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Cana Oeste

A citricultura brasileira em mil páginas (1 notícias)

Publicado em 21 de dezembro de 2005

Responder por um PIB de 3,2 bilhões de dólares e empregar 400 mil trabalhadores, em 13 mil propriedades — números que revelam o peso da citricultura brasileira. À altura da relevância desse setor e para tratá-lo em todas as suas faces, chegam 929 páginas, ilustradas com fotos coloridas, tabelas e gráficos explicativos, divididas em 31 capítulos, que compõem o livro Citros, a ser lançado pelo Centro APTA Citros Sylvio Moreira, do Instituto Agronômico (IAC), nesta segunda-feira, 12, às 19h, em Cordeirópolis. Em uma rápida olhada para o histórico da citricultura brasileira vê-se vários obstáculos, como a tristeza, no final da década de 30, o cancro cítrico, nos anos 50, a clorose variegada, em 1980, a morte súbita, em 2001, e o greening, atualmente. Nesses episódios, as ferramentas tecnológicas vêm trazendo as respostas para não deixar calar um setor que há décadas tem voz ativa na economia nacional. O livro conta, por exemplo, que a história da citricultura brasileira confunde-se com a da colonização, ao ser iniciada com os portugueses que habitaram os solos nacionais em meados do século XVI. Mas somente no século XX o plantio alcançou largas escalas, em razão da crise cafeeira. Conhecer o passado, compreender o presente e planejar o futuro — direcionamento que se aplica também à citricultura e está presente no novo livro, que foi coordenado, organizado e editado por José Dagoberto De Negri, Rose Mary Pio e Jorgino Pompeu Junior, liderados por Dirceu de Mattos Junior, todos pesquisadores do IAC. "Podemos dizer que essa obra passa a ser referência no Brasil e no Mundo", diz Dirceu de Mattos. Abordando praticamente 99,9% do conhecimento que envolve a atividade citrícola, a obra foi escrita por 82 autores de diversas instituições, dos quais 19 são do IAC, órgão da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. A fim de manter forte a competitividade da produção e gerar recursos para proteger o principal ativo do negócio citrícola — os pomares —, o objetivo do livro é organizar em uma só obra o conhecimento acadêmico, o aplicado e a capacitação de recursos humanos. Com essa finalidade e baseando-se no diagnóstico da demanda de informações do setor, os editores buscaram competências em várias áreas da citricultura e em diferentes instituições do Brasil. Essa obra — que passa a ser referência no País — está organizada em seis áreas temáticas — história, genética, produção, fitossanidade, resíduos, pesquisa e desenvolvimento. Sem esgotar o fértil campo de estudos da citricultura, o livro traz também recomendações que compõem uma base de informações que servirão de referência na próxima década para os profissionais das áreas técnicas e de desenvolvimento. "Citros traz informações geradas no IAC e nunca publicadas, por exemplo, sobre novas recomendações de adubação dos citros, com base em vários projetos realizados pelo grupo de pesquisadores do IAC", explica o editor Dirceu de Mattos. Direcionado a técnicos, citricultores, cientistas, estudantes de graduação e pós-graduação, o livro, escrito em língua portuguesa, é uma fonte de consulta de longo prazo em áreas estratégicas para o desenvolvimento e inovação da citricultura. A princípio o livro será vendido somente no Centro APTA Citros Sylvio Moreira/IAC, (19) 3546-1399, e-mail: fernanda@centrodecitricultura.br. Com 153 tabelas, 254 figuras e 2.500 referências bibliográficas, a obra foi proposta em 2001 e de lá para cá exigiu muita dedicação e esforço dos participantes. Os editores leram e releram as quase mil páginas para refinar o material e verificar, por exemplo, se a abordagem do tema estava adequadamente localizada na divisão dos assuntos, que envolvem também aspectos econômicos, distribuição e características de variedades copa e porta-enxertos, botânica, fisiologia, desenvolvimento e genética, tecnologia de produção — material básico e propagação, água, solos, manejo nutricional, práticas culturais e mecanização, qualidade, colheita e processamento dos citros e demanda tecnológica da cadeia produtiva dos citros. Esse conhecimento deverá ser fundamental para trazer regras tecnológicas para a competitividade desse mercado que vive se esbarrando em desafios de várias ordens, sejam fitossanitários ou econômicos. Dentre os tantos assuntos tratados no livro, destacam-se informações geradas nas pesquisas IAC e ainda não publicadas, por exemplo, sobre clima e o manejo do solo e da água na citricultura, com qualidade ambiental. O desafio imposto por pragas e doenças é trabalhado na obra com vasta informação escrita e visual, oferecendo também ao leitor recomendações de manejo fitossanitário, com foco na seletividade de defensivos. Ainda de olho nas doenças que de quando em quando deixam o setor abatido apreensivo, os autores trazem informações técnico-científicas sobre qualidade e regulagem das pulverizações agrícolas, que impactam o ambiente, a saúde do trabalhador e as economias do produtor. Ainda entre os destaques estão os aspectos técnicos sobre a colheita de frutos, segundo o editor Dirceu de Mattos. Entre os profissionais da área é unânime a idéia de que o setor sempre encontrou soluções para os problemas em razão dos resultados de uma pesquisa de excelência, que gera habilidade, agilidade e eficiência na administração de problemas. Nesse sentido, a reunião de conhecimento técnico-científico nesse livro vem facilitar o acesso a informações capazes de minimizar dificuldades já existentes ou que estejam por vir. Ressalta-se que esse resultado tem a importante participação das empresas apoiadoras — Sipcam, John Deere, Manah/Bunge, Grupo Fischer, Coopercitrus/Credicitrus, juntamente com Fapesp, Fundag, Fundecitrus e Prefeitura Municipal de Cordeirópolis. Citros deverá auxiliar profissionais do setor de todo o País, já que a maioria dos estados brasileiros produz frutas cítricas. São Paulo, porém, domina a produção de laranja, de lima ácida Tahiti e de tangerinas, o que faz do Estado o maior pólo mundial citrícola — produziu 79% do volume nacional de frutas cítricas, em 2003, conforme dados do IBGE que constam no livro. Na safra 2003/2004, o parque citrícola paulista somou 188 milhões de árvores em produção e 27 milhões de árvores novas. Os outros 21% da produção nacional de laranjas são representados por outros Estados, com destaque para Bahia, Sergipe, Minas Gerais e Paraná. Em São Paulo, o foco da cadeia produtiva é a industrialização, que consome entre 70-80% da produção. Os outros 20-30% são comercializados no mercado interno e menos de 1% é exportado in natura.