajudou a crescer, a transformar o mundo como o conhecemos hoje. O homem que viveu no período pré-histórico já sentia a necessidade de registrar as atividades que praticava e de se comunicar mesmo sem saber escrever. BARBOSA aponta que:
O homem, através dos tempos, vem buscando comunicar-se com gestos, expressões e a fala. A escrita tem origem no momento em que o homem aprende a comunicar seus pensamentos e sentimentos por meio de signos. Signos que sejam compreensíveis por outros homens que possuem ideias sobre como funciona esse sistema de comunicação. (BARBOSA, 1994, p.34)
O autor afirma que a “escrita é considerada um marco de passagem da préhistória para a história” (BARBOSA, 1994).
De acordo Sampson (1996), a invenção da escrita aparece tardiamente com relação ao aparecimento da linguagem; ela apareceu depois da chamada revolução neolítica, e sua história pode ser dividida em três fases: pictórica, ideográfica e alfabética. Entretanto, não há uma linha cronológica nesta divisão:
? Fase pictórica: corresponde aos desenhos ou pictogramas, os quais não estão associados a nenhum som, mas só conceito daquilo que se quer representar. Aparecem em inscrições antigas, mas podem ser vistos de maneira mais elaborada na escrita asteca;
? Fase ideográfica: é representada pelos ideogramas, que são símbolos gráficos que representam uma ideia, exemplificando para os dias atuais, como os sinais de trânsito. As escritas ideográficas mais importantes são a egípcia (conhecida 19 também de hieroglífica), a mesopotâmica (suméria), as escritas da região do mar Egeu (como por exemplo, a cretense) e a chinesa (de onde se origina a escrita japonesa); (SAMPSON, 1996)
? Fase alfabética: O ideograma perdeu seu valor pictórico e passou a ser uma representação fonética. Segundo Sven Ohman (1990), a invenção da escrita alfabética é uma descoberta, pois, quando o homem começou a usar um símbolo para cada som, ele apenas operou conscientemente com o seu conhecimento da organização fonológica de sua língua.
É importante ressaltar o que assegura Vygotsky (1991), de acordo com os trabalhos que realizou com crianças: para aprender a escrever, a criança precisa fazer uma descoberta básica – a saber, que ela pode desenhar não apenas coisas, mas também a própria fala.
Como relatado acima, o homem sempre se dispôs a se adaptar às mudanças de acordo com as necessidades de cada época resultando em descobertas que são relevantes e devem ser mencionadas. Como mencionou CAGLIARI:
Quem inventou a escrita foi à leitura: um dia numa caverna, o homem começou a desenhar e encheu as paredes com figuras, representando animais, pessoas, objetos e cenas do cotidiano...A humanidade descobria assim que quando uma forma gráfica representa o mundo, é apenas um desenho, quando representa uma palavra, passa a ser uma forma de escrita. (CAGLIARI, 1998, p.13)
3.2 Origem e evolução da escrita virtual
Atualmente, a nossa sociedade pós-moderna está presenciando uma significativa revolução tecnológica que querendo ou não, está exercendo uma mudança no comportamento dessa mesma sociedade. Até mesmo a forma de escrever tem mudado com advento da internet. COSTA salienta que
Quanto ao processo interativo de produção discursiva na conversação face a face e nas salas de bate-papo (chats) na Internet, com implicações no uso do código escrito e nas escolhas linguísticas mais próprias da linguagem espontânea e informal oral cotidiana, há algumas semelhanças entre ambas as conversações: tempo real, correção on-line, comunicação síncrona, linguagem truncada e reduzida, etc. Mas há também algumas diferenças que, contudo, confirmam o processo simultâneo de construção da linguagem e do discurso. Podemos resumi-las na realidade “real” da conversação cotidiana e na realidade “virtual” da conversação internáutica: interação face a face X 20 interação virtual; espaço real X espaço virtual; comunicação real X comunicação virtual e língua falada X língua falada-escrita. (COSTA, 2005, p.24)
Não se pode ignorar tal realidade. É importante sim estar atento a tecnologia que nos rodeia com toda a vantagem que ela proporciona, mas também para as influencias que ela tem causado desde o seu surgimento conforme exposto no capítulo anterior, pois segundo a pesquisa realizada pelo IBGE (2003):
Aponta 8,6% dos brasileiros e 7,9% das brasileiras como analfabetos – o que dá a média de 8,3% do total da população. A estimativa de analfabetos funcionais desse indicador fala de 27% da população do país. Quando se faz um recorte levando em conta o gênero, os dados confirmam que a situação dos homens (30%) é ainda pior do que a das mulheres (25%). No entanto, no topo das cinco categorias do Inaf, a relação se inverte, de forma que existem 9% de homens plenamente proficientes contra 7% de mulheres.
O analfabetismo, sobretudo em um país subdesenvolvido como o Brasil, não pode ser ignorado se tratando de tecnologias, FERREIRO destaca que;
O verdadeiro desafio é o da crescente desigualdade: o abismo que já separava os não-alfabetizados, vem se alargando cada vez mais. Alguns não chegaram nem sequer aos jornais, os livros e as bibliotecas, enquanto há quem corra atrás de hipertextos, correio eletrônico e páginas virtuais de livros inexistentes. (FERREIRO, 2002, p.63)
Diante desse cenário, é mais do que natural pensar ou achar que a comunicação através da internet está sendo uma vilã para a contribuição do analfabetismo pois nas conversações nos ambientes virtuais, está muito comum deparar com uma realidade até então desconhecida. OTHERO fala que
Uma nova forma de escrita característica dos tempos digitais foi criada. Frases curtas e expressivas, palavras abreviadas ou modificadas para que sejam escritas no menor tempo possível – afinal, é preciso ser rápido na Internet. Como a conversa é em tempo real e pode se dar com mais de um usuário ao mesmo tempo, é preciso escrever rapidamente. (OTHERO, 2004.p.23)
Esse tipo de escrita veio de forma definitiva na vida em sociedade. Ela é vista tanto como benéfica tanto como vilã pois durante a fase de alfabetização ela poderá ser muito prejudicial, como descrito anteriormente, a internet está transformando os hábitos de toda a população. E a forma com relação a linguagem muda juntamente com ela, LEVY destaca que;
A palavra virtual vem do latim medieval virtualis, derivado por sua vez de virtus, força, potência. Na filosofia escolástica, é virtual o que existe em potência e não em ato. O virtual tende a atualizar-se, sem ter passado, no entanto à concretização efetiva ou formal. A árvore está virtualmente presente na semente. (LEVY, 1996, p.15)
Não se pode negar que essa mesma potência está bem presente no nosso dia a dia, todos se deparam e convivem com caixas eletrônicos de bancos, comunicamse por e-mail, leem textos em notebook, tabletes e etc. e com tudo isso, a escrita vem sofrendo grandes transformações, pois escreve no novo suporte que é o computador e similares.
Os usuários da comunicação virtual acham estranhos que as frases escritas nesses suportes sigam alguma determinada norma de escrita, pois esse tipo de comunicação necessita de agilidade tanto por quem lê, assim como por quem digita. A escrita tem a necessidade de adicionar símbolos para que o receptor das mensagens tenha uma maior compreensão dos textos virtuais.
3.3 A escrita na era digital
É indiscutível que a evolução da comunicação tem mudado, e muito, o modo como qual a sociedade vive e interage uns com os outros. Diante desse cenário, a velocidade com que a informação “viaja” para chegar até os computadores é impressionante, as pessoas têm se tornado fiéis usuários da internet. De acordo com LEVY,
Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das comunicações e da Informática. As relações entre os homens, o trabalho, as próprias inteligências dependem, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, visão, audição, criação e aprendizagem são capturados por uma Informática cada vez mais avançada. (LEVY, 1993, p.7)
As inovações das formas interacionais de comunicação através da rede virtual estão entusiasmando de uma maneira expressiva o modo como qual as pessoas estão escrevendo.
As formas de escrita estão recebendo uma grande diversidade semântica, além de adicionar muitas abreviações e símbolos nas frases escritas; enquanto que a 22 norma culta da língua está cada vez mais ausente na escrita, ainda mais quando se trata das redes sociais.
Não se discute a aceitação dos muitos diferentes usos da língua, mas o domínio do padrão culto se faz indispensável para o aperfeiçoamento cultural, intelectual e por que não dizer, moral dos indivíduos e desenvolvimento do país.
Em relação à linguagem utilizada, a primeira atitude do internauta é fugir tanto quanto possível das rígidas normas da língua escrita, aponta Miglio (2001). As preocupações com as regras gramaticais são nulas e a proximidade da língua falada com a escrita são semelhantes e utilizam de uma grande quantidade de recursos linguísticos para obter uma interação satisfatória. Um artefato bem interessante da linguagem dos internautas são os emoticons, que, segundo FREIRE
Surgiram por volta de 1980 para expressar os sentimentos daquele que escreve: alegria, raiva, dúvida, etc. Há páginas na internet com verdadeiros glossários desses símbolos, indicando que essa terminologia está em franca evolução. (FREIRE,2003, p. 27)
Segundo Ramon de Souza (site TecMundo 2015), emoticon é uma junção entre as palavras emotion (emoção) e icon (ícone). Ou seja: um emoticon é uma representação gráfica de uma emoção feita através dos caracteres que o internauta tem à disposição no teclado do computador. São usados em locais em que só pode usar texto para se comunicar.
No mundo virtual, é muito comum o uso também das abreviaturas que na sua maioria são de frases em inglês, o que pode tornar mais difícil a comunicação dos que não tem familiaridade com o idioma. A tabela a seguir mostra algumas dessas abreviaturas:
aka Do inglês "also known as", significa "também conhecido como". Exemplo: Ronaldo Nazário aka Ronaldo Fenômeno.
bff Do inglês "best friends forever", significa melhores amigos para sempre.
brb Do inglês "be right back", significa "volto já". Muito usado quando se é interrompido durante uma conversa online.
ctz Usado para substituir "certeza" ou "com certeza".
fikdik Forma abreviada da expressão "fica a dica". É usada quando se dá um conselho ou aviso a alguém em uma conversa online.
flw Usado para substituir "falou!", usado para se despedir ou confirmar o recebimento de alguma mensagem.
fmz Substitui "firmeza". Usado principalmente como confirmação de recebimento de mensagens.
kd Substitui "cadê".
kkkkk Usada para expressar risos.
lol Do inglês "laughing out loud", significa "rindo muito alto". Muito usado no lugar de "rsrsrs", "risos" e outras expressões de alegria.
off Significa offline, usado quando se quer dizer que alguém está sem conexão à internet em determinado momento.
omg Significa oh! Meu Deus! Na verdade, se origina da expressão inglesa "Oh! My God!"
on Significa online, usado para informar que alguém está conectado em determinado momento.
pfv Forma abreviada de "por favor".
ql Forma abreviada de "qual".
qm Forma abreviada de "quem".
qq Significa "qualquer".
rlz Do inglês "rules" e sua forma popular "rulez". Usado para elogiar. Exemplo: O novo álbum do Radiohead rlz.
rox Do inglês "rocks". Semelhante ao rlz, é usado para elogiar.
S2 A junção dos caracteres forma um coração. Usado para expressar afeto, carinho.
sux Do inglês "sucks". Usado para qualificar algo como ruim.
c Forma abreviada de "você".
vdd Forma abreviada de "verdade".
vlw Significa "valeu" e é usada para confirmar o recebimento de uma mensagem ou concordar com algo.
Tecnologia - iG @ http://tecnologia.ig.com.br/dicas/outros/guia-as-abreviaturas-mais-comuns-emconversas-no-celular/n1597258207721.html.
As interações no mundo virtual via Skype, Messenger, WhatsApp etc. são feitas de modo mais informal possível fazendo do uso escrito da língua como um código e a 25 conversa falada como forma de expressão. Exemplos na tabela dessas expressões entre os internautas:
EXPRESSÃO CONTEXTO LINGÜÍSTICO
sorte sua q. vc ainda consegue desconectar...o meu nem conecta.....buáááááááááááá´. . Não inicia o período com inicial maiúscula; . abrevia que por q., você por vc; . usa reticências como indicação de pausa, simula um choro de mentirinha, de forma irreverente,
O que foi????????????????????? O QUEEEEEEEEEEEEEEEEE???????????? . Uso de forma despreocupada com a língua escrita.
ALGUÉM TECLA COMIGO, POR FAVOR???????? . Uso de maiúscula para demonstrar um grande apelo ou gritar.
risos...vê se ñ some...p/ gente poder marcar..tá???? . Abrevia não e para; . demonstra expressividade através de reticências.
eu ???? magina . . Não usa maiúsculas; . Não segue organização ortográfica
Ops...se escutar me conta..... Ops...se escutar me conta......Cometeu uma gafe e está corrigindo ou coisa assim.
Então coma ALFACES!!!!!!!!!!!!!!.....**rrr** . Dá destaque, usando letras maiúsculas, à palavra alface finalizando sua assertiva com uma risada, demonstrada pelos símbolos **rrr**.
Smacksssssssssssssss oi genteeeeeeeeee. . Demonstra o beijo, com a criação própria de expressão; .inicia sem maiúsculas, expressa simpatia com a repetição das letras
não se preocupe...eu também sabo fazer spaggetti Eita tchurma grande de boa sô... :o) vo me perder . Falta de vínculo morfossintático; . Reduz palavras e cria outras.
Fonte: MÍGLIO, Monica.Conversando eminternetês. Internet.br, Rio de Janeiro, p. 32-35, nov.1998.
A língua escrita na internet é apenas um dos vários usos da nossa língua materna. E essa amostra pode ainda difundir nas próximas transformações pela qual a linguagem irá passar nos anos que estão por vir.
3.4 A escrita e a leitura
O ato de saber ler e escrever são uma das competências mais indicadas do ser humano na sociedade em que está inserido. MARTINS afirma que
Saber ler e escrever, já entre gregos e romanos, significava possuir as bases de uma educação adequada para a vida, educação essa que visava não só ao desenvolvimento das capacidades intelectuais e espirituais, como das aptidões físicas: possibilitando ao cidadão integrar- se efetivamente à 26 sociedade, no caso à dos senhores, dos homens livres. (MARTINS, 1994, p.22)
Ou seja, desde as primeiras marcas de escrita nas antigas sociedades, é verificável que o domínio da leitura e da escrita estava ligada ao poder, pois elas proporcionavam uma formação intelectual avançada em relação aos que não tinham acesso a esse conteúdo.
Mas o que é a leitura? Ferreiro (2002) diz que ler é decifrar e interpretar o sentido de algo e a leitura nada mais é do que a arte ou o hábito de ler. Quando se fala em interpretar algum texto, não é tão simples quanto parece pois, os que não tem o hábito da leitura, dão a margem a qualquer interpretação sem refletir no que foi lido. Como explica Martins:
Se o conceito de leitura está geralmente restrito à decifração da escrita, sua aprendizagem, no entanto, liga-se por tradição ao processo de formação global do indivíduo, a sua capacitação para o convívio e atuação social, política, econômica e cultural. (MARTINS, 1994, p.22)
Quando o indivíduo pratica o ato de leitura, entra em contato com a informação, que leva o leitor a refletir no que está lendo desencadeando um processo que trará experiência do leitor com o que foi lido.
Leffa tem a mesma opinião sobre o assunto:
A qualidade do ato da leitura não é medida pela qualidade intrínseca do texto, mas pela qualidade da reação do leitor. A riqueza da leitura não está necessariamente nas grandes obras clássicas, mas na experiência do leitor ao processar o texto. O significado não está na mensagem do texto, mas na série de acontecimentos que o texto desencadeia na mente do leitor. (LEFFA, 1996, p. 14)
A leitura possui um papel fundamental na vida do indivíduo, pois proporciona a ele um conhecimento mais crítico de tudo o que o rodeia, abre o “leque” da mente para grandes histórias do passado, do presente e uma estimativa do futuro.
Ainda que a leitura e a escrita sejam processos bem distintos, ainda assim estão integrados e percorrem concomitantemente.
A escrita tem por objetivo primeiro a leitura, que, como dito anteriormente é uma interpretação da escrita que incide em traduzir os signos escritos durante a fala.
Alguns tipos de escrita se preocupam com a expressão da oralidade e outros com a transmissão de significados. Em casos como este, os aspectos fonológicos, lexical, sintático, que assinalam a linearidade do discurso linguístico, não possuem 27 sugestão específica, que fica ao cargo do leitor descobrir a forma mais apropriada de realizá-los.
Segundo Costa Val:
Uma ocorrência linguística, para ser texto, precisa ser percebida pelo recebedor como um todo significativo. Ainda, o texto caracteriza-se por apresentar uma unidade formal, material. Os elementos linguísticos que o formam devem ser irreconhecivelmente integrados, de modo a permitirem que ele seja apreendido como um todo coeso. (COSTA VAL, 1991, p.04)
Nesta perspectiva, ressalta a autora, deve-se considerar, num texto:
a) “aspectos pragmáticos que têm a ver com seu funcionamento enquanto atuação informacional e comunicativa;
b) instâncias semânticas, do que depende sua coerência;
c) o formal, que diz respeito a sua coesão” (COSTA VAL,1991).
4. CAPÍTULO III - A ESCOLA E O ENSINO DA ESCRITA
A escrita tem sido o foco de numerosos estudos na área de Linguística Aplicada, que a entendem não mais como apenas código a ser adquirido ou representação da fala, mas como uma prática social (MARCUSCHI, 1999; KLEIMAN, 2005; SOARES, 2006). Quer dizer que escrever bem não é (ou ao menos não deveria ser) apenas com o intuito de dominar todas as regras da língua, “mas é usar adequadamente a língua para produzir um efeito de sentido pretendido numa dada situação” (MARCUSCHI, 2007, p. 9)
Considerando que o ambiente escolar possui uma função muito importante na introdução formal dos sujeitos no mundo da escrita (KLEIMAN, 2005), torna-se imperativo um olhar sobre como a escola tem auxiliado os alunos a desenvolverem suas aptidões para escrever bem.
Para Camps a escola constitui um contexto de atividade,
lugar onde crianças e jovens desenvolvem uma parte da sua vida com o objetivo de crescer como cidadãos e de se apropriarem daqueles saberes que a sociedade considera básicos para si. (CAMPS, 2005, p.25)
Assim, o ensino juntamente com a aprendizagem, são atividades partilhadas em que a escola é um lugar de comunicação em que os alunos “utilizam a linguagem 28 escrita como meio de exploração e do conhecimento de si mesmos, da sua própria realidade e da realidade à sua volta, e como instrumento de exploração do mundo”. (CAMPS, 2005).
O ato de escrever auxilia na formação de identidade do aluno, o possibilita a entender e ordenar os próprios pensamento de forma criativa.
4.1 Como a escola trabalha a escrita
Geraldi (2004), afirma que o trabalho com a produção textual, em algumas escolas, revela-se um martírio tanto para o aluno quanto para o professor. Para o aluno, porque os temas são repetitivos e por consequência cansativa, o único objetivo das redações não são para estimular a criatividade e sim, reprovar; é martírio para o professor porque muitos não sabem como abordar e motivar os alunos a escreverem.
Mário Osório descreve com maestria das dificuldades dos alunos:
São muitos os casos de pessoas que diante da brancura da folha se acham como que paralisadas, quando não tomadas de pânico. Além do medo do desconhecido a nos espiar, existem situações em que isso parece se dever àqueles castigos escolares de copiar páginas e páginas. Ou, talvez, ao próprio ensino da escrita, quando o aluno é levado a escrever para ser julgado pelo professor, não para comunicar-se com alguém. Aquilo que, de si, seria gratificante e provocativo, pode afigurar-se algo penoso e paralisante (Marques, 1997, p. 29).
No ambiente escolar, os alunos têm apenas um leitor que é o professor, do qual não utiliza o texto com a finalidade do desenvolvimento de conversação com os alunos sobre a utilização da linguagem, mas somente para avaliá-los.
Diante desse canário, o ensino da escrita que seria algo para motivar o gosto pela atividade, na verdade afasta o aluno. Pois o texto não será lido, mas corrigido, impossibilitando a comunicação.
Sercundes (1998), argumenta que alguns professores sugerem um tema em circulação no mundo social, supondo que o aluno já possua um conhecimento prévio. Partindo desse princípio, o professor rejeita um trabalho anterior de discussão por considera-lo não mais necessário, esse procedimento leva o aluno a pensar que o ato de escrever é somente proferir informações, devido a maneira que o professor sugere as atividades não oferecem todo o apoio necessário para a escrita.
4.2 Como a escola deveria trabalhar a escrita
A escola deveria trabalhar a escrita de maneira contextualizada. Para isso o professor necessita oferecer condições para que o aluno produza textos, avaliando que esse exercício necessita considerar o contexto sócio - histórico do aluno e as condições de produção.
Ao citar Paulo Freire, Britto (2006) aponta que a principal função do ensino da escrita seria direcionar os alunos para a construção crítica a respeito do mundo no qual está inserido. O que a escola tem proporcionado é o aprendizado da escrita de forma bem codificada e repetitiva, sendo que deve ser desenvolvida objetivando capacitar os alunos a escreverem de forma clara e concisa para desenvolverem a criatividade.
Com letras maiúsculas, um grito de atenção no livro “Alfabetização e Linguística”, Cagliari enfatiza: “NINGUÉM ESCREVE OU LÊ SEM MOTIVO, SEM MOTIVAÇÃO” (1995, p. 101).
Não importa em qual área ou cenário, a motivação é essencial para desenvolver atividades com excelência. Segundo Maria Augusta Rossini, “nada acontece, nenhum passo é dado se o ser humano não tem motivo” (2003, p. 39). É porque seria diferente em sala de aula? Ainda mais que a escola atual concorre com uma avalanche de atrativos que a tecnologia oferece, e a internet é uma delas, como dito nos capítulos anteriores, tem influenciado a forma pelo qual as pessoas escrevem.
Segundo Maria Augusta Rossini, “precisamos lembrar que é da natureza humana procurar o que lhe proporciona prazer e fugir do que lhe causa desprazer. Satisfazer uma necessidade causa um profundo prazer” (Rossini, 2003, p.16). É possível tornar o ato da escrita como algo prazeroso para os alunos, como será visto adiante.
A causa da motivação: segundo Rossini (2003 p.14), “qualquer atividade educacional antes de ser proposta ao aluno deve ser avaliada com base na seguinte pergunta: é do interesse dele?”. A autora se refere ao interesse do aluno no aspecto geral, não apenas na disciplina de língua portuguesa. Se reforça aqui a afirmação da autora com a citação de Cagliari apontando o interesse nesse campo. O autor sugere que o ensino da escrita inicie com a investigação das expectativas do estudante: “Antes de ensinar a escrever, é preciso saber o que os alunos esperam da escrita, qual julgam ser sua utilidade e, a partir daí, programar as atividades adequadamente” (Cagliari, 1995, p.101).
Segundo Menegassi (2005), a escola deveria trabalhar a escrita com a finalidade de ensinar ao aluno o uso e funcionamento da linguagem, a refletir sobre aspectos como (o que dizer), quem é o interlocutor (para quem), considerar que ele está distante, qual o motivo da escrita (para quê), como elaborar o texto para que seja adequado à comunicação.
Não basta apenas ensinar como escrever adequadamente, mas fazê-lo refletir sobre vários aspectos além da escrita. Pensar quais são objetivos ao escrever qualquer texto.
É preciso que o aluno descubra que a escrita é um meio de comunicação, uma forma de expressar ideias. Não importa se ele escrever uma redação ou um simples bilhete para alguém, o tema fundamental é o aluno realizar tal tarefa da melhor forma possível.
4.3 Concepções de escrita
Sercundes (2001), assegura haver três concepções de escrita:
A escrita como um dom: são desvinculadas do trabalho pedagógico, não há nenhum elo com os trabalhos anteriores e posteriores. A autora afirma que
é necessário simplesmente ter um título, um tema e os alunos escrevem, praticamente não há atividade prévia para se iniciar um trabalho de produção. É uma concepção hoje ausente, só ocorrendo para ocupar um espaço de tempo e manter a disciplina, quando há adiantamento de aulas ou substituições. (SERCUNDES, 2001, p. 95)
A escrita como consequência: são produções que são resultado de diversas atividades como, por exemplo, pesquisas de campo, palestras, visitas a museus etc. É uma atividade usada como pretexto para redigir um texto, não há tempo para sustentação do assunto.
A escrita como trabalho: “Essa metodologia permite integrar a construção do conhecimento com as reais necessidades dos alunos” (SERCUNDES, 1997, p.83) ou seja, as atividades prévias trabalham como ponto de partida através de diálogos com 31 a sala de modo grupal, estudo do vocabulário, descobrindo o sentido e as influências das palavras num método de aprendizagem do social para o individual.
Como uma forma de atuação conscientemente frente à cumprimento das atividades de escrita, se faz necessário que os educadores desenvolvam atividades em sala de aula desafiadoras, instigantes, pautadas na pesquisa, o seja, fazendo uso de alternativas como as tecnologias digitais que motivam os alunos sentirem coparticipantes do processo de ensino e de aprendizagem. De acordo com Kassar nesse sentido:
A escola vai apresentar à criança um olhar diferente do mundo: vai introduzila no mundo da produção científica, no prazer de desvendar os mistérios do mundo e de descobrir a existência de novas fronteiras nunca antes percebidas. Vai, também, introduzir acriança em conceitos iniciais de direitos e deveres celebrados por sua sociedade. Dessa forma, a escola vai se processando como elemento mediador entre criança e saber sistematizado. (KASSAR, 2004, p.519)
Desse modo, as tecnologias digitais, inclusive a internet, podem ser instrumentos viáveis a serviço da instituição educadora. A internet pode ser usada como uma ferramenta que conduz a mudança escrita e também da leitura através do hipertexto, como propõe “[...] uma nova ordem para o uso das habilidades de leitura e escrita, quebrando o paradigma do livro impresso que reinara até então [...]”. (COELHO, 2013, p.3).
Esse novo conceito de intercâmbio virtual entre leitor e hipertexto digital é designada por Coelho de letramento digital. Ou seja, o letramento conforme o autor adota a competência de
[...] mudanças nos modos de ler e escrever os códigos e sinais verbais e não verbais, como imagens e desenhos, se compararmos às formas de leitura e escrita feitas no livro, até porque o suporte sobre o qual estão os textos digitais é a tela, também digital. (COELHO, 2013, p.3)
Nesse sentido, o computador, se usar adequadamente pode se tornar um aliado para o professor na escola. Álvares (ARAÚJO, 2008), distingue o hipertexto como um documento eletrônico que compõe nodos e unidades textuais que se interconectam formando uma estrutura não linear. Ou seja, o leitor tem a oportunidade de buscar suas próprias opções de leitura, distante da leitura tradicional oportunizada apenas no livro que só proporciona uma singular estrutura de leitura. Araújo afirma que;
No ciberespaço as práticas e eventos de letramento começam a ser mediadas por um conjunto dos gêneros virtuais de modo que, a capacidade interativa e multissensorial oferecida pela multimídia, que constitui os gêneros virtuais, instiga o sujeito alancar mão de novos processos cognitivos ajustáveis a dinâmica de interação desse espaço. (ARAÙJO, 2008, p.4)
Já que foi mencionado nas afirmações de Araújo, sobre o ciberespaço, eis uma boa oportunidade para explanar em que circunstância o termo “ciberespaço” surgiu, como em um trabalho de pesquisa bibliográfica, no qual a escrita juntamente com a internet é o objeto a ser considerado.
Embora o termo está profundamente relacionado aos meios da rede mundial de computadores, quem criou o termo foi um exímio escritor, que percebeu o abarcamento da implicação das redes digitais nas transações humanas. Afirma-se aqui que palavra “ciberespaço” surgiu nas inspirações de um livro. Conforme explica Pierre Lévy:
A palavra “ciberespaço” foi inventada em 1984 por William Gibson em seu romance de ficção científica Neuromante. No livro, esse termo designa o universo das redes digitais, descrito como campo de batalha entre as multinacionais, palco de conflitos mundiais[...] O termo foi imediatamente retomado pelos usuários e criadores de redes digitais. Hoje existe no mundo uma profusão de correntes literárias, musicais, artísticas e talvez até políticas que se dizem parte da “cibercultura” (Lévy, 2000, p. 92).
Lévy constitui um paralelo entre as revoluções causadas pela escrita e pelo ciberespaço como instauradoras de modificações básicas nas comunicações, a despeito de épocas e técnicas totalmente distintas:
Para realmente entender a mutação contemporânea da civilização, é preciso passar por um retorno reflexivo sobre a primeira grande transformação na ecologia das mídias: a passagem das culturas orais às culturas da escrita. A emergência do ciberespaço, de fato, provavelmente terá, ou já tem hoje, um efeito tão radical sobre a pragmática das