Notícia

Guia de Educação a Distância

A aposta das públicas

Publicado em 01 setembro 2010

Universidades públicas, de forma independente ou ligada ao sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), têm apostado na educação a distância para expandir a oferta de vagas em graduações. O sistema UAB, por exemplo, já conta com 78 cursos de bacharelado, 307 licenciaturas e 14 cursos de tecnólogos oferecidos de forma gratuita em todo o país. A Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), programa do governo do Estado de São Paulo, é outra iniciativa neste setor. Pela Univesp, 1.350 alunos cursam Pedagogia de forma semi-presencial em 21 cidades do estado.

A Universidade Aberta do Brasil, maior programa público de oferta de graduação a distância, ao contrário do que o nome leva a crer, não é uma instituição de ensino superior. Ela consiste na articulação entre universidades estaduais, federais, Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifets) e poderes públicos estaduais e municipais para criar cursos superiores públicos de educação a distância em municípios onde não há oferta de formação superior ou cujas ofertas são insuficientes para atender à demanda da população. Dela fazem parte 91 instituições, com 782 poios espalhados pelo Brasil.

CRÉDITO PARA O PROFESSOR

A UAB foi lançada em 2005, pelo Ministério da Educação, e instituída por decreto de junho de 2006. Um de seus objetivos é aumentar a formação de professores para a educação básica. Por isso, o público em geral é atendido, mas os professores que atuam na educação básica têm prioridade de formação, seguidos dos dirigentes, gestores e trabalhadores em educação básica dos estados, municípios e do Distrito Federal.

Há duas formas para que o estudante ingresse no sistema UAB. Uma delas, destinada a qualquer candidato, segue o modelo clássico de seleção por vestibular organizado pela instituição que oferece a vaga. A segunda é destinada a professores da educação básica das redes públicas estadual ou municipal e faz parte do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica. Eles devem preencher dados da Plataforma Freire (http://freire.mec.gov.br), candidatar-se a um curso determinado e ser aprovados em processo seletivo específico. Apenas os cursos de licenciatura e de especialização para professores são ofertados nessa modalidade de ingresso.

MAIS VAGAS

Quase dez mil alunos já foram formados pelo Sistema UAB. Em 2007, foram oferecidas 18.607 vagas. Em 2008, esse número passou a 58.413 e, em 2009, a 110.134. Para este ano, a expectativa é de serem abertas cerca de 128 mil novas vagas, informou a assessoria de imprensa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Flávia Werneck, 29 anos, ocupa uma dessas vagas. Moradora de Rio das Ostras (RJ), ela cursa Pedagogia a distância pela UniRio e está no 5º período. Flávia, que é formada em Fonoaudiologia, decidiu fazer uma nova faculdade para complementar sua formação na área em que trabalha: o distúrbio de aprendizagem. Ela elogia a flexibilidade que o curso a distância permite. "Posso fazer meu próprio horário, o que é importante principalmente agora que tenho uma filha ainda bebê", diz. Flávia conta que estuda bem mais na graduação a distância do que precisou estudar na graduação presencial. "A presencial tinha uma forma de ensino mais "mastigada", no curso a distância preciso correr mais atrás para aprender. Só consegue terminar quem está mesmo a fim de estudar", diz Flávia.

O lado ruim, segundo ela, é ficar muito sozinha. "Quando tenho dúvidas, por mais que eu possa ligar para um telefone 0800 ou conversar pela internet, sinto falta de ouvir a explicação frente a frente", diz Flávia. Ela ameniza essa situação indo ao polo de apoio presencial, onde encontra os tutores e outros alunos que cursam a mesma graduação.

NAS ESTADUAIS

Nem todo curso de graduação a distância público faz parte do Sistema UAB. Há iniciativas paralelas de educação a distância oferecidas de forma independente do sistema UAB por universidades federais e estaduais. A Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) é um desses exemplos. Programa do governo do Estado de São Paulo, por meio de sua Secretaria de Ensino Superior, criado por decreto de outubro de 2008, ela surgiu em parceria com as três universidades paulistas - USP, Unicamp e Unesp - e com o Centro Paula Souza, e ainda agrega outras instituições, entre elas a Fundação Padre Anchieta, a Fapesp e a Fundap.

Nos cursos ofertados pela Univesp, os projetos acadêmicos e os conteúdos são formulados pelas universidades que os propõem. Também são as universidades que ficam responsáveis pelo processo de seleção para o ingresso dos estudantes.

As aulas do primeiro curso de graduação da Univesp, o curso semipresencial de Pegadogia, oferecido em parceria com a Unesp, foram iniciadas em março deste ano. Foram criadas 1.350 vagas em 21 cidades do Estado de São Paulo, que representaram um aumento de 21% no total de vagas de todos os cursos de graduação da Unesp e 6,5% com relação ao total de cursos de graduação das três universidades estaduais paulistas.

De acordo com a Secretaria de Ensino Superior do Estado de São Paulo, no segundo semestre de 2010 o Centro Paula Souza oferece 3.200 vagas no curso de graduação semipresencial de Tecnologia em Processos Gerenciais. Também estão em desenvolvimento os cursos de Museologia pelo Centro Paula Souza e o curso de Gestão Documental com o Arquivo Público do Estado/Casa Civil do Governo do Estado. (P.P)