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A ciência de formar jovens cientistas (1 notícias)

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Desde que decidiu trilhar o caminho da ciência, o carioca Carlos Henrique de Brito Cruz, 56 anos, vem pesquisando, ensinando, aprendendo e descobrindo um mundo infinito. Uma trajetória que começou com a graduação, em 1978, no curso de Engenharia Eletrônica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Continuou com o mestrado e doutorado no Instituto de Física Gleb Wataghin, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde o aluno tornou-se professor, diretor, pró-reitor de Pesquisa e reitor.

Hoje, Brito Cruz – pesquisador nos principais institutos americanos e europeus – traz, em seu currículo, prêmios e funções que o destacam na ciência internacional. No dia 21 de fevereiro, a USP homenageou o cientista e professor com a medalha Armando de Salles Oliveira, considerada a mais alta honraria da USP aprovada pelo Conselho Universitário. A cerimônia foi realizada no auditório do novo prédio da Reitoria.

O reitor João Grandino Rodas, durante a cerimônia, ressaltou que a USP não estava homenageando o atual diretor-científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) ou o ex-reitor da Unicamp. “A nossa homenagem é especialmente para a pessoa ou o professor e pesquisador que possui a característica da humildade e do trabalho”, observou. “A USP sente-se honrada ao reverenciar o seu brilhante trabalho.”

Sensibilizado pelo reconhecimento, Brito Cruz dividiu a homenagem com os pesquisadores e professores que o acompanham. “Eu me sinto muito honrado por receber a medalha Armando de Salles Oliveira da USP, que tem um papel muito importante no desenvolvimento da ciência e da pesquisa”, ressaltou. “Cientistas do Estado de São Paulo fazem mais ciência do que cientistas da Argentina e México, entre outros países da América Latina.”

Brito Cruz destacou que as atividades científicas do Estado de São Paulo têm uma dimensão nacional. “Para mim, é uma grande alegria fazer parte dessas atividades e ter tido a sorte de estar em algumas posições em que pude contribuir com o seu desenvolvimento.”

O cientista lembrou, no entanto, que há muitos desafios pela frente para garantir o desenvolvimento científico e tecnológico do Estado de São Paulo. “Ao lado do crescimento qualitativo importante, precisamos prestar atenção e lutar para conseguirmos mais desenvolvimento qualitativo. Teremos mais impacto na ciência produzida no Estado de São Paulo.”

Dedicação e disciplina – O diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), professor Sérgio França Adorno de Abreu, falou, em nome do Conselho Universitário da USP, sobre a importância da carreira acadêmica de Brito Cruz. “É irrefutável a sua capacidade de inovar e incentivar cientistas e educadores.”

O linguista, poeta, professor da Unicamp e ex-presidente da Fapesp Carlos Vogt também registrou a sua homenagem a Carlos Henrique de Brito Cruz. No catálogo sobre o homenageado, assinou o texto de apresentação, observando: “Um bom cientista é aquele que, sempre melhor e com rigor técnico, criatividade, disciplina, dedicação e amor à ciência, produz conhecimento, explorando com ousadia hipóteses consistentes, ensina e forma novos cientistas, sempre estimulando o pensamento crítico”.

Vogt lembrou que, se por um lado Brito Cruz contribuiu ao longo de sua carreira para a produção de conhecimento, por outro lado, é, em especial, um homem da ciência. “Com o DNA acadêmico da Unicamp, compartilha com a USP, que agora o homenageia, a excelência dos valores próprios de quem enxerga a ciência, a tecnologia, a inovação, o ensino e a aprendizagem como pilares do desenvolvimento socioeconômico de uma nação.”

O professor enfatizou que, graças a instituições como a USP e a pesquisadores como Brito Cruz, a ciência brasileira tem crescido nos últimos anos, chamando a atenção de centros internacionais. “A ciência, a universidade paulista e a pesquisa no Brasil têm se beneficiado do comprometimento de Brito Cruz com o serviço público e com a formação de uma sociedade mais rica, seja em termos econômicos, seja em termos sociais e culturais. Dessa forma, creio ser consenso o desejo mais sincero de que mais cientistas como Brito Cruz protagonizem a história da academia brasileira, alavancando o desenvolvimento com base nos princípios mais elevados do conhecimento e da educação.”

Após os pronunciamentos, todos foram surpreendidos por uma programação típica chinesa, com a dança de Weiping Dong, a apresentação de tai chi chuan de Daiana Kwai e a milenar dança do dragão, que, segundo a lenda, traz bom augúrio, poder e sabedoria.

Um grande mérito

A medalha Armando de Salles Oliveira é a mais alta honraria da USP. Destina-se a homenagear e reconhecer pessoas e instituições que contribuíram para a valorização institucional, cultural, social e acadêmica.

Criada em 2008, no âmbito das comemorações dos 75 anos da USP, sua concessão depende de aprovação pelo Conselho Universitário, a partir de propostas dos diversos órgãos e unidades universitárias.

Os primeiros homenageados pela medalha Armando de Salles Oliveira, em 2009, foram os ex-reitores da USP, de 1978 a 2005, Waldyr Muniz Oliva, Antonio Hélio Guerra Vieira, José Goldemberg, Roberto Leal Lobo e Silva Filho, Ruy Laurenti, Flávio Fava de Moraes, Jacques Marcovitch e Adolpho José Melfi. Receberam o reconhecimento durante as comemorações de 75 anos da USP. Em 2010, a condecorada foi a ex-reitora Suely Vilela. E, em 2011, o agraciado foi Celso Lafer, professor da Faculdade de Direito da USP e presidente da Fapesp. Em 2012, o indicado foi o professor Carlos Henrique de Brito Cruz.