Notícia

Jornal da USP

A ciência e a ética em discussão

Publicado em 08 março 2004

No projeto de lei sobre biossegurança em tramitação no Congresso Nacional estão em jogo dois pontos fundamentais: a manipulação de células-tronco embrionárias humanas e a pesquisa, produção e comercialização de produtos geneticamente modificados, os transgênicos. Em torno deles desenvolve-se intensa controvérsia envolvendo cientistas, ambientalistas, religiosos, parlamentares e o governo. A maior parte da comunidade científica não gostou do texto aprovado na Câmara dos Deputados em fevereiro, que proíbe o uso de embriões humanos em pesquisas e retira da ciência o direito de dar a última palavra técnica sobre os alimentos transgênicos. Os cientistas querem mudar o texto da lei no Senado. No centro da polêmica, principalmente no que se refere às células-tronco, estão questões éticas, não havendo consenso nem entre cientistas nem entre religiosos, que têm diferentes concepções a respeito do momento em que se origina a vida. A professora Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP, defende as pesquisas com células-tronco, argumentando que não se pode privar milhões de pessoas dessa esperança de cura. Mas a geneticista Eliane Azevedo, da Universidade Estadual de Feira de Santana, na Bahia, considera "eticamente condenável sacrificar uma vida, presente no embrião, para salvar outra". Nesta edição especial, o Jornal da USP discute a lei de biossegurança e apresenta um pouco das pesquisas que a Universidade faz na área da engenharia genética.