Notícia

Gazeta Mercantil

A CASA ELETRÔNICA DO FUTURO

Publicado em 22 setembro 1995

Por POR VICTORIA GRIFFITH - DO FINANCIAL TIMES
Uma maçaneta da porta que reconhece o seu toque, uma enorme tela de televisão que se liga no seu programa favorito quando você vai entrando no quarto e um sistema de controle de temperatura que responde às necessidades individuais de seu corpo, são todos partes de um novo projeto do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) chamado de O Espaço Residencial do Futuro. Embora outros projetos tenham explorado a alta tecnologia futurista dos espaços residenciais, o modelo do MIT, segundo Michael Hawley, professor encarregado do projeto, será o primeiro a integrar os utensílios domésticos de utilização diária de uma série de fabricantes num cérebro doméstico central. E Hawley espera executar isso exclusivamente com tecnologia sem fio. "As pessoas compram as coisas para a sua casa separadamente - um estéreo numa loja, uma lâmpada numa loja de produtos de segunda mão", diz Hawley. "Os sistemas que oferecem uma casa pré-fabricada e pré-equipada com todos os utensílios domésticos vinculados a um computador são excelentes, mas não é assim que vivem muitas pessoas." As metas do projeto são triplas - aumentar a segurança, o conforto e a conveniência da existência cotidiana das pessoas. O espaço residencial futurista do MIT (parte do Media Lab da universidade) abrange uma ampla variedade de novas tecnologias, que engloba multimídia e comando de voz. Em breve, diz Hawley, a televisão começará a mostrar novos programas baseados num menu personalizado de interesses. O espectador irá simplesmente indicar alguns tópicos prioritários - como Espanha e futebol - e o computador vai selecionar os itens de interesse a partir de uma gama variada de fontes como a televisão, os jornais e os sistemas on-line. A tecnologia de comando de voz é a essência do projeto. Hawley tem como objetivo utilizar quase todos os utensílios domésticos da área - incluindo-se um liquidificador, um forno de microondas, computadores e luzes - ao som de uma palavra específica. O comando por gestos está sendo explorado também. "Nós queremos que você simplesmente levante a sua mão para desligar a televisão", diz Hawley. Hawley espera eventualmente incluir também o reconhecimento visual computadorizado. O espaço residencial do futuro do MIT é equipado com uma câmara centralizada - o "olho" da casa - que Hawley espera que um dia reconheça a pessoa exata que está entrando no quarto. "Dessa forma, quando você ouve o seu correio de voz, o computador saberia automaticamente que você é você e eliminaria as mensagens deixadas para a sua esposa", diz Hawley. O projeto já reuniu alguns excelentes elementos. Um piano antiquado que está no canto, por exemplo, poderá ensinar a alguém tocar ou fazer a interpretação de um concerto de Beethoven. As luzes se acendem quando alguém entra no quarto e se esmaecem quando alguém sai dele. Para melhorar a segurança doméstica, Hawley está planejando utilizar um chip de computador instalado nos pés de alguém. "A idéia é que esse alguém levaria esse minúsculo chip na sola do seu calçado de jogar tênis que a casa leria para saber que é você quem está entrando", explica. O professor quer até mesmo incluir um dispositivo de segurança para prevenir-se de que os sapatos caiam em mãos erradas. "Poderia haver um código de voz que você teria que pronunciar para ativar o dispositivo", diz ele. "Assim, se alguém roubar os sapatos e não souber o código, a casa irá negar o acesso dessa pessoa." Outra tecnologia sobre a qual Hawley está trabalhando é um monitor médico computadorizado - semelhante aos que utilizam os astronautas -, que transmitiria a temperatura do seu corpo e os níveis de estresse para o computador da casa. "Se você estiver voltando de um "jogging" e estiver aquecido, o ar condicionado cairia a níveis mais baixos", diz Hawley. "E se os seus níveis de estresse estiverem subindo, o quarto poderá diminuir ligeiramente a intensidade das luzes e diminuir o volume da música." Hawley admite que o seu plano de um "living" futurista poderá ter algumas inconveniências. Se a casa tiver mais de um morador, por exemplo, o computador poderá enfrentar momentos difíceis, para satisfazer as necessidades de ambos. Um membro da família, por exemplo, poderá estar sentindo calor, e outro poderá estar sentindo frio, no mesmo momento. O computador ou terá que dar prioridade a um morador, ou optar por um meio-termo feliz. Outra preocupação básica do projeto é a privacidade. Q sistema deverá estar a salvo de vazamento de informação para fora da casa. "Algumas pessoas, podem não gostar de ter as suas informações médicas armazenadas num computador", reconhece Hawley. "Isso poderá não ser um grande problema para uma residência, mas se quisermos levar essa tecnologia para o ambiente de um escritório, por exemplo, isso, certamente, suscitaria um dilema." Contudo, o professor do MIT acredita que o Espaço Residencial do Futuro renda unia série de importantes descobertas para melhorar a vida das pessoas. "Até mesmo se apenas partes do Espaço Residencial do Futuro forem adotadas pelo mercado, o projeto terá sido digno de valor", diz Hawley. "Não há registro sobre que tipos de economia de tempo e dispositivos, convenientes poderão advir disso."