Nunca presenciamos, em tempo recente, um ataque tão grande a ciência e em um momento tão significativo em que precisamos mais de seus resultados e contribuições. O momento atual me faz lembrar alguns livros que li ao longo do caminho. O Mundo Assombrado Pelos Demônios, de Carl Sagan e Filosofia da Ciência, introdução ao jogo e suas regras, de Rubem Alves.
O primeiro ilustrando exatamente como somos constantemente afrontados pela falsa ciência, ou como se diz hoje a fake science. O segundo mostrando como a ciência é uma construção social, uma construção do homem. Dois livros imperdíveis nos tempos atuais. Vale a leitura.
A ciência não apenas tem nos dado novas descobertas sobre a natureza, nos proporcionado o desenvolvimento de tecnologia e no levado o bem estar social a um número maior de pessoas. A ciência tem ajudado a reinterpretar o mundo.
A visão cartesiana, do todo para as partes, se consolidou na visão do mundo newtoniano, entendido com uma engrenagem, um relógio. Tal percepção influenciou a forma como víamos e vemos em grande parte o mundo. A administração científica é parte disso.
A visão holística do mundo, do Século XX, influenciada pela física quântica. As interconexões, o mundo e o meio ambiente. Daí a lembrança de dois outros livros: O Tao da Física e O Ponto de Mutação, ambos de Fritjof Capra.
A ciência que é do homem, que é construída ao longo do tempo. Ciência que olhava, no início, a natureza, que foi incorporada às ações organizacionais no Século XIX e ao longo de duas guerras mundiais, no Século XX, se tornou estratégica para as nações e para o toda da sociedade.
Foi em saudação a este processo de construção da Ciência Nacional que entrevistei, no programa Ciência em Movimento, Luiz Antonio Elias, um dos responsáveis pela elaboração da Estratégia Nacional de Ciência de Tecnologia. A entrevista reforça um pouco da história recente na construção do nosso Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Este processo, como o nome já diz, não nasce pronto. Não é uma ação pontual, mas uma construção coletiva do país. Ao longo do tempo são necessários a formação de profissionais qualificados para o desenvolvimento da cultura e do processo científica; estruturas de pesquisa, de laboratórios e revistas científica; fomento para estes laboratórios, para a formação continuada de pessoas e de transferência de tecnologia; das agências para este fomento e das legislações que são fundamentais para que o estado possa atuar no fomento da cultura científica e tecnológica.
Na entrevista lembramos que este anos faz 60 anos da fundação da FAPESP, no ano que vem, 2021, fará 70 anos da fundação do CNPq e da CAPES e 35 anos da criação do Ministério de Ciência de tecnologia.
Boa parte dessa história registrada nos Livros Branco, Verde e Azul, de 2001, 2002 e 2011, respectivamente. Portanto, uma política que atravessou vários governos e que neste momento é fundamental para atravessarmos os desafios da saúde, do bem estar social e do desenvolvimento econômico.
A consolidação de um dos sistemas de ciência e de tecnologia complexo como o nosso não nasce do dia para noite. É, de fato, ciência construída, por todos, para todos.
Vamos em frente!
Marcio Campos.