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Nexo Jornal

A diversidade urbana na Amazônia e agendas de sustentabilidade (1 notícias)

Publicado em 06 de fevereiro de 2024

O artigo ‘A diversidade urbana na Amazônia e as agendas globais para a sustentabilidade urbana: propostas e desafios para a Mesorregião Ilha do Marajó – Pará’ publicado na coletânea “Diálogos Amazônicos: contribuições para o debate sobre sustentabilidade e inclusão” (organizado por Carlos Joly et al, 2023), analisa como propor meios alternativos para entender a sustentabilidade urbana, considerando um processo de urbanização que nasce e cresce em um contexto de complexidade e diversidade socioterritorial, como ocorre em regiões amazônicas.

O trabalho contempla cinco dimensões temáticas relacionadas ao processo de urbanização na Amazônia – socioambiental, econômica, gestão pública, educação e organização social – e sugere estratégias para adaptação de alguns indicadores de sustentabilidade urbana existentes a um contexto socioterritorial específico, a Mesorregião do Marajó, no estado do Pará, Brasil.

1A QUAL PERGUNTA A PESQUISA RESPONDE?

Como construir caminhos alternativos para entender a sustentabilidade urbana, considerando um processo de urbanização que nasce e cresce em um contexto de complexidade e diversidade socioterritorial?

2POR QUE ISSO É RELEVANTE?

A emergência da temática urbana é uma realidade. Por conta disso, os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) estabelecem “ tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis ” como um dos 17 objetivos globais para a otimização simultânea da inclusão social, crescimento econômico e proteção ao meio ambiente (ONU 2016) no contexto da Agenda 2030. Na Amazônia, com a finalidade de superar o dito “vazio demográfico”, após a década de 1960, foram estabelecidas políticas de integração regional que resultaram na concentração populacional nas cidades, as quais eram, então, carentes de infraestrutura básica e serviços urbanos.

Essa expansão e adensamento de áreas urbanas impactou a floresta, fragmentou as relações socioespaciais das cidades e gerou modificações territoriais que são visíveis espacialmente até os dias de hoje. Devido a sua complexidade e diversidade, a Amazônia urbana é reconhecida de forma limitada pelos aparatos de mediação da sustentabilidade urbana no contexto das agendas globais para a sustentabilidade. Esta “invisibilidade”, ainda que parcial em alguns casos, gera como resultado direto a carência de políticas e recursos para gerenciamento destes territórios, que desdobram-se em desigualdades e exclusões de múltiplas naturezas.

3RESUMO DA PESQUISA

Este trabalho procura contribuir para a delimitação de caminhos alternativos para se apreender a sustentabilidade urbana em um contexto de diversidade, e contempla cinco dimensões temáticas relacionadas ao processo de urbanização na Amazônia – socioambiental, econômica, gestão pública, educação e organização social – e sugere estratégias para adaptação de alguns indicadores de sustentabilidade urbana existentes a um contexto socioterritorial específico, a Mesorregião do Marajó, no estado do Pará (Brasil).

Para tal, adotam-se os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) como base para discussão e são sugeridas novas métricas para a sustentabilidade urbana. Os resultados foram sistematizados em um quadro síntese de indicadores que podem ajudar a entender a sustentabilidade urbana no contexto socioterritorial delimitado, destacando a importância da interdisciplinaridade para a compreensão de elementos sutis que ressaltam iniciativas de urbanização que não se adequam ao modelo e narrativa única sobre o que se entende por cidade e pelo fenômeno urbano.

4QUAIS FORAM AS CONCLUSÕES

O esforço de sintetização de dimensões para análise da sustentabilidade das cidades no contexto da Mesorregião do Marajó teve como resultado um quadro-síntese de indicadores que ajudam a entender a sustentabilidade urbana em um contexto de diversidade. Dividido em cinco principais dimensões, pôde-se observar o papel fundamental da interdisciplinaridade para a compreensão de alguns elementos do processo de urbanização.

No entanto, reconhece-se que a montagem final de um sistema de indicadores demanda uma pesquisa mais apurada para que se possa definir parâmetros de sustentabilidade de forma articulada à percepção do urbano a partir da escala local, e assim testar a aderência das dimensões e suas variáveis à realidade do território.

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O poder público em diferentes níveis, além de instituições de pesquisa e demais organizações sociais com atuação na

Mesorregião do Marajó.

6REFERÊNCIAS

Bartoli, E. Cidades na Amazônia: centralidades e sistemas territoriais na sub-região do Baixo Amazonas (AM). Espaço e Economia [Online], v. 20, 2020. Disponível aqui. Acesso em: 02 maio 2023.

Becker, B. K. Fronteira e urbanização repensadas. Revista Brasileira de Geografia, v. 51, n, 3- 4, p. 357-371, 1985.

Browder, J.; Godfrey, B. Cidades da floresta: urbanização, desenvolvimento e globalização na Amazônia brasileira. Manaus: EDUA, 2006. 384 p.

Beishiem, M. Partnerships for Sustainable Development: Why and how Rio+20 Must improve the framework for multi-stakeholder partnerships. Stiftung Wissenschaft und Politik German Institute for International and Security Affairs. Berlim, 2012. Disponível aqui.

Boecha, G. O Papel da sociedade civil nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: uma análise da identidade política brasileira e seu comportamento no apoio de uma agenda global. Revista de Iniciação cientifica em relações internacionais, v. 9, n. 17, 2021. Disponível aqui.

Camila Amaral Pereira é pesquisadora do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Possui doutorado em história econômica pela USP, mestrado em desenvolvimento econômico pela Unicamp e é graduada em ciências econômicas pela UFOP (Universidade Federal do Ouro Preto).

Heloísa Corrêa Pereira é pesquisadora titular no OS/MCTI (Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá). Possui doutorado em demografia pela Unicamp, mestrado em ciências do ambiente e sustentabilidade na Amazônia pela UFAM (Universidade Federal do Amazonas) e é graduada em Turismo pela UFAM (Universidade Federal do Amazonas).

Juan Carlos Amilibia é especialista no programa Amazônia da Provita ONG, mestrando em Ecologia na UCV (Universidad Central de Venezuela) e é graduado em Biologia pela UCV (Universidad Central de Venezuela).

Monique Bruna Silva do Carmo é pesquisadora de pós-doutorado no INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais) e pesquisadora associada do CASEL – Indiana University (Center for the Analysis of Social-Ecological Landscapes) e Laboratório de Estudo das Cidades da UNIVAP (Universidade do Vale Paraíba). Possui doutorado e mestrado em Planejamento Urbano e Regional (UNIVAP) e é graduada em Geografia (UNIVAP).

Paula Regina Humbelino de Melo é professora da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), doutoranda em Educação em Ciências (PPGCi) na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Possui mestrado em ensino de ciências e humanidades (PPGECH) na UFAM (Universidade Federal do Amazonas), e é graduada em ciências: biologia e química.

Renata Maciel Ribeiro é pesquisadora associada ao LiSS (Laboratory of Socioenvironmental Systems Investigation) doutoranda em ciência do sistema terrestre no INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). É mestre em sensoriamento remoto pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e graduada em ciências ambientais pela UFF (Universidade Federal Fluminense).

Welbson do Vale Madeira é professor do departamento de economia e do programa de pós- graduação em desenvolvimento socioeconômico da UFMA (Universidade Federal do Maranhão). Possui doutorado em desenvolvimento socioambiental pela NAEA/UFPA (Universidade Federal do Pará), pós-doutorado em economia política pela UFF (Universidade Federal Fluminense), mestrado em economia pela UNESP (Universidade Estadual Paulista) e é graduado em ciências econômicas pela UFMA (Universidade Federal do Maranhão).